Oppenheimer | CRÍTICA

Hoje tive a imensa honra de participar da cabine de imprensa do longa que carrega grandes chances de ser o filme do ano: Oppenheimer. Antes mesmo de sua estreia, a produção gerou uma grande expectativa e movimentou a internet por sua temática forte e polêmica, além do elenco de ponta e direção do aclamado Christopher Nolan . Após três horas de sessão absolutamente de tirar o fôlego, trago para vocês a análise de “Oppenheimer”: será que faz jus a todo o hype que circulou nos últimos meses?

Baseado no livro “Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer”, o filme aborda a história de Robert Oppenheimer, talentoso físico teórico que conduz o Laboratório de Los Alamos, sendo o principal responsável pelo Projeto Manhattan, que visava construir as primeiras bombas atômicas. Através do longa, é possível não apenas acompanhar a história de Robert, mas também ter uma ampla visão de todas as pessoas e fatores envolvidos no desenvolvimento da arma nuclear que desencadeou a tragédia de Hiroshima e Nagasaki. Afinal, apesar de ser considerado o “pai da bomba atômica”, haviam diversas mentes, físicas e políticas, por trás de tal trabalho.

“Oppenheimer” é construído de forma brilhante, constituído por uma movimentação no tempo e no espaço pelos quais a trama percorre. Tal aspecto, se mal trabalhado, poderia facilmente confundir o público e prejudicar a experiência de forma considerável, o que não ocorre aqui. Os constantes retornos e avanços na história enriquecem a exibição, trazendo ainda mais suspense através de pontos soltos que só serão perfeitamente conectados ao final do filme. O enredo de um modo geral é impactante o suficiente para prender a atenção do público mesmo em uma longa sessão: o filme tem três horas de duração, mas cada minuto é totalmente necessário na construção da obra. Cada momento da história carrega um tom sombrio, retratando os acontecimentos de forma tão verdadeira e fria que poderá causar perturbação. Além disso, pode-se dizer que em momento algum existe um alívio para a tensão do filme: nem romantismo, nem comicidade. São três horas densas de uma retratação extremamente detalhada e complexa.

A parte técnica é, com toda a certeza, o destaque em Oppenheimer. Os efeitos sonoros e visuais dão toda a dimensão do potencial de cada bomba testada, através dos estrondos assustadores e das chamas colossais que se propagam de forma amedrontadora. Porém, toda a parte visual rende a Oppenheimer uma fotografia que provavelmente renderá prêmios ou, no mínimo, comentários absolutamente positivos.  Vale ressaltar, inclusive, que uma das cenas mais impressionantes do filme se constrói a partir do perfeito “jogo” entre imagem e som, onde primeiro somos atordoados pela luz das chamas em total silêncio, e só após algum tempo ouvimos o som ensurdecedor da explosão.

Outro ponto chave que acrescenta qualidade e pode render prêmios a “Oppenheimer” está no sublime trabalho de atuação. O filme conta com elenco conceituado que inclui, além do protagonista Cillian Murphy interpretando Oppenheimer, nomes como Robert Downey Jr. (Lewis Strauss), Emily Blunt (Kitty Oppenheimer), Rami Malek (David Hill), Matt Damon (Leslie Groves) e Tom Conti (Albert Einstein), que se assemelha de forma absolutamente impressionante com o personagem interpretado. Cillian Murphy representa uma chance considerável de Oscar por sua atuação brilhante como Robert. Ele transparece com êxito toda a inteligência enlouquecedora de um físico talentoso que parece viver em outra dimensão. O olhar frio de Cillian orna perfeitamente com a trajetória impetuosa por trás de um projeto que resultaria em morte e destruição. Robert Downey Jr. “multifaceta” Lewis Strauss com tanta naturalidade que ouso dizer que é um dos melhores papéis de sua carreira. É necessário enaltecer também Emily Blunt, que parece ter uma conexão tão profunda com sua personagem que reflete ao espectador com exatidão a personalidade conflituosa de Kitty. Mas não devemos nos ater apenas ao protagonista: em Oppenheimer, até os figurantes dão show.

Como já era de se esperar, “Oppenheimer” é chocante e assustador, podendo servir de gatilho para o público mais sensível. A frieza por trás do processo de construção de armas com potencial de destruição mundial não permitirá que o espectador deixa a exibição com sua sensibilidade inatingida. Por mais que essa premissa pareça assustadora, vale a pena assistir ao drama. É um filme que não traz meramente a intenção de entreter o público, mas sim de retratar uma história brutal de forma a prender a atenção de quem assiste durante cada segundo de suas três horas de duração, que parecem voar.  O enredo, a caracterização fidedigna, os efeitos visuais e sonoros irretocáveis, e o trabalho notável dos atores formam o conjunto perfeito para imergir o espectador ao universo repleto de drama, traições e tensão retratado em Oppenheimer, nos atentando de forma impactante sobre o perigo de mentes geniais aliadas a mentes mal intencionadas.

E você, leitor do Meia Lua, pretende assistir ao esperado “Oppenheimer”?

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