Sifu, domine o caminho do Kung Fu e se torne um mestre, ou não – Análise

Após ver um provável assassinato de seu pai, uma criança sobrevive a uma tentativa de assassinato e após oito anos sai a procura dos responsáveis em busca de vingança. Para atingir seu objetivo o jogador deverá dominar o Kung Fu e se tornar um mestre (Sifu), isso se o caminho não for muito difícil de ser trilhado. 

O Jogo 

Sifu é um jogo de ação com elementos de luta e beat’em up desenvolvido pela Sloclap, possui localização das legendas em português e pode ser encontrado disponível para Windows e Playstation 4 e 5.  

Sifu é um jogo que apresenta uma evidente a paixão dos desenvolvedores por filmes de kung fu, aqueles no estilo Ip Man, e o cuidado em colocar no jogo de forma bem precisa todos os elementos que fazem esses filmes serem empolgantes. 

No primeiro momento, toda a apresentação visual do jogo, é empolgante. As animações de combate, facilidade de leitura das cenas e trilha sonora te prendem ao jogo trazendo a sensação de como se estivéssemos assistindo a um filme clássico de kung fu, como aqueles do bruce-lee (infelizmente quase desconhecido entre os mais jovens de hoje).  

Após uma introdução realmente divertida e satisfatória – cabe aqui dizer que a forma como o jogo te ensina as mecânicas é um experiência de tutorial empolgante – você está por conta própria para enfrentar os desafios que o jogo propõe. 

O jogo traz um mecânica com elementos que já vimos por aí. Um sistema de parry que lembra Sekiro: Shadows die Twice, com efeito na postura do oponente (aqui chamada de estrutura) que quando quebrada possibilita um instant kill (instakill para os ‘’intimos”) nos inimigos menores e – da mesma forma que em Sekiro, quando em uma luta com chefes de fase, inicia a segunda fase da luta/do boss. Além do parry o jogador pode contar com esquivas, defesa e pode realizar combos combinando golpe rápido e golpe forte. Além dos elementos básicos de combate o jogador poderá se aproveitar do cenário e usar armas para “facilitar a vida”. 

Com elementos que hora lembram rogue e hora lembram algum “souls” Sifu é um jogo bem desafiador.  

Cada morte acrescenta um ano na vida do personagem, e o limite de vezes que você pode retornar é representado por um “artefato” mágico que vai se quebrando conforme a contagem de mortes se acumula. De forma bem direta: cada morte é adicionada a um contador e pode ser removida em determinadas lutas, enquanto a contagem de mortes é pequena o artefato durará bastante, se as mortes sucessivas se acumularem o artefato começa a quebrar rapidamente e quando ele quebrar por inteiro é game over. 

Como mencionado, cada morte adiciona um ano na vida do personagem, e a cada dez anos é reduzido uma quantidade de HP e é aumentado o dano causado pelo personagem. 

Esses são os elementos importantes de gameplay de Sifu. 

A Crítica 

Embora Sifu seja um jogo empolgante no começo, ele poderá se tornar uma experiência realmente frustrante, talvez mais do que deveria. Em jogos de grande dificuldade, e aqui trago novamente como exemplo Sekiro, morremos várias e várias vezes, mas não perde o desejo de voltar pois entende que a dificuldade está necessáriamente no combate e na situação que nos colocamos. Podemos abordar aquela situação de “n” formas diferentes e dominar o combate e superar os desafios, mas infelizmente não é esse o caso em Sifu. 

Lembrando um pouco do combate em jogos como Batman Arkham (todos, de um modo geral): frequentemente somos colocados em momentos de combate contra grupos e esses momentos nos fazem sentir-se poderosos, em geral essa é a intenção, e a responsabilidade dessa sensação é uma mecânica altamente responsiva em um ambiente de combate que facilita a leitura. A primera coisa que acontece em Batman é um distânciamento da câmera e uma leve mudança no ângulo de visão para que o jogador possa ler tudo o que está ao redor. 

Como funciona em Sifu? Podemos encontrar formas diferentes de lidar com um ou outro inimigo, mas em 90% das vezes somos colocados em combates diretos contra grupos e diferentemente de Batman a câmera não vai te ajudar, em muitas vezes ela pode até atrapalhar.  

Infelizmente as mecânicas de esquiva e parry não são tão responsivas como deveriam. O parry funciona, mas para fazer uso dele o jogador deve aprender os padrões de movimentação dos inimigos e descobrir na tentativa e erro quais são os momentos em que o parry vai funcionar ou não. No que diz respeito as esquivas, infelizemente o tempo para realizar a esquiva que é muito estreito para o jogador mais casual e embora o jogo ensine duas esquivas diferentes, acredite, será muito difícil de conseguir usar as duas, não por falta de oportunidade, mas pela forma como o combate foi estruturado. 

O dano enorme causado pelos inimigos aqui também faz parte da experiência, mas não seria um problema se as mecânicas fossem mais colaborativas. 

Um inimigo com uma garrafa na mão, de longe, pode ser mais perigoso do que um com um cano ou uma faca. Ele pode colocar toda sua “run” em risco.  

Se a IA não quiser que você jogue, acabou. Isso é sentido em todos os momentos, seja contra inimigos normais ou contra boss. Um boss ou um miniboss pode resolver apelar em uma sequencia de ataques seguros e a única coisa que você poderá fazer é ficar se defendendo até cansar esperando uma oportunidade se sobreviver pra isso. 

Aumentar a janela de parry e fazer alguns ajustes de câmera pode resolver os maiores problemas de Sifu e tornar a experiência menos frustrante. Nada é pior do que apertar o botão e o parry ou a esquiva não funcionar de forma consistente. 

Conclusão 

Sifu não é um jogo focado no público casual, e não tem a intenção de contar uma história elaborada. É pancadaria hardcore que com alguns ajustes poderá ser um dos melhores jogos de ação que você vai jogar. Se você tiver coragem de enfrentar a frustração, pode comprar no lançamento, apesar de tudo é um jogo que recomendo. Caso contrário, espere um patch de melhorias. 

Mais notícias e análises? Clique aqui