Like a Dragon: Infinite Wealth | Análise

Aviso de spoilers

Antes de começar esta análise, quero deixar claro que esse texto pode conter spoilers dos outros jogos da Franquia Yakuza / Like a Dragon, então fiquem avisados.

Apresentação

Quatro anos após reinventar a franquia, trazendo para o gênero de RPG por turnos e abandonando o Beat’up, a Ryu Ga Gotoku nos traz “Like a Dragon: Infinite Wealth”, novo jogo principal da franquia criada em 2005 que vem conquistando o coração dos jogadores, se tornando uma das franquias mais conhecidas da SEGA por sua história, personagens e estilo de gameplay.

Desde o seu anúncio em 2022, o jogo vem chamando a atenção por trazer de volta o personagem Kazuma Kiryu, que foi o protagonista de todos os jogos, mas abriu espaço para Ichiban Kasuga em Yakuza: Like a Dragon, deixando assim um ar de dúvida nos jogadores. Muitos desejavam saber o porquê e como ele voltaria, visto os acontecimentos vistos em Yakuza 6. Mas será que essa espera valeu a pena?

Uma história dramática e cheia de mistérios

Três anos após o jogo anterior, Ichiban Kasuga agora trabalha na agência de empregos Hello Work, determinado a dar continuidade a Masumi Arakawa, ajudando outros ex-yakuzas a encontrar trabalho legítimo. Porém, tudo acaba virando de cabeça para baixo quando uma VTuber conhecida como Hisoka Tatara espalha falsos rumores de que Kasuga está construindo sua própria rede criminosa com ex-membros da Yakuza. Após uma investigação, Kasuga, junto com Koichi Adachi e Yu Namba, seus amigos do jogo anterior, descobrem que o clã Seiryu está recrutando ex-yakuzas em massa. Eles invadem a sede do clã e encontram Masataka Ebina que revela estar os recrutando para um negócio legítimo de gerenciamento de resíduos, e que está trabalhando junto a Jo Sawashiro, ex-capitão de Kasuga, que após uma longa conversa pede para falar com ele.

Ao se encontrarem novamente, Sawashiro revela que a mãe biológica de Kasuga, Akane Kishida, está viva e mora em Honolulu, no Havaí, e pede para que ele vá conhecê-la. Chegando lá, ele se mete em confusão e quase é preso, porém, é salvo por Kazuma Kiryu, que revela que também está procurando Akane a pedido da Facção Daidoji. Porém, logo eles descobrem que não são os únicos que estão atrás de Akane, e sim também toda a máfia do Havaí. Agora eles precisam descobrir o paradeiro da mulher e o porquê dessa perseguição.

A história de Like a Dragon Infinite Wealth segue uma receita já estabelecida na saga e nos traz novamente uma campanha que prende do ínicio ao fim: cheia de mistérios, reviravoltas, emoção e surpresas que irão deixar qualquer jogador de cabelo em pé enquanto estiver jogando. Particularmente, achei essa história melhor que a do jogo anterior, que já era fantástica. A Ryu Ga Gotoku não perdeu a mão e nos entregou mais uma obra prima em sua campanha.

Falando um pouco das cutscenes, é muito importante ressaltar que o jogo segue um padrão de JRPG, onde se tem muitas delas para os jogadores assistirem, então para quem não tem paciência, isso pode ser um ponto negativo. Porém, elas são bem reproduzidas, muito bonitas e contam muito bem a história para que ninguém fique perdido.

Além da campanha principal, como já é costume da franquia, o jogo está cheio de missões secundárias. Este é outro aspecto em que a produtora dá um show desde o primeiro jogo: todas elas contam histórias emocionantes e dão uma vida a mais para o jogo. Então, para aqueles que gostam de completar missões secundárias antes de ir para as principais, podem ir sem medo, pois esse jogo dá um show também nessa questão.

Falando sobre o tempo de jogo, zerei a campanha com cerca de 90 horas, dividindo entre história principal, missões secundárias e paradas para poder subir alguns níveis e enfrentar inimigos poderosos. Foi o maior jogo da Franquia que eu já joguei, mas não fiz tudo, faltou uma infinidade de coisas a serem feitas, então quem for jogar já reserve um bom tempo.

Combate mais dinâmico e fluído

O combate continua com a mesma base do jogo anterior: um RPG de turno onde você controla Kasuga junto a mais três personagens em uma party ou grupo, cada um com seu estilo e habilidades únicas. Contudo, somente a base se manteve a mesma, pois o combate também teve várias melhorias.

A primeira novidade é que agora quando você seleciona um inimigo para acertar com um golpe, surgirá uma espécie de seta apontando para onde ele irá ser empurrado com o impacto do golpe, e tendo um outro inimigo atrás dele os dois irão se chocar, causando dano aos dois. Você pode usar isso para encurralar o inimigo, pois tendo um aliado do outro lado, ele irá dar sequência ao seu golpe.

Outra novidade é que agora os personagens da party possuem um círculo em volta deles, onde você pode se movimentar e tentar encontrar alguma coisa que te dê alguma vantagem, como se aproximar de objetos que o personagem pode usar para atacar o inimigo, ou chegar mais perto dele e dar um ataque com um bônus de dano, dando assim mais liberdade, o que faz com que o jogador pense mais antes de agir precipitadamente.

E por último, agora ao selecionar uma habilidade de um personagem e escolher um inimigo para usar contra, o jogo irá mostrar se ele é fraco ou não aquele tipo de ataque, como habilidades que usam o elemento água, fogo e etc, fazendo assim com que o jogador escolha sabiamente antes de sair usando qualquer habilidade.

Para aqueles que se sentem enjoados por sempre passar pelo mesmo lugar e enfrentar os mesmos inimigos, a Ryu Ga Gotoku colocou no jogo um sistema chamado auto-battle, em que basicamente você define um padrão para a batalha e os personagens da party irão executar as ações da maneira como você definiu. Isso já existia no jogo anterior, porém aqui a produtora implementou uma outra coisa que facilita essas passagens pelos mesmos lugares: quando você estiver com cerca de 10 níveis acima deles, aparecerá na tela a opção para apertar L2 nos consoles PlayStation e LT nos consoles Xbox, que ativará o que eles chamam de “Massacre”, onde você irá automaticamente derrotar os inimigos e ganhar experiência com isso, o que facilita ainda mais a sua busca por XP e níveis maiores.

Exploração de encher os olhos

Como em todos os jogos da Franquia, um ponto muito alto de Infinite Wealth é a sua exploração, pois ela é maravilhosa. Você pode entrar em quase todos os estabelecimentos, interagir com várias pessoas, encontrar vários tipos de inimigos que podem ser mais fortes do que você ou não. Nisso, mais uma vez a produtora acertou em cheio.

Aqui, podemos explorar duas cidades diferentes: o distrito de Izesaki Ijincho, que já estava presente no jogo anterior, e a cidade de Honolulu no Havaí. No distrito de Ijincho, quem jogou o jogo anterior não irá encontrar tantas diferenças, porque em tamanho ela continua a mesma. Claro, existem muitas atividades novas, mas os cantos e ruas são os mesmos.

Já a cidade de Honolulu, posso dizer que é a mais bonita de toda a franquia: os prédios, as lojas e principalmente a praia são cenários de encherem os olhos de tão bonitos, e deixam o jogador totalmente imerso, fazendo pensar que você realmente está ali, naquele lugar. É lindo demais e foi mais um acerto da produtora, com toda a certeza.

Dragon Engine em sua melhor versão

Claro que eu não poderia deixar de falar dela, a engine por trás de tudo que foi feito. É incrível ver o quanto a Dragon Engine (que vem sendo usada pela produtora desde o lançamento de Yakuza 6 em 2016) evoluiu, a expressão facial dos personagens, os modelos, os cenários, tudo está lindo e funcionando muito bem.

Joguei em um PlayStation 5, o jogo roda a 1440p a 60 FPS, e não tem como mudar isso, como em outros jogos em que temos modos diferentes onde priorizamos a qualidade ou o FPS do jogo. Já esperava isso, visto que nos jogos anteriores, como Like a Dragon Ishin e Gaiden também não tivemos essa escolha. Entretanto, isso não é problema algum, pois não senti nenhuma queda de performance, o que é ótimo, tudo é bem fluido.

Um resort chamado Ilha Dondoko

A franquia também é conhecida por sempre introduzir minigames com alguma temática diferente, como gerenciar um cabaré club ou capturar NPCs para utilizar em batalhas de arenas. Nesse jogo não foi diferente, pois agora eles vieram com um minigame que lembra jogos como Animal Crossing ou SinCity, chamado Ilha Dondoko, uma ilha no meio do oceano em que Kasuga vai parar por acaso.

A história do minigame conta que a ilha era conhecida por ser um resort muito popular, porém começou a ser atacada por piratas e acabou sendo abandonada. Agora, os únicos habitantes da ilha querem a ajuda de Kasuga para que a ilha volte aos holofotes.

Na ilha você terá que fazer de tudo: criar construções, fazer a limpeza e gerenciar os moradores que forem chegando para conseguir chegar ao estrelato. É um minigame bem divertido e que vai ocupar bastante o seu tempo, podendo servir também para conseguir algumas recompensas bem raras, então vale a pena dar uma olhada quando ficar disponível.

Novo Jogo+ pago? Sério isso?

Infelizmente nem todas as decisões que a Sega tomou com esse jogo foram positivas, mas essa é de deixar todo mundo de cabelo em pé: eles simplesmente retiraram um modo que vinha por padrão em todos os jogos da franquia e transformaram em uma DLC paga. É isso mesmo, eles decidiram que era melhor comprar algo que devia ser de graça, assim como foi antes.

Isso jamais seria visto com bons olhos pelos jogadores, é uma prática horrível e que não deve acontecer em nenhum jogo, pois acaba com o fator replay.

Uma ótima localização em português

Felizmente, assim como o jogo anterior e o spin-off Like a Dragon Gaiden, a Sega trouxe o jogo com localização em nosso idioma e isso é excelente, pois facilita muito o entendimento da história, já que aqui temos muito texto para se ler, seja nas cutscenes ou até tutoriais, então este é um fator extremamente bem-vindo. A localização ficou muito bem feita, com várias gírias que usamos em nosso dia a dia, nos levando mais para perto dos personagens e nos fazendo ver mais o lado pessoal de cada um deles.

Vale a pena?

Like a Dragon: Infinite Wealth se consagra como um dos melhores jogos da franquia, pegando tudo que seu antecessor fez e melhorando completamente, trazendo uma história envolvente e dramática, um combate mais fluido e dinâmico e uma exploração magnifica. Infelizmente a decisão da Sega de cobrar pelo Novo Jogo+ acaba com o fator replay do jogo, mas não apaga todo o resto.

O jogo é super importante tanto para aqueles que jogaram todos os jogos da franquia como também para aqueles que começaram a jogar pelo título anterior (Yakuza: Like a Dragon).

Like a Dragon: Infinite Wealth está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC.

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