A Grande Aposta – Crítica

Em 2008 a bolha imobiliária americana estourou causando uma crise econômica que afetou o mundo inteiro, pegando a população de surpresa. Como todo evento dessas proporções, houve aqueles que a anteviram, se precaveram e, como resultado, assumiram um risco que lhes trouxe lucro igualmente grande.

A Grande Aposta nos apresenta a história de como esses poucos foram na contra-mão dos demais investidores e tenta mostrar para o espectador como o mercado imobiliário funcionava, e ainda funciona, nos Estados Unidos.

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Economia não é matéria simples e seus conceitos básicos são pouco ensinados, ou seja, explicar o que estava acontecendo para um público que não entende do assunto não era trivial. A Grande Aposta transforma o que poderia ser uma pedra no sapato em trunfo narrativo e o faz quebrando a quarta parede e falando diretamente com o espectador e transitar da linguagem técnica para uma mais casual permitindo um respiro de tantos termos técnicos.

Chamar este longa de brilhante pode ser um exagero para sua definição como filme, contudo é uma definição perfeita para luz que ele joga sobre o tema e permite que o espectador enxergue as nuances do problema.

A forma que a história é contada é excelente e mesmo parecendo quebrada no início, até que todos os personagens estejam interligados, ela mantém o espectador atento, informado e entretido. As doses de drama e humor vão sendo aplicadas conforme necessário e assim o terceiro ato pode focar no tamanho do problema e mostrar a dura realidade daqueles que perderam empregos e casas.

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Christian Bale se transforma, novamente, para interpretar o gênio do mercado financeiro Michael Burry. Cada cena é entregue na medida certa para mostrar uma imagem quase segregada do mundo real, exibindo um ar de superioridade, a angústia e a preocupação de Michael em ver seu plano dar certo.

Steve Carell e Brad Pitt também entregam boas atuações nos papeis de Mark Baum e Ben Rickert, respectivamente. Ambos interpretando personagens que carregam pesos nas costas, mas que tomaram rumos diferentes na vida.

Mark sofre por um trauma familiar que o isola e reflete em atitudes mais explosivas, agressivas e invasivas, enquanto se afoga no trabalho para distrair sua atenção da dor e a atuação de Carell permite ao espectador se aproximar do filme e sentir o drama não apenas de Mark, mas também o de todos os afetados pela loucura do mercado financeiro.

Em contraparte, Ben é uma pessoa que após trabalhar por muito tempo neste mercado e ver o lado sujo dele, se afasta completamente e passa a viver distante das tecnologias e de qualquer atividade que chame muita atenção. É um personagem mais enigmático e paranoico e que estabelece uma barreira e um distanciamento, tanto entre ele e os demais personagens quanto em relação ao espectador.

É de Ben que parte o diálogo mais impactante do filme e que coloca tudo sob uma outra perspectiva.

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Recomendo que assista A Grande Aposta o quanto antes, não por ser bom tecnicamente ou pelas boas atuações, mas por acrescentar ao conhecimento sobre o que acontece no mundo e melhorar o entendimento sobre algo tão complexo quanto o mercado imobiliário e as especulações que giram em torno dele e ainda fazer isso de forma interessante e até quando possível, divertida.

Trailer:
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