Horas Decisivas – Crítica

Dirigido por Craig Gillespie (do remake de A Hora do Espanto), Horas Decisivas traz para o cinema a adaptação da história de resgate de tripulantes de um navio tanque que fora partido ao meio por uma tempestade no início de 1952.

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Chris Pine interpreta Bernie Webber, um oficial da Guarda Costeira traumatizado por um resgate mal sucedido que está tentando colocar sua vida nos trilhos, ao ir conhecer Miriam (Holliday Grainger), uma garota com quem se corresponde a distância.

O início do filme mostra a construção desta relação, sendo apresentadas algumas características dos personagens, como a corretude de Bernie em seguir as regras e os contrapontos de Miriam à sociedade da década de 1950, tendo uma postura firme quanto a suas idéias e se posicionando contra os costumes da época que definiam a mulher como submissa e contra o comando da Guarda Costeira quando considerou necessário proteger Bernie em determinado momento. Sua posição contrária à sociedade fica ainda mais clara quando em um baile ela pede Bernie em casamento e gera piadinhas de diversos colegas dele que acham aquilo estranho.

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O acidente com as embarcações é apresentado em seguida, em uma sequencia de situações que deveriam ser tensas mas são apenas estranhas e a construção da surpresa da quebra do navio tanque em dois é simplesmente desperdiçada. Esta falha em entregar cenas que nos fizessem acreditar no perigo ou no drama dos personagens se mantém ao longo do filme e é o maior problema de Horas Decisivas.

Os tripulantes da parte traseira do navio tem a sorte de contar com o motor e portanto poderem agir para se salvarem. Nas conversas entre eles somos apresentados aos diversos problemas do barco e como deveriam agir para ganharem tempo e o diretor deixa claro qual o mecanismo de bomba relógio ao filmar repetidas vezes a entrada de ar do motor.

A medida que a quantidade de água no navio aumentava, ela ficaria mais próxima da boca dos tubos de ar e caso ela entrasse, o motor não mais funcionaria. Seria um incremento de tensão, mas, novamente, não funciona.

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Bernie havia se deslocado ao escritório para pedir permissão de casamento ao oficial superior, já que assim ditava a boa conduta da Guarda Costeira, mas em diversas tentativas de conversar com o superior, falhou.

Para o resgate, Bernie fora escalado como capitão e deveria tentar o impossível, já que nas condições climáticas agressivas daquela noite seria extremamente arriscado sair da baía e passar pelo baixio (área de profundidade baixíssima). Suas ordens eram de que tentasse sair para efetuar o resgate e como bom seguidor de ordens e dos regulamentos, ele tentaria, mesmo arriscando sua vida e de seus colegas de Guarda Costeira.

Antes de sair para a missão ele liga para Miriam e ela entende que ele teria que se arriscar e vai até o escritório, chegando atrasada e confrontando os colegas e o superior de Bernie.

A partir deste momento acompanhamos três arcos, a tentativa de Bernie em chegar ao navio tanque, a luta pela sobrevivência dos tripulantes e a interação de Miriam com a sociedade e famílias dos demais guardas costeiros.

The Finest Hours

Durante todo o filme são apresentadas situações nas quais seriam aplicados clichês e na maioria das vezes são aplicados, havendo um ou outro momento no qual acontece algo que escape destes clichês. Mesmo assim, a sensação de estar assistindo algo já visto antes sobressai pela incapacidade de se dar valor a essas quebras.

Esta sensação de incapacidade persiste quando vemos repetidas vezes os tubos de entrada de ar do motor e ficando impossível notar qualquer diferença no nível d’água, exceto quando o diretor queria fazer avançar a história e fazia subir palmos e palmos de água de uma vez. E também na cena final, que comentarei logo mais.

A trilha sonora de Carter Burwell (Bravura Indômita, Quero Ser John Malkovich) é outro item técnico que não funciona como deveria. Por exemplo, nas cenas que mostram Bernie e a tripulação lutando contra as violentas e gigantes ondas a música parece não ter sincronia com os acontecimentos e me tiravam atenção diversas vezes.

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Ao final, quando a população da cidade costeira está torcendo pelo retorno dos tripulantes, toda a construção da personagem de Miriam é jogada fora ao não mostrá-la ao espectador como parte importante do momento final, parecendo que tudo segue ordens do acaso.

Ao final das quase duas horas de filme fica a sensação de que se fossem cortados vinte ou trinta minutos de filme a tensão teria sido melhor construída e entregue e o desfecho teria mais peso e relevância.

Horas Decisivas chega aos cinemas brasileiros em 18 de fevereiro.

Trailer:
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