MacBeth: Ambição e Guerra – Crítica

MacBeth: Ambição e Guerra é a oitava adaptação (para cinema e TV somadas) da famosa obra de William Shakespeare que conta a trajetória da ascenção do lorde escocês MacBeth ao trono da Escócia.

Dirigido por Justin Kurzel (de Snowtown e do vindouro Assassin’s Creed) neste filme temos Michael Fassbender como MacBeth e Marion Cotillard interpretando sua esposa.

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Li alguns trechos da peça de Shakespeare há muitos anos, no colégio, e me lembro muito pouco, mas algo é claro: esta adaptação ignora o crescimento de MacBeth como homem, guerreiro e líder escocês e isso faz muita falta.

Essa falta de desenvolvimento causa no espectador uma ausência de empatia que é crucial para que acreditemos nas ações do personagem e possamos sentir por ele quando sofre por algumas de suas perdas.

Fassbender é um bom ator, mas parece que ele não se esforça para transparecer as dores, anseios, desejos e a loucura do lorde, ou talvez tenha sido muito pouco guiado pelo não tão experiente diretor e assumido algumas liberdades criativas que simplesmente não funcionam.

Independentemente do motivo, quando o personagem principal é tratado mal, dificilmente o que está em sua volta conseguirá sustentar a obra.

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Cotillard se sai melhor que Fassbender em sua interpretação bastante emotiva e um tanto alucinada, mesmo com uma personagem que parece estar deslocada do contexto e algumas cenas parecem um tanto jogadas e beiram à falta de sentido.

Com certeza os pontos altos do filme são quando ela está em cena, principalmente naquela que determina a virada da peça, tanto para a estória quanto para as características e ações dos personagens.

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A fotografia do filme me agradou, mesmo sendo um tanto escura, mas está longe de ser muito acima da média.

A varaição entre tons quentes (laranja e vermelho) e tons frios (azul e cinza) consegue complementar bem algumas cenas importantes, inclusive tentando dar um peso maior ao sentimento e ações dos personagens.

Outro item que encaixou bem nas cenas foi a trilha sonora. Baseada em cordas ela transfere ao espectador uma angústia e um desconforto, mesmo quando os demais elementos em cena falham.

Há também a entrada pontual de instrumentos percursivos que transmitem um pouco da raiva dos personagens.

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Apesar de ser uma estória muito interessante o filme não consegue manter o espectador atento a ela, abusando de um ritmo lento em excesso que implica em tédio, e muito provavelmente, sono.

Se você conhece e gosta da estória de MacBeth, talvez não seja a melhor adaptação da obra, mas há pontos interessantes para discutir, como a utilização dos sotaques escocês e inglês de acordo com os personagens e a utilização de uma linguagem mais teatral em algumas cenas em ambiente fechado.

Se você não conhece e quer conhecer, tenha em mente que este filme vai deixar diversas lacunas na formação dos personagens e construção das situações e pode ser mais indicado optar por alguma das outras adaptações anteriores ou ir direto à fonte.

MacBeth: Ambição e Guerra estréia dia 24 de dezembro e é distribuído pela Diamond Films.

Trailer: