Review – Monster Prom

[lead]Conheça o jogo da Beatiful Glitch, um dos primeiros dating sim multiplayer.[/lead]Se erroneamente você leu “Monster Porn”, devo adiantar que não se trata de um jogo com conteúdo sexual ou mesmo algo do gênero ecchi. Aliás, a verdade é que você dificilmente terá um final feliz em Monster Prom em todos os sentidos do termo.
Mas afinal de contas, do que se trata o jogo? Da mesma maneira que muitos jogos com apelo sexual, Monster Prom é um dating sim (simulador de encontros), porém conta com alguns grandes diferenciais. Primeiramente, ele se foca em elementos de humor negro, partidas geradas aleatoriamente e principalmente possui um modo multiplayer para até 4 jogadores.
 

Quebrando clichês

No jogo você encarna um estudante colegial, que está passando um uma fase difícil da vida, cheio de mudanças, novas descobertas e sempre a procura de sua cara metade. Até aí não haveria nada demais, se não fosse o fato de que você e todos a sua volta serem literalmente monstros.
Aliás, se você é ligado em animações, provavelmente deve ter achado essa história muitíssimo familiar e não é para menos. Esse tema já foi usado inúmeras vezes, principalmente na criação de produções visando o público infantil, como Universidade Monstro e Monster High.

Apesar de certa similaridade, Monster Prom não segue qualquer uma destas fórmulas nem corre o risco de ser tornar um clichê, muito pelo contrário, ele usa e abusa de humor negro e sarcasmo para brincar com estereótipos, o que torna sua experiência bizarra e imprevisível, porém divertida.
 

A difícil arte da conquista

Antes de iniciar propriamente a partida, você pode escolher entre 4 personagens distintos- dois masculinos e dois femininos, que na verdade só servem mesmo para definir o visual do seu avatar, mas não tem relação com os atributos dos personagens, além do que nele os relacionamentos não resumem a homem-mulher. Nesse jogo vale tudo, tudo mesmo.
Inclusive, você pode escolher seu Pronoun, ou seja, como deseja que dos demais personagens se dirijam a você durante suas interações. Em outras palavras, você pode escolher não apenas o seu gênero, como também sua identidade sexual, como você se vê e gostariam que os outros personagens lhe tratassem. Há no total três opções: He (Ele), She (Ela) ou They (Eles).

Diferente dos dating sim japoneses tradicionais, que costumam ser sexistas, no quais você só pode ser um garoto heterosexual, em Monster Prom, sexualmente falando, você desenvolver e fazer com que seu personagem aja como bem entender. Isso pode atrair o público LGBTQ, que a cada dia que passa está marcando cada vez mais presença nesse mercado, principalmente, após o lançamento de títulos como Genital Joustin e Dream Daddy: A Dad Dating Simulator.
Após escolher o personagem e como deseja que se dirijam a você, há uma espécie de quiz, algo muito semelhante aos testes presente em revistas dedicadas ao público feminino, como Contigo e Ti Ti Ti ou se você não é tão velho assim, pode se dizer que é parecido com aos atuais quizzes de facebook.
Para deixar a situação ainda mais estranha as perguntas são bizarras, coisas do tipo: “Se fosse fizesse sexo com um animal…Qual seria?” Mas calma! O jogo não está fazendo apologia a zoofilia nem nada do tipo. Acontece que alguns dos personagens são seres antropomórficos como: lobisomens, medusas e morcegos. Logo isso pode ajudá-lo na busca pela sua cara-metade e principalmente, questões como essa ajudam a definir sua personalidade, ou seja, se eu personagem é engraçado, criativo ou ousado, o que por sua vez, influenciará no nível de seus atributos iniciais.

As partidas no modo single Player podem durar 30 ou 60 minutos, a escolha do jogador, que pode previamente previamente optar por uma das duas opções. Infelizmente, até o momento Jesse Cox, a produtora do jogo, de que o mesmo seja lançado para Mobile e Nintendo Switch. Tal coisa seria um grande atrativo aos jogadores casuais, que poderiam jogar no transporte e intervalo do trabalho. Mas mesmo assim, a possibilidade de limitar o tempo da partida, com certeza atrairá aqueles que nunca tiveram contato com visual novels, jogadores que dificilmente se envolveriam com um game com dezenas de horas de duração e centenas de linhas de narrativa a serem lidas.
No entanto, se você acha que as histórias do game são limitadas pela duração das partidas, felizmente, está enganado. O jogo conta com um gerador aleatória de cenas, totalizando em mais de 1000 situações possíveis. Dessa maneira, mesmo que você jogue com frequência, dificilmente sua jogatina será mesma, o que contribui para a aumentar a curva de interesse pelo jogo.
Nada mais natural que o palco onde todas essas situações são encenadas seja colégio. E quando, finalmente, a partida tem início, você pode escolher se dirigir um dos vários ambientes para passar um período do dia. Dependendo do local escolhido, poderá encontrar e interagir com diferentes NPCs. Estes vão desde antro de nerds, como biblioteca até ninhos da anarquia que, acredite se quiser, é também conhecido como banheiro masculino. Ocasionalmente, encontrará uma gata emo, que venderá drogas, tatuagens, acessórios e tudo mais o que o clichê colegial norte-americano permitir.

Apesar do jogo receber atualizações quase diárias, o modo online ainda pode sofrer de alguns problemas, que deverão ser resolvidos em breve. No entanto, não te impede de convidar um amigo para juntar-se a você em um partida local.
O modo multiplayer e single player compartilham das mesmas mecânicas, todavia no primeiro modo, você poderá se deparar com novos desafios, como disputar o mesmo crush com seu adversário. Nesse momento, vale tudo, até roubar o único lugar no refeitório próximo do ente amado durante o intervalo.
 

Encantando novos públicos

Como um jogo casual, para se divertir com os amigos no final de semana ou feriado, Monster Prom é muitíssimo bem-vindo. No entanto, é difícil imaginar pessoas que o tenham como um hobbie ou até mesmo que galgue espaço em um cenário competitivo. Mesmo assim, ele apresenta vários elementos que contribuem para diversidade e consegue trazer para si jogadores que antes, por diversos motivos, poderiam se sentir excluídos desse gênero.

Manoel Siqueira

é formado História, Filosofia e cursa Pós no Uso de Jogos e Brincadeiras em Sala de Aula. Também é redator, podcaster e editor no site http://meialua.net @meialuafsoco.