Napoleão | CRÍTICA

Fomos convidados para a exibição antecipada do filme “Napoleão”, dirigido por Ridley Scott com roteiro de David Scarpa.

O longa retrata os acontecimentos que levaram Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix), um simples oficial de artilharia do exército francês, a ascensão como imperador. Mais do que biográfico ou histórico, o filme se desdobra de forma dramática através da exposição de um aspecto valioso na vida de Napoleão: seu conturbado casamento com Josephine (Vanessa Kirby). Perante tantas batalhas vitoriosas, a única na qual Napoleão não conseguia êxito estava dentro de sua casa: enquanto Napoleão alcançava a glória de inúmeras vitórias através de suas táticas, Josephine se aventurava com outros homens.

O que possivelmente marca o filme como uma produção grandiosa está em sua narrativa. O desenrolar das cenas deixa evidente a preocupação existente em entregar ao público mais do que aquilo que já era conhecido sobre Napoleão. Há uma boa carga de drama, romance e um roteiro que rende cenas que beiram, de forma ácida, o humor. Dessa forma, Ridley Scott conduziu uma trama que mescla fatos históricos e ficção de forma a imergir completamente o espectador a cada momento do filme.

O filme deixa algumas pontas soltas, mas não o suficiente para afetar consideravelmente a compreensão do público acerca do longa: o filme pode pecar em volume de fatos, mas a execução do que é retratado é impecável. Por isso, uma versão estendida com duração aproximada de quatro horas será disponibilizada em streaming. Partes conhecidas da história de Napoleão não foram apresentadas no filme, o que nos leva a uma grande expectativa pela disponibilização de sua versão estendida.

Visualmente, Napoleão não deixa a desejar. Apesar da obscuridade de algumas cenas tornar difícil a identificação dos acontecimentos, acredito que tal efeito tenha sido usado de forma proposital, visando retratar de forma realista o cenário de guerra em ambientes obscuros. É impressionante, inclusive, a transição existente em diferentes ambientações que o filme percorre: do frio congelante e acinzentado para o calor árido e ensolarado, das guerras brutais e sangrentas para o luxo dos mais requintados palácios. Além disso, os efeitos são inseridos de forma brilhante: não se notam falhas ou desleixo, o que deixa até as cenas mais violentas extremamente realistas desde o início, quando a execução de Maria Antonieta na guilhotina choca o espectador. E a cereja do bolo é acrescentada através do figurino absolutamente adequado ao período retratado, além de impecavelmente construído.

Outro destaque extremamente positivo que não poderia deixar de ser mencionado está na brilhante atuação de Joaquin Phoenix como Napoleão Bonaparte, bem como de Vanessa Kirby como Josephine. Joaquim nos entrega uma expressividade quase perturbadora, ao ponto de poder se tornar caricato sob o ponto de vista de parte do público. Ainda assim, daria o destaque para Vanessa Kirby. Vanessa entrega exatamente o que se espera para a interpretação de Josephine, trazendo a tela a dose certa de mistério, sensualidade e drama. Seu longo tempo de tela é merecido, pois ela entrega uma atuação marcante que com certeza lhe renderá premiações.

 “Napoleão” é, sem dúvidas, um filme marcante. Ele traz muito mais que uma representação histórica, uma vez que parece transportar o público para a França de Napoleão, bem como por todas as suas batalhas pela Europa. Possivelmente, não irá agradar aos mais afeiçoados ou especializados em história, caso estes esperem por uma retratação extensa e fidedigna que se atente puramente ao teor histórico da vida de Napoleão Bonaparte. Porém, para o público geral, “Napoleão” é o equilíbrio perfeito de fatos e ficção, entregue através de batalhas sangrentas, relações conturbadas e um período revolucionário caótico que leva a glória (e a queda) de um homem destemido e impiedoso, que encontra sua fraqueza em seu doloroso casamento.

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