The Callisto Protocol | Análise

The Callisto Protocol gerou um hype absurdo desde o seu anúncio, com a promessa de resgatar o sentimento gerado pelo saudoso Dead Space, uma vez que os responsáveis pelo jogo de terror da EA estão à frente do projeto.

Nós do Meia-Lua conseguimos acesso ao jogo graças ao envio da chave pela equipe da Striking Distance Studios e vamos discorrer um pouco sobre o mesmo. Ele cumpre o que promete? Faz jus a Dead Space? Vamos lá!

Uma boa história, mas nada surpreendente

Ao iniciar The Callisto Protocol somos apresentados a Jacob Lee, o protagonista do jogo, que ganha a vida realizando transporte de cargas pelo espaço sem fazer perguntas, junto de seu parceiro Max.

Durante um trabalho que Jacob garante ser o último, sua nave é invadida e ele arranca a parte traseira desta, com o intuito de jogar para fora os visitantes indesejados.

Obviamente as coisas não correm como esperado. Max acaba morrendo e Jacob, junto de Dani Nakamura, que estava por trás da invasão, vão parar na prisão Black Iron.

Não demora muito para que tudo comece a ir de mal a pior. Jacob, após ter um dispositivo inserido em seu pescoço, acorda na sua cela em meio ao caos.

Todos os presos começaram a se transformar em criaturas horrendas que matam tudo o que encontram pela frente e cabe a nós, jogadores, no controle de Jacob, fugir dali e desvendar a verdade por trás de todas as criaturas presentes nesta instalação de segurança máxima.

O enredo entregue em The Callisto Protocol é interessante, gera curiosidade e serve como um guia a todo momento, já que ficamos instigados em descobrir o que aconteceu ali e por que todas as pessoas viraram monstros.

No entanto, não espere reviravoltas mirabolantes ou plot twists. A história, em alguns momentos, é previsível e o ato final sem dúvida bebeu da fonte de Resident Evil.

Gráficos impressionantes

O ponto mais alto de The Callisto Protocol são seus gráficos. Ao rodar o jogo no modo desempenho do Playstation 5, o mesmo apresenta ambientações lindíssimas e esse nível de realismo é capaz de criar uma atmosfera tensa, seja pelos locais escuros que causam claustrofobia ou pelos monstros que ficam extremamente grotescos graças ao nível de detalhes.

O modelo dos personagens humanos também não deixa a desejar, desde Jacob até os mais secundários, foram muito bem feitos.

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As cutscenes captam bem as expressões faciais de cada um, deixando bem nítido a emoção expressada tanto nos momentos mais intensos quanto nos mais amenos.

As animações de morte recebem um peso adicional graças ao realismo incrível que o game apresenta, nos deixando chocados com o nível de gore.

Um gameplay realista, mas problemático

No primeiro combate contra os monstros em The Callisto Protocol, fica evidente a intenção da Striking Distance Studios de tornar a experiência mais realista.

A ideia em si é muito boa, no entanto não foi bem executada em diversos aspectos.

As lutas corpo a corpo inicialmente são bem interessantes, pois sentimos o peso das investidas de Jacob nos inimigos, apesar de travada em alguns momentos. Porém, além do ataque, precisamos nos defender das criaturas, desviar de seus golpes, e é aí que começam os problemas do jogo.

Apesar de simples em sua essência, a esquiva de Jacob nem sempre funciona como deveria. Mesmo colocando o analógico na direção certa, muitas vezes a porrada dos monstros acerta o personagem e causa um dano considerável, mesmo jogando no modo normal.

Perdi a conta de quantas vezes me vi frustrado ao executar a esquiva corretamente e receber o golpe ainda assim.

As primeiras horas do jogo exigem uma boa paciência por parte do jogador, no entanto as coisas melhoram à medida que adquirimos novos equipamentos e armas.

Mas os problemas não param por aí. Mesmo com um arsenal razoável, por diversas vezes precisamos adotar o combate corpo a corpo, o stealth e a bendita esquiva, visto que a munição pode acabar num piscar de olhos devido a resistência absurda dos inimigos.

Me frustrei bastante com o menu de armas, que é acessado apertando o botão direito do D-pad no Dual Sense. O hud tem um delay problemático e às vezes, ao escolher rapidamente a arma que precisamos em um momento de tensão, a seleção não é precisa e o personagem pega uma arma diferente. Morri algumas vezes por conta disso!

A animação ao usar o injetor de cura poderia ser bem mais ágil. Em algumas lutas, principalmente contra o boss final, eu simplesmente não conseguia me curar.

Senti falta do quick turn (giro rápido) para fugir de situações mais rapidamente e não contar apenas com o giro da câmera de Jacob, que não é lá muito veloz.

O uso do GAR nem sempre é preciso ao tentar puxar objetos que estão próximos dos inimigos. Em diversos momentos, ao mirar em uma caixa ou cilindro explosivo, acabei puxando o monstro, gastando a energia da manopla.

Existe uma série de problemas que geram momentos frustrantes, e que sem uma boa resiliência, podem acabar fazendo o jogador dropar o game.

Obviamente temos algumas coisas legais. O bastão para combate Melee, como mencionei anteriormente, o impacto da utilização de armas como a shotgun ao atirar nos monstros, desmembrá-los e principalmente o uso do GAR, dispositivo que nos dá uma espécie de telecinese, possibilitando arremessar os inimigos em pontos do cenário para matá-los instantaneamente.

Não posso deixar de mencionar os upgrades de armas e equipamentos. Durante toda a jornada coletamos recursos para fabricar melhorias que com certeza facilitam e tornam o combate menos frustrante, seja aumentando o dano das armas ou incrementando a defesa de Jacob.

A exploração no jogo pode ser bem recompensadora, tanto para uma maior coleta dos Callisto Credits, quanto para encontrar esquemas de novas armas.

A intenção do estúdio foi boa ao tentar investir no realismo. Porém, os problemas que mencionei acima, dentre outros, minam a diversão que também precisa estar presente.

O jogo apresenta alguns pequenos problemas de performance, embora eu tenha jogado na versão mais otimizada (Playstation 5). Alguns com certeza serão resolvidos em patches futuros, contudo, certos pontos da jogabilidade não serão alterados com tanta facilidade.

Vale a pena?

The Callisto Protocol tem dividido bastante a opinião dos jogadores. Alguns gostaram de como as mecânicas foram implementadas, outros não.

Eu recomendo sim a experiência, pois tem pontos muito positivos como a história, os gráficos, a atmosfera que remete bastante a Dead Space e até mesmo alguns aspectos de gameplay que são legais.

Contudo, recomendo que, antes de comprar, coloque na balança o que falei nesta análise e assistam nossas lives no YouTube para decidir se este é ou não um game para você, com base nos problemas citados.

Se você joga no PC ou Xbox, verifique se o jogo já recebeu correções nestas plataformas. De acordo com a minha experiência e relatos pela internet afora, a versão do Playstation 5 é a melhor otimizada até o momento.

The Callisto Protocol já está disponível para todos os consoles e PC.