O Jogo da Imitação e o Backstage da 2a Guerra – Crítica

Dirigido pelo norueguês Morten Tyldum e com elenco de alto gabarito, O Jogo da Imitação conta a história de Alan Turing (Benedict Cumberbatch), professor de matemática da Universidade de Cambridge, que consegue emprego em um projeto militar secreto durante a 2a Guerra Mundial.
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O filme é baseado no livro Alan Turing: O Enigma, escrito por Andrew Hodges, que também serviu de base para um filme de 1996 chamado Quebrando o Código.
Contado em flashback, o filme inicia com policiais indo até a casa de Turing, que fora invadida, mas ele informa que nada fora roubado.
O detetive Robert Nock (Rory Kinnear), considerando suspeito o fato de nada ter sido levado, investiga o passado de Turing e acaba levando-o para interrogatório, no qual Turing relata sua participação no projeto secreto do governo inglês durante a 2a Guerra Mundial.
Para quem não conhece Alan Turing, ele é considerado o pai da ciência da computação devido as suas contribuições para a conceituação e definição de termos e também pela Máquina de Turing, que apesar de ser hipotética, teve diversos de seus conceitos aplicados na máquina desenvolvida por ele e seus colegas durante a 2a Guerra, e exibida no filme, para quebra das mensagens codificadas pelos alemães.
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Apesar do período histórico ser de 2a Guerra o clima do filme é de espionagem, assemelhando ao de filmes que retratam a Guerra Fria, e não há cenas de batalha se não em trechos de documentários exibidos em televisores.
E esse clima é perfeito para a retratação da guerra com foco daqueles que não estavam nas linhas de frente e tinham que usar da inteligência para trazer vantagens estratégicas para o exército.
Aproveitando-se desse clima a história de Turing é contada de forma sensível, carismática e impactante, fazendo-nos considerar outros impactos causados pela intolerância à diferença.
Alan Turing era homossexual em uma Inglaterra cuja lei determinava que homossexualidade era crime, mas o filme não trata deste assunto colocando-o em foco, trata da homossexualidade como uma característica como qualquer outra, mostrando seu papel no crescimento e vida de Alan.
Benedict absorve tão bem essa sutileza que estabelece uma interpretação contida e poderosa, sem tentar carregar o filme nas costas ou se destacar dos demais atores. Ele está ali para servir à história.
Os demais atores estão muito bem no filme, mas Keira Knightley faz tantas boas cenas com Benedict que não há como não ser destacada.
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Keira interpreta Joan Clarke, matemática que se junta ao time de Turing em Bletchley Park, e é o contraponto e interesse “romântico” de Alan.
Joan é a única mulher do time mas que devido aos costumes da época, teve que participar de forma não oficial.
Apesar de ela ter passado nos testes que Alan determinara para escolher os participantes de seu time, a pressão de seus pais para que ela não fosse trabalhar cercada apenas pro homens faz com que ela seja oficialmente colocada em uma ala só para mulheres, para onde Alan se esgueirava levando arquivos confidenciais para que ela o ajudasse a enxergar qualquer lógica nas mensagens cifradas alemãs.
A relação de Alan e Joan é importantíssima tanto para a história real quanto para o filme, pois é Joan que quebra parte do enigma que é Alan Turing e faz com que ele seja aceito pelo restante do time apesar de suas peculiaridades.
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A montagem do filme é excelente e é motivo principal para o filme funcionar tão bem, pois as diversas épocas e fatos da vida de Turing são mostrados apenas nos momentos certos, não há pressa para mostrar os motivos de Alan Turing ter sido o que foi.
O Jogo da Imitação é um grande filme, não atoa concorre a diversos prêmios e é um dos favoritos ao Oscar 2015, e recomendo que vá ao cinema assistí-lo.
O filme estréia dia 05 de fevereiro e é distribuído pela Diamond Films Brasil.
Trailer:
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2 thoughts on “O Jogo da Imitação e o Backstage da 2a Guerra – Crítica

  • 05/02/2015 em 12:46
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    Eu infelizmente ainda não assistir mas estudei a história dele por meio de livros(Antes do Google) e bem legal ver algo assim sendo retratado no cinema, ainda pelo ator que eu gostei dele por atuações no Sherlock da BBC, Kahn no Star trek 2 e como Julian Assange no The Fifth Estate me chamou atenção.
    Vou assistir em uma oportunidade e acredito que vou gostar deve retratar muito bem pelo que dizem.

    • 06/02/2015 em 21:24
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      Ele retrata muito bem a época e, pelo que conheço, as pessoas também.
      Acho que é um filme que vale muito a pena ver, principalmente por ter bons assuntos para reflexão.

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