Expresso do Amanhã (Snowpiercer) – Crítica

Para acabar com o aquecimento global, os governos concordam em espalhar na atmosfera da Terra uma substância que aceleraria o resfriamento do planeta e assim o salvaria, mas o tiro sai pela culatra, pois o resfriamento é muito maior que o previsto e entramos em uma nova Era Glacial.

Por sorte, um excêntrico empresário chamado Wilford havia recentemente finalizado seu plano de uma linha férrea que ligava todos os países em um trajeto que levava um ano para ser percorrido e é abordo deste Expresso do Amanhã que estão os últimos sobreviventes da espécie humana.

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A população deste trem é dividida em classes e é no último vagão do trem que acompanhamos Curtis (Chris Evans) e o plano de uma revolução para a tomada do trem.

Ele conta com a ajuda do líder do último vagão, Gilliam (John Hurt) que recebe informações privilegiadas de um anônimo das classes superiores do trem através de mensagens escondidas nas barras de proteína que são distribuídas diariamente aos passageiros.

O filme estabelece rapidamente o histórico das revoluções anteriores, como estas fracassaram e como os encarregados no mantenimento da ordem no trem reprimiam quaisquer sinais de insurgência de forma violenta e exagerada e usa esta repressão como motivador de Curtis.

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O símbolo dessa repressão é Mason (Tilda Swinton, em atuação espetacular), a representante e emissária de Wilford, uma mulher de visual e atitudes peculiares que em seus discursos e conversas deixa claro que cada um no trem tem sua função e, o mais importante, seu lugar. Ela tem a função de garantir que cada um permaneça no vagão que lhe cabe e para isso recorre ao medo e à violência.

Fica claro desde o início que o filme tem foco nas discussões de política e divisão em classes sociais, mas não deixa que este foco suprima a ação e o drama dos personagens e isso torna o filme bastante equilibrado e dinâmico.

Há uma alternância frequente entre diálogos e discussões mais densos e cenas de ação impressionantes e em pouquíssimos momentos o espectador poderá sentir que o filme tem duração de duas horas.

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As cenas de ação ficam ainda mais impressionantes quando lembramos que elas ocorrem dentro do confinado de um trem, pois em muitos momentos parece que estamos em batalhas campais dignas de Senhor dos Anéis ou Coração Valente.

O previamente mencionado equilíbrio entre as cenas é mérito do diretor coreano Joon-Ho Bong que consegue impor um rítmo acelerado para a ação enquanto trata com cuidado as cenas dramáticas, dando peso ao drama dos personagens mesmo que em momentos falte um pouco de profundidade nos diálogos e algumas calmarias se alonguem levemente além do necessário.

Outro mérito do diretor em conjunto com sua equipe técnica foi a decisão por filmar em um trem cenográfico montado integralmente em estúdio, com cada vagão estruturado individualmente e contando com diversos aparatos para simular o movimento do trem, pois conseguiu dar maior credibilidade ao mundo criado e à sensação de confinamento e desassociação do ambiente externo.

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A trilha sonora de Marco Beltrami e edição de som do filme também merecem elogios, pois absorvem o espectador e estabelecem os climas ideais para cada cena.

O Expresso do Amanhã é baseado na história em quadrinhos francesa ‘Le Transperceneige’ criada por Jacques Lob e Jean-Marc Rochette e publicada primeiramente pela editora Casterman em 1982. E ainda sem edição no Brasil.

O filme estreou nos cinemas brasileiros nesta última quinta-feira dia 27 de agosto e deve ser conferido na grande tela!

Trailer:
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