Street Fighter 6 | Análise

Street Fighter 6 é o mais recente lançamento da maior franquia de jogos de luta da história. Contudo, após a decepção no lançamento de Street Fighter V será que podemos confiar na Capcom novamente?

Apresentação

Não é segredo que Street Fighter (SF) é uma franquia de renome, somente Street Fighter II, somando as diversas versões e portes diferentes, foi lançado mais de 30 vezes. Contudo, decisões ruins que arruinaram Street Fighter X Tekken se estenderam até o lançamento de Street Fighter V o que quase acabou com a franquia. No entanto, a partir de sua 3° temporada Street Fighter V resgatou a qualidade da franquia e o carinho dos fãs, e foi a equipe que salvou Street Fighter V que trabalhou no desenvolvimento de Street Fighter 6. Dessa forma, desenvolvido e distribuído pela Capcom, Street Fighter 6 retorna com um visual renovado para a franquia e com conteúdos jamais vistos em outro jogo com o título Street Fighter.

Desenvolvido com a RE Engine (plataforma utilizada no desenvolvimento dos títulos Resident Evil a partir de RE VII e Devil May Cry 5), Street Fighter 6 sai do tom cartunesco de SF IV e V, e cria um estilo que mistura realismo e estilização de personagens. Dessa forma ele traz uma riqueza impressionante de detalhes (que se entendem à animação da contração muscular na perna de um personagem durante um chute) sem perder o charme e a personalidade de cada personagem mantendo a identidade da franquia que foi fortemente estabelecida em SF II. Além disso, efeitos visuais inebriantes somados a uma ótima coleção de efeitos sonoros mantém nossos sentidos em êxtase enquanto jogamos ou assistimos às partidas emocionantes que o jogo proporciona.

Flash Kick - CA

Além disso, Street Fighter 6 traz o novo Drive System que traz ferramentas já conhecidas porém reimaginadas dentro de um novo contexto. Nesse vídeo, explicamos cuidadosamente os elementos do Drive System.

Street Fighter 6 também traz inúmeros elementos de acessibilidade, e 3 tipos de controles (que discutiremos em detalhes). Esses elementos juntos o tornam o jogo de luta mais acessível já feito.

Inovando ainda mais na franquia, SF 6 traz 3 principais modos de jogo que detalharemos a seguir.

World Tour

Começando pelo modo World Tour, Street Fighter 6 traz um modo de jogo inovador cuja pretensão é levar o jogador ao mundo de Street Fighter (que é o mesmo de Final Fight) em um modo de jogo que mistura RPG e Luta.

Com o personagem criado, o jogador começa uma jornada guiada por um questionamento: o que significa ser forte? Enquanto tenta descobrir a resposta, ele participa dos eventos da história de Bosch, que estabelece a trama principal do jogo. Entretanto, não se engane! World Tour não tem como foco a história de Bosch, mas sim a jornada do jogador pelo mundo de Street Fighter enquanto aprende muito sobre o jogo, ao mesmo tempo em que conhece e cria laços com os personagens de SF 6.

World Tour é jogado com um personagem criado inteiramente pelo jogador, tendo uma liberdade que beira o exagero (algo que nesse caso é um elogio). Esse personagem será usado também em outro modo de jogo a ser discutido, o Battle Hub.

Em alguns momentos, o World Tour soa como um enorme tutorial e pode ser bem desafiador para iniciantes, principalmente em missões como: faça 2 vezes um combo de 6 hits.

Boa parte das missões secundárias valem a pena, e é altamente recomendado que se faça todas antes de avançar na história.

Como comentado, World Tour tem como um de seus propósitos apresentar os personagens de SF ao jogador de maneira mais profunda. Esses personagens aparecem como mestres do jogador, e conforme ele acumula pontos de experiência em determinado estilo, pode aprender golpes novos daquele mestre. Nesse aprendizado o jogador pode misturar os golpes conforme aprende, desde que não haja conflito nos comandos. A experiência por estilo pode ser recebida de 3 maneiras diferentes: após dominar um estilo, é possível distribuir os pontos acumulados em outros deles caso o jogador decida por continuar usando o estilo dominado; enquanto não dominou o estilo o jogador ganha experiência usando o estilo escolhido ou enfrentando inimigos específicos que estejam treinando sob um determinado mestre (desde que tenha o mestre em questão desbloqueado).

Ex1: O jogador decide jogar com o estilo do Ryu, mas quer aprender os golpes do Ken. Ele pode dominar por completo o estilo do Ryu e, sem mudar de estilo, ele poderá distribuir a experiência ganha enquanto joga com o estilo do Ryu para o estilo do Ken sem qualquer prejuízo.

Ex2: O jogador escolheu jogar como Ryu, tem o Ken desbloqueado e enfrenta um determinado inimigo que está usando o estilo do Ken (representado por um ícone na vida do inimigo): ele ganhará, após vencer a luta, pontos para o estilo do Ryu e do Ken.

Além da experiência por estilo, o jogador ganha experiência para evoluir o próprio personagem que possui uma árvore de habilidades e milhas que servem como continues caso perca alguma luta.

Há diversos elementos que tornam o World Tour realmente divertido. Porém, 95% das conversas são puro texto, e isso pode tornar as coisas um pouco entediantes para quem não está habituado a ficar lendo diálogos e mais diálogos, e como a maioria das missões se resumem a encontrar alguém e lutar (afinal esse é um jogo de luta), se você espera algo diferente disso poderá se decepcionar. Contudo, isso seria o mesmo que jogar Final Fight e reclamar sobre o jogo não proporcionar nada além de andar e bater nos inimigos, algo um pouco estranho.

Battle Hub

Em seguida temos o Battle Hub, o Arcade virtual de SF 6. E aqui, Arcade adota o sentido de “o lugar em que íamos jogar fliperama” – caso você seja uma criança dos anos 80.

Uma cultura comum no Japão ainda hoje é ir a um local físico lotado de fliperamas e jogar sozinho ou contra outro jogador, algo que já foi comum por aqui.

O Battle Hub pretende recriar esse ambiente para o mundo virtual. Nele, você pode passear com seu personagem criado no World Tour, tirar fotos, jogar em fliperamas contra outros jogadores e jogar sozinho. Uma coisa notável no Battle Hub é que não somente SF 6 é jogável, mas há também uma rotatividade de 3 jogos que são alterados rotineiramente. Alguns dos jogos já vistos por lá são: SF II turbo, Capitão Comando, Final Fight e Super Puzzle Fighter II Turbo. Há indícios de SF Alpha 2 e outros jogos. Em resumo, isso significa que além de SF 6, o jogador está levando para casa uma biblioteca de sucessos da Capcom.

Além disso, é possível lutar contra os avatares de outros jogadores no Battle Hub.

Fighting Grounds

Aqui é onde estão todos os elementos e modos de jogo que são um padrão para os games de luta: tutorial, Arcade, etc. Há também dois modos novos: Team Battle (algo como um modo The King of Fighters) e Extreme Battle (Algo como as torres de desafios aleatórios de Mortal Kombat, mas com um toque de Mario Party).

Não há nada de super relevante no modo história, mas cabe ressaltar os tutoriais junto com modo treino e desafios de combos. Os tutoriais e modo treino se esforçam para trazer o maior número possível de informações ao jogador. Há uma tonelada de configurações e dados a serem exibidos. Se alguém realmente pretende aprender SF 6, aqui estão presentes todas as ferramentas das quais irá precisar.

Controles distintos e Acessibilidade

Street Fighter 6 é atualmente o jogo de luta mais acessível já feito, isto é um fato. Não importa se você é uma criança de 3 anos, um idoso ou deficiente visual, você vai conseguir jogar Street Fighter 6.

Começando pelo design de sons de acessibilidade, há um som específico para cada situação do jogo. Nós do Meia-Lua já recebemos vídeos de jogadores cegos jogando Mortal Kombat, e há a comunidade Blind Kombat. Esses caras são incríveis! No entanto, se jogam Mortal Kombat, poderão jogar SF 6 tranquilamente e com ainda mais precisão. Com sons que expõe a distância de um jogador, se ele está subindo ou descendo durante um pulo, qual botão foi pressionado, se o golpe acertou ou não, tudo é descrito com efeitos sonoros.

Sobre os controles distintos, há 3 diferentes: clássico, moderno e dinâmico, (o último disponível apenas off-line).

O controle clássico é o controle com comandos que seguem o legado de Street Fighter. É o controle em que o jogador possui maior acesso às mecânicas do jogo e precisão na execução. Contudo, é o mais exigente, pois requer habilidade na execução de comandos complicados.

O controle moderno é o modo de comandos simplificados para quem não domina os comandos clássicos. Aqui, o jogador perde acesso a golpes normais e normais de comando, perde dano em troca de uma execução rápida e (se bem treinado) adquire reações de contra-ataque virtualmente impossíveis com o controle clássico.

O controle dinâmico é o modo “deixa o priminho de 3 anos jogar com você”. Aqui, a “máquina” joga por você mais do que no controle moderno. É necessário apenas apertar um botão e a magia acontece. Sim, apenas um botão. Seu filho que acabou de nascer e fica mordendo o controle vai conseguir jogar com você e ainda vai ter a chance de ganhar. Esse modo é reservado apenas para o modo off-line, por razões óbvias.

Street Fighter 6 é para todo mundo jogar.

Trilha Musical

Street Fighter 6 possui uma biblioteca de músicas genial. O tema principal, Not on the Sidelines, é sensacional e revigorante, e junto com ele há diversos outros temas que geram a mesma sensação. No entanto, muitos jogadores podem estranhar os novos temas de personagens que são completamente diferentes do que estamos acostumados. Ainda assim esses temas são, com poucas exceções e dependendo do gosto individual, muito bons e músicas que valem a pena ouvir fora do jogo. Praticamente uma biblioteca nova para ouvir no seu aplicativo de músicas favorito.

São temas diferentes, que contam histórias diferentes e descrevem bem os personagens, talvez com uma ou outra exceção – o tema de Guile, por exemplo, é bem fraco e não transmite muito o que o personagem representa, principalmente quando conhecemos mais e mais seu histórico. Já o tema do Blanka é uma música que representa muito mais o Brasil do que algumas várias músicas brasileiras.

Conclusão

Street Fighter 6 inova e muito, se reinventado e se apresentando como o jogo mais acessível já feito, sem a necessidade de descartar o seu legado. Embora em alguns momentos entediante, o modo World Tour garante boas e inesperadas surpresas. O Battle Hub é confortante e executa muito bem a tarefa de criar o ambiente no qual “vamos ao fliperama com um amigo”.
 O jogo possui músicas marcantes, mas que podem custar a cair no gosto de alguns jogadores. Além disso, conta com gráficos e efeitos visuais ímpares, que apresentam queda de frames quando jogamos com nosso personagem criado, mas que cumprem perfeitamente seu papel no que devem cumprir. Possui também um tutorial e desafios de combos presentes no Fighting Ground, que são ferramentas para qualquer um que pretende se aprofundar e conhecer mais sobre o jogo.

Dessa forma, Street Fighter 6 supera e muito seus antecessores. Embora algumas de suas inovações não sejam uma verdadeira novidade ente os jogos de luta, é uma novidade enorme dentro da franquia. É um jogo indispensável para qualquer fã e recomendadíssimo para quem quer jogar um jogo de luta, mas não joga porque “não sabe”.

Street Fighter 6 é um jogo no mínimo marcante, principalmente pelo seu esforço em não querer deixar nada passar. E em sua busca pelo significado da verdadeira força, SF 6 se coloca de forma definitiva como um grande desafio aos seus concorrentes.

Agora, queremos também saber a sua opinião! Não deixe de comentar!

Aqui nesse texto descrevemos com mais detalhes a experiência online do jogo.

Agora que o jogo saiu, talvez você se interesse em saber mais sobre o Drive Rush e aprender como executar algumas mecânicas complicadas no jogo. Ensinamos tudo aqui nessa matéria.

Leia também:

Não esqueça de acompanhar nosso canal no youtube e de nos seguir nas redes sociais (todas elas como @meialuafsoco).