Perdido em Marte: Explorando a real transparência da ficção científica – Crítica

Perdido em Marte é um filme de ficção científica sobre a sobrevivência de um astronauta abandonado em Marte, estrelado por Matt Damon e dirigido por Ridley Scott.

Só por conter “Marte” no nome, já lembrei do grande clássico “O Vingador do Futuro”, de Arnold Schwarzenegger. Será que eu poderia esperar alienígenas, aquela atmosfera vermelha inóspita e efeitos especiais pouco realistas?

Inclinado a aceitar um filme espacial de boa qualidade, com história mais plausível à nossa realidade (assim como os mais recentes Interestelar, Gravidade e Lunar) já adianto que é uma bela obra contemporânea de ficção científica.

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A história começa mostrando um grupo de astronautas, da Missão ARES 3, explorando o solo de Marte, quando uma não prevista tempestade de areia se aproxima do grupo. Com suas vidas em risco, eles decidem sair do planeta e, sem alternativa, caminham em meio à tempestade, com seus trajes de astronautas, em direção à nave. A nave de solo estava tombando aos pouco com a tempestade de areia e o objetivo final era retornar ao Hermes, uma extensa nave espacial, que os levaria de volta à Terra.

No meio da caminhada, Mark Watney (Matt Damon) é atingido por um destroço de exploração do solo e é jogado para longe. A comandante Melissa Lewis (Jessica Chastain) tenta ir atrás dele, mas nada consegue. Pressionada a garantir a segurança dos demais membros, eles partem do planeta rumo à estação Hermes, imaginando que Mark teria morrido. Passada a tempestade, Mark acorda soterrado pela areia, ferido e sozinho.

O filme segue com essa premissa: “Como um astronauta poderia sobreviver em Marte?”. Acompanhamos Watney tentando solucionar os problemas com determinação, sem tempo pra momentos de depressão por ter sido abandonado pela equipe e de estar sozinho num lugar tão distante. Mark sabia que a próxima missão para Marte seria em 4 anos, na ARES 4, então pensou em como poderia sobreviver até lá.

THE MARTIAN

Um dos focos para sobrevivência seria a sua alimentação. Ele contabiliza a comida restante na base espacial Hab e percebe que se conseguir plantar batatas no solo infértil de Marte, poderia sobreviver até pelo menos a chegada da próxima missão. O interessante é ver como a história se desenvolve e as soluções que ele encontra para fertilizar o solo, por exemplo. Você acaba torcendo para dar tudo certo. Ele tenta de todas as formas, utilizando seu conhecimento em engenharia e botânica, sobreviver até o esperado resgate.

Na Terra, a NASA descobre que Mark está vivo e começam a planejar o resgate, em meio à muita dor de cabeça, e envolvem os maiores cientistas e engenheiros do planeta. Como ir para Marte em tão pouco tempo, já sabendo da atual situação do astronauta e sua escassez de recursos? É muito legal acompanhar as manobras espaciais, como produzir um novo foguete em tão pouco tempo, qual deve ser a melhor trajetória no espaço, que meios e que parcerias devem ser aplicados.

Perdido em Marte foge um pouco dos conceitos de misteriosos casos em Marte, um tema tão comum em filmes ambientados no mesmo planeta. Podemos sentir a luta cotidiana de Mark, dia após dia, pela sobrevivência e seu desejo de voltar para casa são e salvo.

Matt Damon consegue nos passar uma incrível empatia, trazendo um astronauta tão humano, nos fazendo sentir como realmente seria se ficássemos em seu lugar.

Admiro-me ao saber que uma missão dessas nunca foi feita, pois o filme nos passa uma sensação de realidade, possível e tangível.

THE MARTIAN

Ridley Scott acertou mostrando o passo a passo do astronauta, humanizando o personagem, mostrando as suas dificuldades, seu humor, acertos e erros, ele se alimentando de sua própria plantação. Além das tiradas mega nerd e engraçadas como o Conselho de Elrond (não vou soltar spoilers, rs).

A música, sempre presente no filme, também é um notável elemento. No estilo da gloriosa época da discoteca, ABBA e Gloria Gaynor dão o tom espacial.

Algumas músicas disco são deixadas pra trás pela comandante Lewis e Mark, em seus momentos de acentuada solidão, apertava o play para não se sentir tão sozinho, registrando suas cenas mais engraçadas.

Gosto dessa humanização, de saber do que o personagem gosta, revelando sua personalidade com sutileza. Por exemplo, a comandante, até então “fria” por ter deixado o astronauta sozinho, já não era mais vista assim graças a essas músicas.

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A história desse filme foi baseada no livro “Perdido em Marte” de Andy Weir, escrito em 2011 e adaptada para os cinemas por Drew Goddard.

Um fato curioso é que Jessica Chastain e Matt Damon atuaram juntos em outro filme de ficção científica, Interestelar (2014) de Christopher Nolan.

Perdido em Marte é um filme para todas as faixas etárias, um filme conciso, carismático, realista e com amplos efeitos visuais bem trabalhados! Podemos notar que um tema tão complexo como ficção científica pode ser bem explorado de uma maneira leve e transparente como neste filme.

Trailer:
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