Deadpool – Crítica

Deadpool foi criado em 1991 por Rob Liefeld e Fabian Nicieza, aparecendo pela primeira vez na revista Novos Mutantes como um vilão e posteriormente transformado em um anti-herói.

O personagem tem a tendência de falar mais que a boca e quebrar a quarta parede, o que normalmente é utilizado pelos autores para fazer piadas mais agressivas e adultas. É esta segunda características que chama mais atenção e ocorre por Wade Winston Wilson, o Deadpool, ser um tanto maluco e saber que é um personagem fictício.

[NOTA] Quebrar a quarta parede é uma técnica criada no teatro na qual os atores falam diretamente para a platéia. É chamada quarta parede, pois os cenários no teatro possuem apenas três paredes (fundo e laterais) e a quarta parede é invisível, já que a plateia precisa ver o que está acontecendo.

Mas estamos aqui para falar de cinema, então vou me ater à pauta.

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Antes deste filme de 2016, Deadpool foi muito mal representado no terrível longa metragem X-Men Origens: Wolverine, e apesar de apresentarem Wade como falastão antes de sua transformação essa característica foi removida imediatamente e a alma do personagem foi perdida.

Ryan Reynolds interpretou Deadpool na catastrofe de 2009 e desde então esteve cotado para reviver o personagem em um filme solo, o que seria oficializado pela FOX em 2014, com o vazamento de alguns testes técnicos que empolgaram o público.

Como muitos filmes com hype elevado, Deadpool causava um misto de esperança e medo e para não deixar você, leitor, mais tenso, saiba que o filme é bom, muito bom!

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O sorriso e as risadas aparecem logo na abertura. Nela é mostrada uma cena congelada e a câmera vai navegando por ela enquanto são exibidos os créditos iniciais. Cada nome creditado é seguido imediatamente por um comentário engraçadinho e a câmera foca em ângulos do personagem que geram ainda mais risadas.

Ao descongelar a cena vem a pancadaria e a confiança do público é restaurada, com o misto de ação exagerada, piadas visuais e nas falas e a quebra da quarta parede!

Quebrar a quarta parede não é algo fácil de ser implementado, basta ver a freqüência com que é utilizada. Para quem viu House of Cards é fácil notar a dificuldade na execução desta técnica, já que, mesmo sendo característica obrigatória do personagem Frank, alguns diretores e roteiristas conseguem fazer essa interação ser forçada em alguns episódios. Parabéns ao diretor Tim Miller e aos roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick.

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Por ser um filme de origem, há também o risco de torná-lo enfadonho, ao tentar contar todo o drama do personagem primeiro para depois seguir apenas na pancadaria. Este problema não ocorre em Deadpool, já que optaram pela alternância entre presente e passado, encaixando os flashbacks na medida que foi necessário e entregando as informações nas horas certas. E o melhor desses flashback é serem anunciados pelo personagem, quebrando a quarta parede.

Estou me repetindo ao citar a quebra da quarta parede, mas é algo vital para o personagem e para este filme e quando você assistir, vai entender.

Se o filme fosse montado em ordem cronológica, provavelmente poderíamos dividí-lo nos seguintes três atos: apresentação e romance de Wade, o drama de sua doença e tratamento e finalmente a resolução dos problemas apresentados. E ficaria óbvio e previsível, mas Deadpool não é óbvio tão pouco previsível.

A alternância entre romance, drama e ação é tão equilibrada que podemos sentir cada emoção sem sermos anestesiados pelo excesso, principalmente quando entramos na parte dramática e na explicação dos poderes de Wade e do sofrimento pelo qual passa.

Você pode estar se perguntando: Este não é um filme da Marvel? Então cadê a diversão? E as milhares de referências ao universo dos quadrinhos?

Acalme-se.

Este é um filme do universo X-Men, então pode ficar tranquilo que eles serão devidamente citados, referenciados e mostrados em tela.

Há até referências a heróis cujos direitos não pertencem à FOX ou sequer à Marvel.

A diversão está nessas diversas referências, nas cenas de ação muito bem produzidas e coreografadas, nas diversas piadas feitas por Wade e também no fato de não se levar a sério, pelo menos não além do necessário para o drama do personagem.

E o Ryan Reynolds?

Ele finalmente achou o seu caminho dentro dos filmes de herói, fazendo um papel muito interessante, com uma atuação competente e cativante.

Os atores coadjuvantes completam muito bem as cenas e o par romântico de Wade, Vanessa (Morena Baccarin) é igualmente interessante e completa muito bem a personalidade louca dele.

Para não segurá-lo mais tempo na frente da tela, dois avisos: apesar de no Brasil estar marcado como censura 16 anos, este filme contém uma linguagem bastante adulta, então se você vai levar um adolescente, leve isso em consideração.

O segundo aviso é: fique até o último minuto dos créditos, pois tem uma cena extra simples mas bacana e engraçada que também contém um gancho para continuação.

Deadpool estréia dia 12 de fevereiro nos cinemas e você deve prestigiar, pois é mais um dos grandes acertos nesta montanha de filmes baseados em quadrinhos.

Trailer (que mostra coisa demais)
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