Mais Forte que Bombas – Crítica

Toda família tem suas alegrias e desavenças e liga com a comunicação ou ausência de formas diversas.

Dirigido por Joachim Trier, Mais Forte que Bombas utiliza esta realidade para discutir não apenas a forma dos relacionamentos mas também a imagem de cada indivíduo que é formada na mente dos demais a sua volta e como elas afetam as relações.

Ele utiliza a morte da matriarca da família Reed para quebrar a inércia dos relacionamentos que a envolviam e permite aos personagens revisar suas memórias e as interações sociais formadas até então e a partir dessa mudança abordar o tema de forma mais intimista e expor os diversos pontos de vista de algumas situações.

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Isabelle (Isabelle Huppert) era uma excelente e reconhecida fotógrafa, cujo trabalho focava no registro de conflitos e guerras, permitindo que fosse formada uma imagem de distanciamento e ausência, proporcional à excelência de seu trabalho.

Seu falecimento afeta o relacionamento de seu marido Gene (Gabriel Byrne) com os filhos Jonah (Jesse Eisenberg) e Conrad (Devin Druid), criando barreiras que complicam o convívio e os distanciam.

Enquanto o mais novo, Conrad, se fecha para o mundo e acumula duas angústias e dúvidas, típicas da idade, e o mais velho aproveita a volta a sua cidade para fugir das crescentes responsabilidades da vida adulta, o pai, inábil e incapaz de estabelecer contato amplifica as barreiras e o ruído na comunicação ao tentar estabelecer um novo relacionamento amoroso, em segredo.

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Diretor e roteirista deixam claro o cuidado em mostrar ao espectador os diversos lados da história e impedir que culpemos ou transformemos em vítima qualquer dos personagens, enquanto expõe as diversas nuances do tema.

A fotografia é utilizada como interlocutor para as idéias, colocando em pauta tanto a manipulação das imagens capturadas pelo equipamento ao direcionar as lentes e o foco para contar uma história quanto a imagem virtual criada de cada um de nós ao nos relacionarmos e expormos apenas pedaços de nossas características e pensamentos.

Normalmente ao utilizar a palavra manipulação pensamos automaticamente em algo ruim, e este é mais um ponto discutido pelo filme, que insiste em esclarecer os diversos malefícios e benefícios deste processo de criação de uma imagem.

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A opção por um misto de linguagens documental e dramática permitem que as mensagens sejam passadas de forma objetiva ou subjetiva de acordo com a necessidade, permitindo até mesmo a utilização de falas expositivas de forma fluida e contextualizada sem ofender à inteligência do espectador.

Ao mostrar os pontos positivos e negativos do relacionamento e escolhas dos personagens de forma equilibrada o filme entrega um retrato ficcional palpável e crível que conversa com o espectadores de diversas idades e vivências e abre uma porta para reflexão sobre nossas próprias experiências e imagens.

Mais Forte que Bombas está em cartaz nos cinemas brasileiros e vale a pena ser visto.

Trailer: