Prince of Persia: The Lost Crown | Análise

Prince of Persia é uma franquia consagrada que nasceu na década de 80 e, desde então, recebeu inúmeros títulos com o passar dos anos. Não há dúvidas de que a trilogia lançada a partir de Sands of Time (2003) é lembrada até hoje como um dos melhores games já feitos.

Após altos e baixos, a Ubisoft tomou outros rumos, focou em novas IPs (Propriedades Intelectuais) e nós, fãs de Prince of Persia, nos perguntamos se a empresa reviveria o jogo em algum momento.

Para a surpresa de todos, durante a Summer Game Fest de 2023, a Ubisoft anunciou “Prince of Persia: The Lost Crown”. 

A apresentação desse novo título surpreendeu não apenas pelo renascimento da franquia, mas principalmente pelo seu retorno às origens, apresentando um gameplay no estilo plataforma com gráficos em 3D, deixando algumas pessoas céticas sobre o game.

Graças a Ubisoft Brasil, nós do Meia-Lua recebemos uma chave para análise de forma antecipada e iremos discorrer a seguir se Prince of Persia: The Lost Crown faz juz a essa clássica franquia.

Pérsia, Sargon e os Imortais

Logo no início do jogo nos deparamos com uma invasão ao território Persa causada pelos Kushans. 

Em meio a uma intensa batalha, eis que surgem os imortais, um grupo de guerreiros de Elite que sempre são chamados pela rainha Thomyris, atual governante da Pérsia, para dar cabo de seus inimigos.

Dentre eles temos Sargon, o protagonista da vez e também o mais jovem do grupo. Após alguns embates, Sargon derrota o general dos Kushans, encerrando o conflito.

Ao retornarem para a cidade de Persépolis, a rainha Thomyris e o atual príncipe da Pérsia, Ghassan, saúdam seus guerreiros, em especial Sargon, por ter colocado um ponto final à guerra.

Em meio a festividades e comemorações, o Príncipe da Pérsia acaba sendo sequestrado.

Tendo em vista quem é o mandante do rapto e para onde estão indo, o nosso protagonista e o restante dos Imortais são enviados ao Monte Qaf, um lugar misterioso e lar Simurgh, o Deus do Tempo e do Conhecimento que está desaparecido a 30 anos, para resgatar o jovem príncipe.

É neste local onde o jogo começa de verdade, pois enquanto perseguimos o sequestrador de Ghassan, percebemos que há algo muito errado acontecendo no Monte Qaf, uma vez que o fluxo do tempo não parece fluir de forma natural. Então cabe a nós, jogadores, entender e desvendar esse mistério.

Esse é o pontapé inicial da história de “Prince of Persia: The Lost Crown”.

Fico feliz em dizer que o enredo é muito bem construído e apresentado de forma consistente para nós, jogadores. 

Embora alguns acontecimentos sejam previsíveis, temos uma boa dose de reviravoltas e momentos épicos, principalmente nas intensas batalhas contra os chefes.

Sendo um jogo de plataforma 2D que remete aos clássicos, a Ubisoft fez uma mescla interessante de cinemáticas e diálogos textuais, dependendo do tipo de personagem que interagimos e o ápice da história. Esse equilíbrio foi bem importante, na minha opinião, para não tornar maçante depois de muito tempo para alguns jogadores, apenas ler o desenrolar da mesma.

Apesar de algumas soluções um tanto fáceis e uma virada de chave específica que me causou estranheza, a história me cativou e pude aproveitar cada momento até o encerramento.

Sargon é um excelente protagonista. Embora jovem, é forte, destemido e tem um bom coração. Ver sua evolução durante a jornada é um dos pontos mais positivos de Prince of Persia: The Lost Crown.

Um Gameplay desafiador

Ao iniciar a campanha, o jogo nos apresenta níveis variados de dificuldade e até mesmo a possibilidade de personalização, onde podemos ajustar o dano causado pelos inimigos, entre outros.

Optei pelo nível herói, que é basicamente o Hard do game, proporcionando um desafio considerável no combate contra os inimigos.

Dentre as habilidades de Sargon, temos à nossa disposição suas duas espadas, arco e flecha, poderes temporais que adquirimos ao longo da campanha e seus especiais, que podemos usar ao encher um medidor durante as batalhas.

Cada um desses recursos serve a um propósito e quando unidos, possibilitam combinações poderosas nos embates contra os oponentes.

Além da ofensiva, nosso protagonista também possui recursos defensivos, como a esquiva e o Parry.

Estes dois, na minha jogatina, se mostraram ainda mais cruciais devido aos diferentes tipos de inimigos e chefes.

Cada monstro que enfrentamos possui ataques distintos. Alguns podem ser defendidos/aparados, enquanto outros fazem necessário executar a esquiva no momento certo. O maior problema, contudo, é quando nos deparamos com diferentes tipos de inimigos em um só local.

Esse tipo de situação realmente coloca nossas habilidades à prova, pois precisamos usar muito bem cada uma das skills de Sargon para sair com vida.

Espere por situações intensas, principalmente se jogar nos níveis mais altos. Contudo, como disse anteriormente, não é nada impossível, basta ter paciência e entender o padrão de ataques dos oponentes.

A progressão de Sargon

Para lidar com essas batalhas mais “cabulosas”, o jogo traz um sistema de evolução bem interessante para Sargon.

Enquanto exploramos e ao derrotarmos inimigos chave, podemos coletar amuletos que possuem atributos específicos que dão vantagens ao nosso protagonista.

Temos desde o ganho de Athra, que é a energia usada para os especiais mais poderosos, ao apanhar, até a criação de uma esfera temporal por um breve período ao aparar um ataque no momento certo.

Existem vários tipos e nós podemos, tranquilamente, montar uma build para Sargon alinhada com o nosso estilo de gameplay. 

Os slots para esses amuletos, como já é de se esperar, são limitados, mas podemos encontrar itens raros que aumentam esses espaços, possibilitando usar mais de um por vez.

E não para por aí: além dos amuletos que conseguimos durante a jogatina, temos também comerciantes que os vendem. Estas lojinhas estão presentes em alguns pontos do mapa e nela podemos conseguir incrementos para poções, entre outros itens.

Por fim, nós temos a forja que, através do uso de cristais (moeda do game que pegamos em baús e derrotando inimigos), podemos aprimorar as habilidades de combate e atributos presentes nos amuletos de Sargon.

Dedicar um tempo a isso pode ser crucial para os desafios que irão enfrentar no decorrer da história.  

Metroidvania de responsa

Sendo um jogo no estilo Metroidvania, espere encontrar diversas áreas com baús e segredos que não estarão acessíveis logo de cara. 

Para isso, é preciso avançar na história e conseguir os diferentes poderes temporais de Sargon que, quando adquiridos, destravam estes caminhos antes “bloqueados”.

Isso é algo que pode incomodar alguns jogadores que não curtem essa dinâmica de back tracking, que é basicamente revisitar uma área já explorada para, finalmente, acessar um local inalcançável à primeira vista.

No entanto, nós temos um recurso que a Ubisoft implementou em “Prince of Persia: The Lost Crown” chamado Fragmentos de Memória, que facilita para nós jogadores lembrar para qual área precisamos retornar.

Esses fragmentos, muito bem pensados por sinal, tiram uma foto do local e adicionam um marcador no mapa, nos permitindo ver exatamente o lugar ao posicionar o cursor sobre ele.

Isso facilitou bastante em minha jornada o retorno a certas áreas após adquirir novos poderes temporais para Sargon.

Embora sejam limitados, podemos aumentar a quantidade de fragmentos que podemos utilizar ao encontrar tesouros escondidos, mas não tema, os marcadores comuns com diferentes ícones também estão disponíveis para usarmos no mapa.

Exploração, Puzzles e Missões Secundárias

O mapa de The Lost Crown é bem vasto. Temos diferentes biomas para visitar: florestas, o esgoto, poços, torres e muito mais, cada um com sua particularidade.

A ambientação do jogo é belíssima e com certeza vai render vários screenshots dos jogadores.

Cada bioma possui ramificações que podemos explorar, apresentando desafios diferentes e puzzles. Como já é de se imaginar em um game como esse, a curiosidade pode ser recompensadora.

Dedicar um tempo em locais que fogem do caminho principal traz vantagens em momentos futuros e o level design é tão bem feito que nos sentimentos incentivados a fuxicar cada cantinho do ambiente.

Os Puzzles de The Lost Crown são bem interessantes. Alguns são mais complexos que outros, mas os que encontramos no decorrer da história apresentam uma dificuldade mediana para fácil, vamos dizer assim.

Os puzzles difíceis de verdade são encontrados em momentos específicos durante a exploração e alguns me fizeram quebrar a cabeça por um tempinho antes de resolvê-los.

Não posso deixar de mencionar as missões secundárias. Em cada bioma podemos encontrar diferentes NPC’s que irão precisar de nossa ajuda em troca de algumas recompensas, sejam amuletos ou cristais do tempo para compra e melhoria de itens.

Algumas quests possuem histórias interessantes, apesar de nada muito profundo, e batalhas intensas que complementam nossa jornada principal.

Alguns bugs irritantes

Embora divertido, “Prince of Persia: The Lost Crown” não está livre de bugs irritantes. Graças a mobilidade fluida e ágil de Sargon, ao fazer isso próximo de paredes, ocorreu de o personagem passar por elas e ficar preso, sendo necessário reiniciar o save.

Presenciei inimigos entrarem em paredes também, e até mesmo alguns itens chave não darem respawn corretamente após carregar um checkpoint anterior.

Em um caso específico, fiquei impedido de avançar no cenário devido a um recurso chave que acabou caindo onde não devia, sem voltar para sua posição de origem. Só consegui prosseguir depois de pegar um poder de Sargon que me teletransportou para perto do local, caso contrário meu progresso estaria perdido.

São alguns pontos de atenção para a Ubisoft, que deve trazer um patch no dia do lançamento, para que outros jogadores não acabem se frustrando dessa maneira.

Vale a pena?

Apesar dos problemas mencionados no tópico anterior, o saldo, para mim, foi extremamente positivo em minha experiência com “Prince of Persia: The Lost Crown”.

Além de sua história cativante e um bom protagonista, com certeza o gameplay foi o que mais me conquistou, principalmente por resgatar o sentimento dos jogos clássicos, no estilo plataforma e com desafios intensos.

Se você está cético com esse game, já que ele não segue o mesmo estilo adotado na trilogia Sands of Time, jogue a demo que chega no próximo dia 11. Tenho certeza que apenas ela será suficiente para te convencer a embarcar na jornada completa de Sargon e os Imortais em busca de Ghassam, o Príncipe da Pérsia.

Esse título me deixou muito feliz e torço demais para que a Ubisoft implemente mais projetos como esse no futuro. A temática de Prince of Persia casa bem com essa perspectiva e com certeza há espaço para ideias mais ambiciosas nesse conceito.

Prince of Persia: The Lost Crown chega no dia 18 de Janeiro para Playstation 5, Playstation 4, Xbox Series X|S, Xbox One, Nintendo Switch e PC’s.

Confira nossa análise em vídeo no YouTube: