É fato que, de uns tempos pra cá, tem surgido muitos jogos do gênero terror que prometem emoção, mas acabam entregando mais do mesmo: jump-scares previsíveis, uma história fraca ou um gameplay ruim que faz com que não nos apeguemos a ele. Mas, dentre muitos, há aqueles que se destacam, e um destes me chamou muita atenção na primeira vez que eu vi: Decarnation, jogo estreante do estúdio Atelier QDB.
Decarnation se trata de um jogo de terror em 2D com gráficos em pixel-art que promete aterrorizar qualquer jogador que se atreva a jogá-lo. Mas o que será que ele tem de tão especial? E o que o faz não se tornar somente mais um nesse meio repleto de jogos do gênero?
História que mexe com seu psicológico
No jogo nós controlamos Gloria, uma dançarina de Cabaré em Paris nos anos 90. Gloria está posando para um escultor que está fazendo uma estátua sua para ser exposta em um museu da cidade, e então a história então salta alguns dias, nos levando para o seu mini apartamento. Ela acorda e escuta alguém bater em sua porta: é sua namorada Joy, que veio buscá-la para irem juntas ao Museu apreciar a estátua.
Chegando ao local, as duas passam pela recepção e seguem para o local em que se encontra a estátua, mas na verdade somente Glória vai, porque Joy fica distraída com algumas coisas do museu. Ao ver a obra, Glória entende que era melhor ter ficado em casa e foge correndo do local, assustando até mesmo Joy que fica sem entender nada e pergunta a ela o que aconteceu. Porém, Gloria não fala e só pede para irem embora do local.
Ao chegar ao apartamento de Gloria, ela entrega um presente a Joy: a chave de seu apartamento. O gesto representa o desejo de dar um passo a mais em seu relacionamento, mas Joy não reage da melhor forma e acaba por decepcionar Gloria.
Alguns dias depois, em seu apartamento, Gloria recebe um telefonema do representante de um magnata que diz ser um grande fã de seu trabalho e a oferece o emprego dos sonhos, no qual ela terá controle de tudo: das performances, das roupas e das músicas. Ela se mostra receosa no início e pede para pensar um pouco, mas após alguns acontecimentos em sua vida ela resolve aceitar a proposta. Então, Gloria se encontra com o magnata em um local da cidade, mas o que acontece lá coloca a sua carreira e até mesmo a sua vida em total perigo.
A história de Decarnation é profunda e ao mesmo tempo pesada, trazendo um ar de desconforto em certos momentos, a ponto de você se perguntar o porquê de tudo aquilo estar acontecendo e até mesmo questionar se as atitudes que a própria protagonista toma, são necessárias. Em muitos momentos, confesso que senti este desconforto no desenrolar desses acontecimentos.
A campanha é curta, zerei com cerca de 5 horas de jogo. Porém, já esperava esse tempo, visto que é um jogo simples e bem linear.
Jogabilidade simples e interligada a história
A jogabilidade de Decarnation é bastante simples: durante quase todo o jogo basicamente caminhamos e interagimos com alguns itens pelos cenários. Pode-se dizer que a jogabilidade está muito ligada a história do game, portanto, sem uma história igual à que nos é apresentada, a jogabilidade não seria a mesma.
O jogo conta ainda com várias resoluções de puzzles não muito difíceis e alguns momentos de quick-time events, ou apertar o botão no momento certo, mas nada muito complexo.
Direção de arte impecável
Um aspecto que dá show em Decarnation, com certeza, é a sua direção de arte. A escolha pela pixel-art trouxe um ar único para o jogo, deixando o jogo muito bonito visualmente ao mesmo tempo em que deixa o jogador aterrorizado com tantos detalhes em tela.
Falando também sobre os cenários, cada um apresentado no título tem uma característica própria que o torna único, tudo vindo da mente de sua protagonista, o que deixa os jogadores totalmente imersos a ponto de fazê-los entender o que realmente está se passando na mente da protagonista.
Trilha Sonora maravilhosa e Efeitos Sonoros imersivos
Quando soube que a trilha sonora seria feita por Akira Yamaoka, o mesmo por trás da trilha de quase toda a Franquia Silent Hill, já esperava uma escolha de músicas muito bem feita, e foi isso que pude notar em Decarnation. Não há no jogo qualquer música que não supere as expectativas sobre qualidade, e posso afirmar com toda a certeza, uma vez que ao encerrar a campanha procurei cada uma delas para escutar.
Falando um pouco sobre efeitos sonoros, aqui entra outro ponto super positivo do jogo. Tudo foi escolhido para você se sentir realmente na pele da protagonista: o som dos passos, ao interagir com objetos, o barulho da multidão em um local cheio. Tudo é muito bem trabalhado e feito para te proporcionar a melhor experiência de imersão já vista em um jogo de terror.
Algo importante a ressaltar e que aprimora a parte imersiva, é que em alguns pontos do jogo quanto mais você se aproxima de um objeto, mais alto se torna o som que ele emite. E quando você se afasta, o som que ele faz diminui aos poucos, gerando uma sensação impressionante de que é você quem está vivendo tudo aquilo, e não a personagem.
Considerações Finais
Decarnation traz uma história profunda e pesada que te prende do início ao fim, te levando a questionar sobre cada acontecimento do jogo ao mesmo tempo em que te traz cada vez para mais próximo da protagonista, proporcionando uma experiência de terror imersiva e com uma trilha sonora que não sairá tão cedo da sua cabeça. Com certeza é uma das melhores experiências que eu tive com algum jogo não apenas neste ano, mas em toda a vida.
Decarnation está disponível para Nintendo Switch e PC via Steam.
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Texto revisado por Patrícia Rodrigues