Análise | The Elder Scrolls Online: Dragonhold

A Temporada do Dragão levou os jogadores em uma longa jornada: começando com a exploração de ruínas Dwemer e Ayleid atrás de um artefato que acabou libertando os dragões; seguindo para a jornada até o norte de Elweyr, e libertamos o reino de Anequina da tirania de Euraxia Tharn e frustramos os planos do necromante Zumog Phoom e dos dragões Mulaamnir e Kaalgrontiid; em seguida, enfrentamos o dragão Maarselok em Grathwood – cuja corrupção ameaçava destruir a fauna e flora da região -, e impedimos que um desertor da Dragonguard e um clã de vampiros bebessem o sangue de um dragão em Elsweyr. Na quarta e última parte da temporada, os jogadores se dirigem para o sul de Elsweyr, no reino de Pellitine, a fim de livrar a já castigada região da ameaça dos dragões, mas dessa vez com um aliado muito mais simpático: Sai Sahan.

Sai Sahan retorna com um set novo de armadura e um cachecol estiloso, mas ainda com sua barba fabulosa

Sai Sahan é um personagem que apareceu pela primeira vez na Main Quest do jogo base de The Elder Scrolls Online, sendo apresentado como o líder da Dragonguard, a guarda pessoal do Imperador, e um membro dos Cinco Companheiros. Em Dragonhold, ele retorna a fim de restaurar a Dragonguard em Pellitine, porém dessa vez com o propósito original da facção: caçar dragões.

Bem-vindo ao reino do Sul de Elsweyr, Pellitine

A História

A reconstrução da Dragonguard e a jornada em Pellitine começa com as quests prólogo The Dragonguard’s Legacy e The Horn of Ja’darri. Em The Dragonguard’s Legacy, o jogador trabalha junto com Kasura e Sai Sahan para explorar antigos santuários da Dragonguard a fim de encontrar armas e informações úteis para enfrentar os dragões. A parte mais legal dessa quest, além de encontrarmos novamente com Sai Sahan – o único homem em Tamriel corajoso o suficiente para enfrentar um dragão sem armadura peitoral ou camisa -, é a introdução de uma besta de mão que serve como um gancho, permitindo que os jogadores possam chegar a locais fora do alcance nos santuários, mas é difícil não ficar pulando de um telhado para outro no Abbey of the Blades logo após a aquisição do item, dado que é uma mecânica muito divertida.

Explorando um dos Santuários da Dragonguard
Usando a besta de gancho

Ao final de The Dranguard’s Legacy, o jogador descobre que um item poderoso para enfrentar os dragões – a Horn of Ja’darri (Corneta de Ja’darri) – foi roubada pelo dragão Vahlokzin, fazendo com que a quest The Horn of Ja’darri comece tendo o objetivo a recuperação da corneta. A quest é breve, não necessitando viagens ou explorações extensas, se consistindo em uma exploração de uma dungeon – o covil de Vahlokzin – e enfrentar o dragão. A batalha é desafiadora, porém não é complicada, visto que Vahlokzin tem a dificuldade de um boss de delves ao invés da dificuldade de World Bosses, como os que os dragões até então tinham.

Enfrentando Vahlokzin

No final da quest, Sai Sahan fica com a corneta e o personagem do jogador segue seu caminho, aguardando o próximo chamado para ação dele, ou até o jogador dar início a main quest.

Para começar a main quest de Dragonhold, basta viajar para Senchal usando um wayshrine. Ao chegar na cidade, você logo verá Sai Sahan nas proximidades. É só interagir com ele que a conversa irá dar início à primeira parte da storyline.

O início da Main Quest coloca o jogador junto a Sai Sahan tentando conseguir o apoio do General Meric Renmus – que atua como o governador de Pellitine – contra a ameaça dos dragões, porém o general informa que seus soldados e recursos não podem ser distraídos da sua tarefa de garantir a segurança de Senchal e seus cidadãos, principalmente em caso de um dragão atacar a cidade. Mesmo com a recusa de auxílio do General Renmus – que poderia ter sido um pouco mais educado -, o jogador não sai de mãos vazias do encontro, pois a filha do General – Aeliah Renmus – oferece ajuda indicando a tripulação do The Perfect Pounce para a tarefa de levar Sai Sahan e o jogador para a ilha de Tideholm – lar de um santuário da Drangonguard e onde testemunhas dizem terem visto um dragão indo na sua direção, assim como a ocorrência de trafego suspeito de navios para a ilha.

Trabalhando lado a lado com Sai Sahan

A missão em Tideholm não vai exatamente como o esperado. O jogador entra no santuário esperando que a sua jornada por dentro da construção acabaria com uma batalha contra um dragão, mas ao invés disso somos apresentados ao dragão Nahfahlaar, que está em guerra com o dragão Laatvulon e seu culto, a Order of the New Moon (Ordem da Lua Nova). Nahfahlaar propõe uma aliança com a Dragonguard para impedir os planos destrutivos de seu inimigo contra Tamriel, afirmando que ele já havia feito algo semelhante no passado ao entregar um de seus chifres para a confecção da Corneta de Ja’darri, informação que procede dado que Nahfahlaar é imune aos efeitos do artefato. Mesmo com o bom-senso gritando e dizendo que não é uma boa ideia se confiar em um dragão, a aliança é formada e a Dragonguard se estabelece em Tideholm.

Formando a aliança com Nahfahlaar em Tideholm

As partes seguintes da Main Quest se tratam do jogador explorando Pellitine, fazendo missões tanto para Nahfahlarr quanto para a Dragonguard a fim de tentar frustrar os planos da Ordem da Lua Nova, de Laatvulon e de Kaalgrontiid – inimigo que enfrentamos em Elsweyr, que eventualmente retorna graças às ações da Ordem -, que estão usando o desespero dos nativos de Senchal e Pellitine. Para piorar as coisas, o necromante – porque é claro que tem um necromante – Ra’khajin está trabalhando com o culto e se mostra capaz de transformar dragões em mortos-vivos com o auxílio de uma rocha especial, o que acrescenta uma complicação a mais.

Laatvulon e a Ordem da Lua Nova realizando seus esquemas
Ra’khajin ressuscitando um dragão
Retorno da besta de gancho

No geral, a história é bastante divertida, e como Sai Sahan conhece o personagem do jogador sabe o que ele é capaz de fazer, o jogador fazer as missões de campo enquanto ele permanece no santuário treinando os novos membros da Dragonguard é natural. Os novos NPCs adicionados são uma coleção colorida e festiva de personalidades, fazendo com que as interações com eles sejam engraçadas, inclusive quando se trata de Za’ji e Caska. Durante a main quest, nós aprendemos um pouco sobre o histórico dos NPCs, o que além de ser uma forma de enriquecer a história, faz todo sentido por eles serem nativos da região.

Pellitine

Assim como Anequina, Pellitie sofreu muito com os efeitos da Gripe de Knahaten (Knahaten Flu), fazendo com que os que sobreviveram à epidemia começassem a fazer de tudo para sobreviver, se tornando uma região de criminosos e traficantes de escravos, dispostos a se aproveitar da vulnerabilidade dos nativos. A capital, Senchal, se tornou um local de refúgio para os nativos, visto que a Décima Terceira Legião Imperial – rebatizada de “Escudos de Senchal” (Shields of Senchal) e lideradas pelo já mencionado General Renmus -, que estão seguindo a última ordem dada pelo Imperador Varen Aquilanos: restaurar e manter a ordem na região. Porém, qualquer semblante de ordem está prestes a ruir, e a ambientação de Senchal deixa isso claro.

Visual de parte de Senchal.
É possível ver a prosperidade e a decadência da cidade lado a lado

O modo como o cenário de Senchal foi construído deixam claros os diversos problemas na cidade, principalmente na desigualdade social. A cidade possui duas entradas por terra: uma delas pode ser considerado um buraco na muralha e se localiza na favela da cidade, que é construída de forma irregular com segurança e integridade duvidosas; a segunda entrada é um lado mais bonito da cidade, com um grande portão e uma estátua, apresentando o que pode ser considerado o “lado que você mostra para os turistas” de Senchal, mesmo assim é possível ver a decadência da cidade, com os prédios de rocha e monumentos se desintegrando por conta do tempo e exposição sem a devida manutenção.

A construção das paisagens do Sul de Elsweyr é bem diferente do que vimos da região até então: Pellitine é composta por pastagens tropicais – repletas de flores coloridas -, selvas e rios. A diferença no cenário faz bastante sentido, visto que o reino se encontra em uma área costeira, o que permite que o clima seja mais quente e úmido.

Amostras das paisagens de Pellitine

Essa mudança para um cenário mais verde e colorido demonstra a extensão da região de Elsweyr, e – honestamente – é difícil não parar para tirar algumas screenshots.

Novidades e Desafios

A chegada de uma nova DLC também significa mais conteúdo para os jogadores adquirirem e desafiarem.  Além da main quest e quests paralelas – que contam a história da Temporada do Dragão, de Pellitine, de seus cidadãos e cultura -, foram adicionadas quatro quests repetitivas para os jogadores adquirirem recompensas: dois dos NPCs localizados em Senchal entregam quests de delves e world Bosses; as outras duas quests são distribuídas no santuário da Dragonguard, uma de exploração por Tamriel em busca de relíquias da facção e a outra de caçada de dragões em Pellitine.

Entre essas recompensas estão os novos sets de equipamentos: Marauder’s Haste set (armadura leve), Dragonguard Elite set (armadura média), e o Senchal Defender Set (armadura pesada) -, e as quests adquiridas na Dragonguard possuem chance de disponibilizar as páginas de estilo de armas e armaduras da Dragonguard. Também foram adicionados três sets de equipamentos que podem ser criados pelos jogadores em estações localizadas em diferentes pontos do mapa nos três tipos de armaduras: Ancient Dragonguard Set, Daring Corsair Set, e o New Moon Acolyte Set.

Da esquerda para direita: armadura leve, média e pesada no estilo Dragonguard. Essas são as cores originais, não precisa manter elas se não quiser

O combate contra dragões foi aprimorado na expansão, tanto na região do Norte como no Sul de Elsweyr. Antes, os dragões possuíam alta resistência, pontos de vida e os ataques eram devastadores, mas todos esses fatores não chegavam a ser um grande problema se mantida a distância saudável e evitar as áreas em vermelho na hora certa. Agora, os dragões estão muito mais desafiadores, agora eles perseguem os jogadores pelo campo – o que faz mais sentido dado que antes eles ficavam parados em um ponto do campo de batalha e voarem de vez em quando para soprarem fogo nos jogadores – e são capazes de usarem magias, ataques e sopros em área que dão MUITO dano – sério, eu não consigo expressar em palavras a quantidade de dano que os personagens recebem em pouco tempo, a coisa é muito absurda. Então se você não tem uma habilidade de cura própria ou poções de regeneração de vida, vai acabar se encontrando navegando pelo campo de batalha procurando áreas de cura lançadas por outros jogadores ou gastando uma boa quantidade de soul gems para suas ressurreições.

Também foram adicionados dragões que sopram gelo e tempestade, o que dá uma variedade maior de inimigos para enfrentar. A parte mais legal é que é possível distinguir os três tipos de dragões – fogo, gelo e tempestade – pela suas cores e modo como eles são estilizados. Essas mudanças foram muito bem-vindas na perspectiva visual e de combate.

Vale a pena Comprar Dragonhold?

Tal como dito anteriormente, a história principal contada em Dragonhold é bastante divertida e intrigante, fazendo com que a reconstrução da Dragonguard e o confronto contra os dragões e a Ordem da Lua Nova dê um senso de compromisso, principalmente considerando que o jogador é parcialmente responsável pela libertação dos dragões – valeu por nos incluir nessa Abnur Tharn – e que estamos enfrentando esses inimigos desde Elsweyr.  Isso faz com que a última parte da Temporada do Dragão tenha um final impactante e satisfatório.

As quests adjacentes são muito prazerosas de se fazer, permitindo uma visão geral de como a cultura de Pellitine se difere de Anequina, e a diferença entre as devastações que a Gripe de Knahaten causou nas duas regiões, então realizar missões que ajudam os locais é um prato cheio para os amantes de lore e história, e perfeita para quem quer ser um herói. As quests também dão um senso de progressão, principalmente quando realizadas as missões da Dragonguard: quanto mais missões você realiza, mais membros se juntam à organização, o que reforça a proposta de “reconstruir a Dragonguard” apresentada na descrição da expansão.

Se você curte uma boa história e já jogou Elsweyr, recomendo fortemente Dragonhold para você testemunhar e participar da narrativa da Temporada do Dragão.

Dragonhold está disponível gratuitamente para os assinantes da ESO Plus e disponível para compra na Crown Store por 2,000 crowns, com o Collector’s Bundle – que inclui a montaria Legendary Dragon Horse, o pet Legendary Dragon Wolf e cinco pergaminhos de experiência – disponível por 4,000 crowns. A DLC está disponível agora para PC, Mac, PlayStation 4 e Xbox One.

Montaria e pet disponíveis no Collector’s Bundle de Dragonhold

Laura Giordani

Historiadora e estudiosa de imagens e mídias viciada em jogos, filmes, HQs, livros, podcasts, RPG, animes e séries. Quando não está tentando desvendar os mistérios da História e sua relação com as novas mídias, ou tentando navegar pelo seu quarto debaixo de pilhas gigantes de livros, pode ser encontrada em um canto meio iluminado jogando algum título da série Final Fantasy, Diablo, Elder Scrolls ou Pokemon. Sua preferência literária é vasta, porém há preferência pelos temas de fantasia, ficção científica, cyberpunk e terror. Suas mais notáveis habilidades são: ingerir dezenas de litros de cafeína sem ter um ataque cardíaco e tagarelar por horas sobre nerdices sem parar.