Exoprimal é simples, mas inteligente| Análise 

Com vários remakes da franquia Residente Evil os fãs de Dino Crisis criaram uma fagulha de esperança na possibilidade de algum “lançamento” da franquia. Todavia, o que recebemos foi Exoprimal um não-Dino-Crisis, com uma estrutura que é simples, mas inteligente e divertida. 

Apresentação 

Exoprimal é um “hero shooter” em terceira pessoa com campanha multiplayer competitiva, publicado e desenvolvido pela Capcom.  

A versão testada foi a disponível no gamepass, e apresentou alguns atrasos no carregamento das texturas detalhadas, contudo o visual de Exoprimal não é ruim e o design das armaduras é muito bom e diversificado. O jogo tem inicialmente 2 modos habilitados: treino e campanha (war games). Há um terceiro modo indisponível no momento, mas que é liberado quando a campanha principal é finalizada. 

A campanha 

A campanha de Exoprimal acontece no que o jogo chama de War Games. 

Você joga com Ace, um combatente membro de uma equipe composta por: Alder, Sindy, Majesty e Lorenzo, personagens muito bem elaborados e cheios de personalidade, que estão presos em uma ilha e lá são obrigados a lidar com uma IA (Leviatan) obcecada em completar o objetivo para o qual foi construída e mantém combatentes presos em loops de testes de sobrevivência.  

Nesses testes os combatentes terão que sobreviver a hordas de dinossauros enquanto competem com outros times pela própria vida. 

Embora não pareça, a campanha de exoprimal está se desenrolando enquanto jogamos em um modo essencialmente PvP (player versus player) que é composto em geral por 5 missões, sendo a 5ª PvE (player versus enemies) ou PvP em um combate direto, as 4 primeiras são como um “Time Atack” PvP, em que as equipes ficam constantemente disputando quem derrota mais rápido as hordas de dinossauros. 

Após cada combate o jogador recebe parte de um banco de dados que contém elementos da história que podem ser conferidos um a um ou vários de uma vez. O jogo dá pistas de que coletamos informações suficientes colocando cenas de corte antes ou depois das batalhas. E isso fica evidente quando assistimos a um pacote de dados por completo. As informações são postas e logo em seguida e mesma cena de corte que o jogo já exibiu é exibida novamente, mas dentro de um contexto. Isso pode deixar as coisas um pouco confusas, mas é uma boa saída do jogo para dizer “olha, não parece, mas você está dentro de uma história”. Além disso, enquanto estamos no “lobby” Leviatan também dá sinais de avanço da campanha, em suas interações com o player e quando trasforma o lobby em arena para combates mais pesados e boss fights. 

A história de Exoprimal é muito boa, cheia de elementos de ficção científica viagem no tempo e super interessante para quem se interessar em acompanhar todas as informações. 

Gameplay 

Como mencionado, Exoprimal possui dois modos de jogo. Tudo gira em torno dos war games de Leviatan. 

Talvez alguns players se sintam frustrados por não haver a possibilidade de escolher de forma detalhada o tipo de jogo. Em outros hero shooters, onde embora o jogo seja apenas PvP 5 vs 5, você pode escolher em qual tipo de ambiente o combate será travado. Seja em um “mata mata” ou em um “pegue a bandeira”. Contudo, em Exoprimal, embora haja uma certa diversidade de cenários, quem decide qual o ambiente em que a batalha será trava é Leviatan. Isso, particularmente, impede o jogo de ficar na mesmice. 

As missões evoluem conforme a história progride, indo de uma pequena missão de extermínio a boss fights onde 10 players jogam juntos sem possibilidade de respawn.  

Os controles são super responsivos, e cada personagem joga diferente de um para o outro. Além disso cada jogador pode, a qualquer momento, mudar sua classe para atender as necessidades do time, tornando o jogo completamente flexível ao mesmo tempo que torna essa flexibilidade essencial para a vitória. 

Os players são recompensados por cumprirem bem sua tarefa durante a batalha. Um jogador tanque pode ser MVP simplesmente por ficar parado defendendo seu time dos ataques inimigos sem precisar matar um único oponente, seja ele um player adversário ou um dinossauro. É maravilhoso ver a interação dos players em boss fights com respawn limitado, ou sem a possibilidade de respawn. Em jogos como Rogue Company, por exemplo, um player morre e seu companheiro passa pelo local e nem se preocupa em ressuscitar o player morto, mas em Exoprimal vemos um player morrer, um healer tentar ressuscitar o player morto enquanto um tanque defende o healer. Uma perfeita interação cooperativa pelo bem maior da equipe que acontece mais frequentemente do que se imagina. Talvez essa seja a grande mágica de Exoprimal: trabalhar cooperação e competição ao mesmo tempo. 

Cada exosuit joga de forma distinta independentemente da classe. Se o jogador quer dano ele pode, por exemplo, escolher Dead Eye e ficar atirando no estilo Call of Duty ou pode escolher Zephyr e pular no meio dos dinossauros e fazer combos como se jogasse um beat’ em up. A mesma analogia pode ser usada para absolutamente qualquer outra classe. 

Críticas 

Dois prontos fracos de Exoprimal são a navegabilidade pelos menus e o jogo não ser free-to-play. 

Exoprimal claramente foi desenvolvido para PC, com sua navegação essencialmente feita com o mouse. Essa adaptação para os consoles ficou bem ruim, trazendo a sensação de que foi algo que menos teve atenção da equipe de desenvolvimento. Alguns acessos poderiam ser claramente facilitados usando do D-pad e botões de confirmação. 

A questão de ser free-to-play é algo que provavelmente vai impactar na popularidade do jogo. Embora tenha um passe de temporada o jogo deve ser comprado (como é o caso de Street Fighter 6), isso indica uma certa insegurança da Capcom para trazer um jogo completamente free-to-play, talvez isso mude no futuro da mesma forma que aconteceu com Overwatch, mas o fato de ser free to play traz mais jogadores abertos à experiência e isso certamente evita críticas que jogadores que estão pagando farão ao comprarem o jogo esperando uma coisa e encontrando outra. Críticas de decepção são sempre críticas mais severas. 

Outro elemento que pode ser ruim para algumas pessoas é a simplicidade da customização do personagem, mas esse é um elemento que não gera tanto impacto pois o foco mesmo está nas exosuits. O rosto do personagem é apenas para os momentos de cenas de corte, é para criar um simples avatar que te represente como player. Não é, por exemplo, como a proposta do World Tour, já que falamos de Street Fighter 6, em que você está o tempo todo em contato com seu personagem vivenciando uma realidade diferente por meio dele. 

Além dos elementos acima, há um elemento claramente decepcionante. O modo de jogo aparentemente mais divertido ainda não está disponível (considerando o momento de produção dessa análise). Ele é anunciado, mas permanece indisponível. Talvez uma estratégia para criar uma base de players para o modo mais desafiador, mas é decepcionante. É como dizer a uma pessoa “Olha, eu tenho um presente pra você! Só que ainda preciso ir comprar!”. 

Conclusão 

Exoprimal é um jogo recomendado, principalmente se você for jogar usando Gamepass. Mesmo com uma estrutura simples o jogo cria momentos bem divertidos, principalmente para que gosta de uma boa competição. Exoprimal é exímio na tarefa de criar um ambiente de competição. Focado no caráter de urgência, com missões que são essencialmente uma corrida contra o tempo, o jogo mantém o player engajado na competição ao mesmo tempo que abre espaço para verdadeiras interações de equipe. Há claramente elementos a serem adicionados, dessa forma o jogo tem potencial para ficar ainda melhor no futuro. 

Não esqueça de conferir nosso canal no YouTube

Confira também: