Uncharted 4: A Thief’s End – Review

A Naughty Dog conquistou ao longo dos anos seu lugar junto as grandes empresas desenvolvedoras de jogos de videogames, tem uma grande história de tempos atrás já e seus últimos lançamentos como os três primeiros jogos da série Uncharted e o mais recente The Last of Us só firmaram de vez a empresa na história. Com o lançamento do Uncharted 4 a expectativa era alta, muito alta! Pois é um jogo exclusivo de uma franquia carro chefe da Sony, além disso é o jogo a seguir o sucesso de público e crítica do The Last of Us. Toda a carga dramática, peso narrativo e ambiente muito bem criado com personagens muito reais e críveis do The Last of Us era esperado aqui, um legado que seja disso na sequência do nosso querido Nathan Drake.

Toda a expectativa e a espera devido aos atrasos de lançamento que o jogo teve foi muito bem correspondida com mais um trabalho excepcional dessa empresa que vem a cada dia mais crescendo, é incrível como a empresa consegue evoluir tecnicamente e em seus conceitos de design a cada jogo. Houve-se muito temor quanto a história do jogo devido a saída da Naughty Dog da roteirista Amy Henning durante a fase inicial de produção do game, ela tinha sido responsável pelo roteiro dos três primeiros jogos da série. Logo depois disso Bruce Straley e Neil Druckmann que dirigiram The Last of Us juntos foram apresentados como os diretores do Uncharted 4: A Thief’s End, com isso as expectativas foram subindo novamente. A evolução da fórmula Uncharted com elementos narrativos e dramáticos do The Last of Us é algo que ficou muito bom nesse jogo, este é o melhor roteiro da série sem dúvidas. “Um fim de um ladrão” é o subtítulo do jogo para esse que veio para encerrar as aventuras de Drake e seus amigos, ou pelo menos pela Naughty Dog da forma que conhecemos, e encerra de forma muito satisfatória e respeitosa com os fãs da série.

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Somos apresentados nesse jogo a um novo personagem, Sam Drake, o irmão mais velho de Nathan nunca antes mencionado nos outros jogos mas que é apresentado de uma forma justa e que faz sentido na história. Sam assim como o Nathan também procura tesouros perdidos do passado, até mesmo de forma obsessiva, obsessão que é mais uma vez um tema abordado na série assim como foi no Uncharted 3. Outro tema abordado pela história é família, onde Nathan tem o seu irmão do passado e a sua caça a um tesouro pirata antigo e também o lado da sua esposa Elena, onde tenta se dedicar a ela e ter uma vida de um casal normal. Todos os personagens são muito bem trabalhados e interpretados/dublados por excelentes atores, Nolan North mais uma vez como Nathan Drake, Emily Rose de novo como Elena e agora o grande Troy Baker como Sam.

Os irmãos Drakes partem em busca do maior tesouro pirata de todos os tempos, um tesouro estimado em 400 milhões de dólares acumulado pelo pirata Henry Avery e escondido em algum lugar do mundo. Sully também retorna ao game para ajudar Nathan nessa busca que envolve muitas coisas em jogo para a vida pessoal de Nathan, não entrarei em mais detalhes para não dar spoilers sobre a grande história e reviravoltas que o game te traz. Toda a história envolvendo o mistério dos piratas vai escalando de forma muito cativante e interessante, é muito bem contada e ilustrada nos vários cenários visitados nessa caça ao tesouro. Mais uma vez o jogo conta com aquele clima de exploração e aventura que conhecemos, mas com personagens e diálogos fantásticos e mais aprofundados como nunca na série antes. Chegamos a um local, exploramos, pulamos para lá e para cá, resolvemos puzzles e por fim pegamos uma outra pista que nos leva a outro local e assim seguindo com o jogo, algo que já estamos acostumados na série.

O jovem Nathan e seu irmão mais velho Sam.
O jovem Nathan e seu irmão mais velho Sam.

 

Os locais do jogo são um espetáculo a parte, pois esse é um dos jogos mais bonitos já feitos até o momento, é muito impressionante o nível de detalhe gráfico que o jogo consegue reproduzir dentro de um Playstation 4. Lama no chão, água da chuva escorrendo das pedras, ventos nas árvores, uma roupa suada ou suja de terra, tudo é muito detalhado e impressionante. As expressões facias dos personagens é outra coisa reproduzida como nunca antes nos video games, é algo tão natural e bem feito que te faz acreditar que esses personagens poderiam ser pessoas como você, os olhos são tão expressivos que conseguem dizer muita coisa do que os personagens estão pensando. Todo esse mérito técnico não valeria de nada se não fosse pela grande direção de arte do jogo, cada planta, cada pedra foi cuidadosamente colocada em cada pedaço do jogo, os cenários te deixam boquiaberto em muitos momentos, acredite, você irá parar várias vezes apenas para observar o cenário e tirar screenshots do game, inclusive o jogo possui um “modo de fotografia” muito legal.

Devido a esses grandes cenários e muito bem montados, temos algumas áreas grandes e abertas, simulando algo como um open world apesar do jogo ser linear, ele possui essas grandes áreas que te estimulam a explorar e a escalar ou descobrir segredos como os tesouros colecionáveis ou as anotações do diário de aventura do Nate, que mais uma vez retornou para te dar background da história e também te auxiliar em puzzles. Nessas grandes áreas temos a adição dos veículos, um carro 4×4 e também um barco em outro momento, ambos muito bem utilizados e inseridos na jogabilidade do jogo. É muito fluido o controle do veículo, você continua jogando o jogo como está acostumado sem estranhar, fazendo partes de plataforma e até puzzle com o veículo utilizando do guincho que ele possui.

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Pular, explorar e escalar no jogo ficou muito mais interessante e fluido agora, a mecânica do personagem se esticar para alcançar partes mais altas durante a escalada tornou mais real os movimentos. Outras adições que inovaram o jogo foi a corda que é utilizada para se pendurar ou escalar algumas seções e também o “prego de escalada” que agora pode ser usado para escalar algumas paredes específicas durante o jogo. Você também acompanha seu parceiro NPC para subir alguns lugares altos dando a mão a ele ou fazendo um puzzle como empurrar uma caixa ou ativar uma alavanca para abrir um caminho.

A parte de shooter do jogo continua ali e divertida, ainda é a mesma essência de cobertura e atirar, porém agora muitas dessas coberturas são destruídas pelos inimigos atirando, uma caixa que vai se quebrando por exemplo, isso obriga o jogador a estar sempre se movimentando no campo de batalha e testando coisas novas. O jogo também possui menos segmentos de batalhas do que os outros jogos, mas essas novas “arenas” de combate agora estão mais bem distribuídas e mais orgâncias, são maiores e muito verticais também, aumentando assim a diversidade e o jeito de se enfrentar um combate. Outro elemento que foi repensado e agora está muito mais funcional é o sistema de stealth, você pode marcar inimigos e acompanhar uma “barra de atenção” sobre as suas cabeças que mostram se estão alertas ou distraídos a sua presença, um problema em relação a isso é que quando um inimigo te avista, imediatamente todos os outros inimigos estão cientes da sua presença e da sua localização, o que atrapalha a aproximação furtiva e tira um pouco da imersão do jogo. O combate físico também foi melhorado, muitas vezes interagindo com o contexto do ambiente, por exemplo se estiver próximo a uma parede, Nathan baterá o oponente contra a parede ou o jogará em um abismo se for o caso, além disso em muitas vezes você e seu companheiro NPC no momento podem se ajudar e realizar ataques em dupla.

Utilização da corda, novo elemento do jogo.
Utilização da corda, novo elemento do jogo.

 

A ação e a direção cinematográfica das cenas continuam muito boas, com câmeras e sequências de ação super empolgantes e bem dirigidas. Em vários momentos você se vê aflito e vibrante com o que você está vendo e fazendo acontecer ali na tela, você irá se surpreender muitas vezes com esse jogo. Apesar de toda a ação o jogo possui momentos muito sensatos, muito intimistas na relação desses personagens que acompanhamos há tanto tempo, têm momentos mais calmos e que te passam sentimentos e mensagens sobre aquilo que está acontecendo. O vilão da história é muito interessante, as motivações de cada personagem muito claras e o desenvolvimento de cada um também muito bem feito. O final do jogo é algo muito gratificante e feito com muito carinho por toda a equipe, é um jogo que deixará muita saudade, mas uma boa lembrança de uma série primorosa com personagens memoráveis. Há muito fan service e easter eggs no jogo, vale a pena explorar e relembrar os outros jogos neles, apesar disso tudo o jogo consegue cumprir bem o papel de explicar o passado desses personagens e em apresentar uma nova história para novos jogadores da franquia Uncharted que não tiveram contato direito antes com a série. Uma ressalva quanto ao jogo, o último ato do jogo pode ser considerado um tanto longo para algumas pessoas, tem uma sequência em cavernas com armadilhas próxima ao final do jogo que é feita de forma não tão caprichada quanto outras partes do jogo, talvez pela necessidade de inserir-se elementos diferentes na aventura ou correr com prazo de entrega.

O modo online dele também é bem divertido, com arenas multiplayer em mapas bem elaborados, você consegue skins e opções de habilidades diferentes para utilizar em seu personagem, podendo customizar e utilizar até habilidades místicas que trazem ao jogo elementos mais complexos do que o simples tiroteio mata-mata. Além do multiplayer e dos desbloqueáveis para o modo online há também modos de jogo mais difíceis e conteúdo extra para o jogo, como filtros de imagem (até mesmo um modo cell shading) ou modificadores da voz dos personagens (personagens com voz de gás hélio), coisas divertidas que aumentam o fator replay do jogo

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Uncharted 4: A Thief’s End é uma excelente conclusão a esta grande saga da história dos videgames, cada personagem tem seu desfecho de forma muito satisfatória, agrada a fãs e a novos jogadores na série. Traz uma história como nunca vista antes na série e também faz com muita competência e inovação aqueles outros elementos que caracterizam a série como conhecemos. É um jogo obrigatório para os donos de Playstation 4, um exclusivo de peso e com certeza um jogo que será muito lembrado no futuro. O jogo pode não ser um excelente shooter, não ter uma plataforma excepcional ou uma história primorosa, mas é a soma das partes junto ao carisma desses personagens tão bem construídos e tudo feito com muito amor pela Naughty Dog que faz de Uncharted 4 um jogo único.

Escute nosso podcast gravado sobre a história e jogos da Naughty Dog:
http://meialua.gamehall.uol.com.br/meialuacast-064-obras-da-naughty-dog/
Assista ao trailer de lançamento do jogo:
[su_youtube url=”https://www.youtube.com/watch?v=moJkK30LpmU” width=”1280″ height=”720″]https://www.youtube.com/watch?v=-1uKij5UWvw [/su_youtube]

One thought on “Uncharted 4: A Thief’s End – Review

  • 30/05/2016 em 21:45
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    Ótimo Review, fechei o game e ja estou com saudades de jogar.. Uma coisa a lembrar é a trilha sonora… demais! abraço

Fechado para comentários.