Resident Evil 4 é o melhor Remake já feito da franquia | Análise

Resident Evil 4 é, sem dúvida, um dos jogos mais consagrados no mundo dos games. Nessa onda de re-imaginações da franquia, sempre houve uma ansiedade e até um certo receio de que o mesmo fosse feito com este game e, por um tropeço da Capcom, como aconteceu com Resident Evil 3 Remake, esse brilho fosse ofuscado.

Resident Evil 4 Remake foi anunciado com a promessa de fidelidade ao original, mas trazendo alguns acréscimos não só em sua história, desenvolvimento de personagens, mas também no seu gameplay que, embora o clássico ainda seja divertido, é notável que precisava de uma atualização.

Graças a Capcom, o Meia-Lua recebeu uma cópia antecipada do jogo. Já terminamos e fico extremamente feliz em dizer que essa nova re-imaginação não só atendeu as expectativas como foi além, se tornando para mim o melhor Remake de Resident Evil já feito. Vou discorrer um pouco mais sobre isso a seguir.

Uma História fiel e mais profunda

O cerne da história de Resident Evil 4 Remake, assim como no original, continua o mesmo. Leon é escalado para uma missão ultra-secreta, onde o mesmo deve investigar um local afastado e desconhecido para onde Ashley, a filha do presidente, foi levada.

Chegando lá, ele percebe que as coisas não estão tão normais quanto ele imaginava. Os habitantes do conhecido vilarejo matam os policiais que o acompanhavam e logo tentam matar Leon, que precisa batalhar com unhas, dentes e muitas balas para sair dali com vida e entender o que está acontecendo.

Logo o nosso protagonista toma conhecimento de um parasita chamado de Las Plagas que, quando injetado no hospedeiro, faz com que ele perca seu livre arbítrio e fique sob o controle do misterioso Lord Saddler, a quem todos veneram.

Após muitos percalços, Leon encontra Ashley e ambos precisam descobrir uma forma de fugir dali. No entanto, nem tudo é tão simples como parece.

Basicamente, essa é a sinopse do jogo, já bastante conhecida do jogo original.

Agora, a forma como isso foi recriado no Remake é a cereja do bolo. O primeiro ponto de destaque são os diálogos, que foram totalmente retrabalhados, trazendo maior profundidade à história.

As interações de cada um dos personagens, unidas a trilha sonora e o incrível trabalho de captura de movimentos que trazem expressões faciais minuciosas, nos deixam ainda mais imersos naquele mundo.

Enquanto no jogo original a Ashley era uma bela pé no saco, no Remake conseguiram trabalhar a personagem de tal forma que, pasmem, me fizeram gostar e me importar com ela.

Tudo isso graças aos diversos momentos legais e divertidos de interação dela com Leon.

O nosso protagonista está mais casca grossa, faz brincadeiras com a Ashley de forma a incentivá-la e extrair o melhor de si, sem falar de alguns momentos que geram bastante empatia para com ambos, quando vemos Leon consolar sua protegida em situações difíceis.

Toda essa profundidade se estende para os personagens secundários que nos ajudam em nossa jornada e os vilões.

Luis Serra teve seu papel levemente ampliado e, na minha opinião, foi muito melhor aproveitado nesse Remake.

Salazar, Krauser e Lord Saddler dispensam comentários, cada uma com suas características e forma única de mostrar sua animosidade e maldade.

Ada continua misteriosa e novamente nos apresenta sua personalidade ambígua com maestria.

Até o mais simples dos inimigos, como os ganados, tiveram boas interpretações ao usarem frases como “Puedes correr, pero no puedes esconder”, entre outras, é simplesmente incrível.

Respeita o original?

Esse sem dúvida é um dos pontos de maior receio entre os fãs da franquia na recriação de Resident Evil 4: afinal, ele respeita o material original? E a resposta, meus amigos, é SIM.

Momentos chave e memoráveis do clássico estão presentes, maaaas, alguns tiveram acréscimos, pequenas mudanças e um específico foi retirado.

Sobre o momento que foi cortado, devo dizer que nada afetou a minha experiência geral com o game ou a história como um todo. Porém, seria legal mantê-lo, confesso. Obviamente não vou entrar em mais detalhes para que vocês possam conferir por conta própria.

O que posso dizer é que a Capcom aprendeu com os erros cometidos em Resident Evil 3 Remake e, como prometeram, essa re-imaginação está bastante fiel ao RE4 de 2005, para a alegria geral da nação.

Gráficos e Gameplay

Se tem algo que a Capcom vem fazendo com maestria desde a re-imaginação de Resident Evil 2, é nos apresentar gráficos de ponta graças à implementação da RE Engine.

Em Resident Evil 4 Remake não é diferente. Cada um dos principais ambientes do jogo foram muito bem pensados e criados. Todos tem suas particularidades: alguns trazem ambientes abertos, outros mais fechados e as alterações climáticas, nível de iluminação e trilha sonora ditam o tom a cada passo, alternando entre momentos com uma certa “tranquilidade” (nos mantendo sempre alertas) ou de pura tensão.

A movimentação de Leon está bem fluida e foi adicionado um filtro de cabelo para os personagens que traz mais fios e os deixa mais bonitos.

Na versão do Playstation 5, onde joguei, temos os modos taxa de frames e resolução, assim como o uso do Ray Tracing, deixando o game ainda mais lindo. Prepare seu modo foto, pois RE4 Remake traz consigo momentos belíssimos que precisam ser registrados.

Quanto ao gameplay, o combate está delicioso. Leon conta com um arsenal vasto e diversificado para dar cabo de seus inimigos e cada arma traz um impacto diferente quando utilizada, trazendo mais veracidade ao momento.

Sentir o peso do tiro, ouvir o disparo e ver o ganado respondendo a colisão das balas é uma sensação sem igual.

No entanto, o que mais me surpreendeu foi a adição da Faca nas mecânicas de gameplay, com o uso do Parry. No clássico, essa arma era utilizada apenas para golpear inimigos. No Remake, seu conceito foi ampliado e se torna primordial em diversos momentos da aventura: quando as balas estão escassas e é preciso economizá-las, para momentos onde temos vários inimigos ou simplesmente para atordoá-los ao aparar no momento certo.

Contudo, o uso do parry tem um custo, pois as facas possuem durabilidade, então é bom administrar bem sua utilização. Mesmo ao eliminar inimigos em stealth, sua durabilidade é afetada e quando somos agarrados, temos duas opções: pressionar o botão do controle exaustivamente para nos livrar ou usar a faca, que a desgasta ainda mais.

Os ganados estão mais agressivos que no original, podendo segurar Leon para que outro o ataque, e os que possuem armas podem fazer uma investida poderosa no protagonista que causa mais dano, então é preciso ficar atento.

A manifestação das plagas representa um perigo ainda maior, mesmo havendo formas de eliminá-las mais rapidamente.

No entanto, um inimigo específico, que não posso citar no momento, está mais agressivo e rápido, trazendo ainda mais tensão quando o encontramos, se comparado ao original.

Os Garradores, que já foram mostrados em trailers, estão ferozes e as boss fights estão grandiosas.

Outro ponto que é necessário citar é a adição da despensa presente na máquina de escrever, que serve como uma espécie de baú no jogo, onde podemos guardar nossas armas, porém seu uso é limitado, ou seja, não podemos guardar qualquer tipo de item.

Já o mapa do game traz algumas facilidades para o jogador. Se quebramos algum baú e esquecemos para trás algum recurso, o mesmo fica em evidência no mapa, sendo possível retornar para coletá-lo. Tesouros também ficam marcados, assim como caixas, gavetas, dentre outros que não conseguimos abrir e precisamos de um item específico para isso. É um recurso que sem dúvida ajuda bastante.

Por fim, o fator exploração é bem recompensador no Resident Evil 4 Remake, então não deixe de averiguar cada canto do cenário antes de seguir para o próximo.

Sistema de Crafting, Maletas e Missões secundárias

Outra grande adição em Resident Evil 4 Remake é o sistema de crafting, inexistente no original. 

O conhecido mix de ervas da franquia está inserido no mesmo, mas temos outros itens que podem ser criados a partir de recursos encontrados em cada capítulo mediante a exploração, como balas de arma, granadas e mais.

Não é preciso dizer o quanto esse sistema faz diferença, principalmente nos momentos em que não encontramos munição com facilidade nas fases. 

No entanto, tudo tem um preço, pois os recursos utilizados para gerar estes itens ocupam espaço no inventário de Leon, tornando mais complicado seu gerenciamento.

Falando em inventário, a famosa maleta está de volta, mas com novidades.

Temos diferentes tipos neste novo jogo, que trazem vantagens distintas ao jogador, seja na criação de algo ou na utilização de um item de cura. Além disso, temos agora chaveiros que podem ser acoplados às maletas, e também trazem vantagens ao jogador. Não posso entrar em detalhes, mas saibam que ajuda bastante em nossa jornada.

Outro ponto importante que foi revelado nos materiais de divulgação do jogo é a inclusão das tarefas secundárias. 

Temos missões variadas que podem ser completadas ou não de acordo com o critério do jogador, mas o game nos incentiva a buscá-las devido aos benefícios que podemos conseguir com o mercador.

Como exemplo, temos missões para destruir os conhecidos medalhões azuis do original e algumas outras que não posso detalhar.

Estas missões não acrescentam nada na história geral do game, mas podem facilitar o avanço em sua aventura.

Preciso falar do Mercador

O mercador é, sem dúvida, um dos personagens mais icônicos da franquia Resident Evil, devido às suas frases marcantes no jogo original ao cumprimentar Leon, falar sobre as novidades do seu estoque e sua forma de agradecer.

Fico feliz em dizer que Capcom teve sim um carinho especial com o personagem. Dessa vez ele conversa com Leon, dá “dicas” e até chama a “atenção” conforme as escolhas que fazemos na compra e venda de itens.

Isso acontece de uma forma orgânica, fazendo com que cada encontro com ele seja divertido e nos arranque um sorriso.

Dublagem incrível, mas tenho ressalvas

Com o lançamento da Demo, tivemos o primeiro vislumbre da dublagem de Resident Evil 4 Remake.

Particularmente, eu gostei bastante da voz empregada em Leon, embora ela seja mais grave que seu dublador americano.

Os demais dubladores selecionados para Ashley, Luis, Ada, Salazar, entre outros, se encaixam super bem em cada em um dos personagens.

No entanto, preciso apontar um problema que pode, talvez, irritar alguns jogadores. Embora a voz de Ashley tenha ficado boa, a mixagem de áudio da personagem não está das melhores. 

É comum os personagens ficarem ofegantes e isso transparecer na dublagem, no entanto, no caso da guria, isso está mais intensificado do que com outros personagens.

Em certos momentos pensei até que algum inimigo estava por perto, visto que não fazia muito sentido a personagem estar demonstrando cansaço daquela maneira.

Mas, como mencionado, a dublagem no geral está muito boa e auxilia na imersão da história. Os momentos problemáticos da Ashley são mais constantes durante o gameplay.

O jogo não está isento de problemas

Embora o jogo seja incrível, ele não está totalmente isento de problemas.

Vamos começar pelo famoso giro rápido de Leon, algo extremamente necessário em jogos desse estilo. Não há dúvidas de que esse recurso de gameplay é bastante útil, mas pode ser problemático às vezes, justamente pelo botão de acionamento ser o mesmo da corrida.

Em algumas situações onde era preciso colocar o direcional para trás e correr com R1, Leon efetuava o giro rápido, ficando exposto por um breve momento a ataques, já que esse giro não é tão orgânico como deveria.

O HUD de armas, com dois quadrados dispostos em cada botão no D-Pad. Uma pequena implementação que fez falta ao meu ver e atrapalhou em alguns momentos, foi o fato de estar com uma arma mapeada para o botão direito do D-Pad, por exemplo, e ao apertar novamente a troca não ser feita para a segunda arma neste mesmo botão, fazendo novamente a seleção da arma que já está em mãos.

Parece confuso explicando dessa forma, mas ao jogarem, ficará nítido o que quis dizer. Não é algo gritante e que atrapalhe o gameplay, mas acredito ser uma questão de usabilidade que poderia ser ajustada.

Por fim, tive alguns problemas com relação a câmera do jogo ao entrar em algumas casas do game. Se efetuarmos o movimento bem rente a porta, a câmera algumas vezes vai para trás da mesma, deixando tudo preto por alguns segundos. Isso, em momentos de perseguição, pode ser fatal, ainda mais com vários inimigos em nosso encalço. Felizmente, isso aconteceu raríssimas vezes durante a minha jogatina, mas foi algo que me chamou a atenção.

No geral, são problemas que não ferem a experiência do game, de forma alguma. Basta um patch de correção para fazer alguns ajustes pontuais.

O melhor Resident Evil?

Resident Evil 4 Remake, para mim, supera e muito tudo o que foi feito na re-imaginação de Resident Evil 2 e 3.

Como mencionei anteriormente, a Capcom não só aprendeu com seus erros, como soube usar os pontos fortes desse tipo de material e o feedback da comunidade para criar uma obra prima.

Para um jogo que foi consagrado há mais de uma década, esse Remake de RE4 chega para deixar, novamente, sua marca na história do mundo dos games.

Seja você um fã de Resident Evil ou não, esse jogo é obrigatório, pois reúne tudo o que há de melhor neste título. Temos gráficos de ponta, um gameplay fluido, bem trabalhado e divertido, uma história mais profunda, diversos elementos novos que trazem um frescor para essa revitalização e o melhor, respeita totalmente o clássico.

Tudo isso me deixa extremamente empolgado para o futuro, pois é bem provável que Resident Evil 5, que já foi lançado há mais de uma década, também entre nessa onda.

Resident Evil 4 Remake será lançado globalmente no próximo dia 28 de Março.

E aí, como está o seu hype? Comente!

Confira também a nossa vídeo análise no YouTube logo abaixo:

One thought on “Resident Evil 4 é o melhor Remake já feito da franquia | Análise

  • 17/03/2023 em 04:25
    Permalink

    Mandou bem demais na análise!

Fechado para comentários.