Análise | The Elder Scrolls Online: Blackwood

A segunda fase dos Portões de Oblivion começou diferente de outros capítulos recentes. Enquanto Elsewyr e Greymoor tinham uma ameaça iminente e problemas políticos, Blackwood chega com um mistério. Como vimos na primeira fase – a DLC de dungeons Flames of Ambition –, peças estão se movendo ao redor da dinastia de imperadores Longhouse e o culto a Mehrunes Dagon chamado de Chama Desperta (Waking Flame Cult).

O nome Mehrunes Dagon não é estranho para os jogadores da franquia The Elder Scrolls por dois motivos: ele é um dos Daedric Princes – divindades consideradas malignas que possuem muito poder sobre os mortais -, e porquê ele foi o vilão principal em The Elder Scrolls IV: Oblivion. Cronologicamente, Oblivion se passa 800 anos de The Elder Scrolls Online, o que significa que essa é a primeira tentativa de Dagon de atacar Tamriel. Também significa que será fácil impedir que isso aconteça.

Visão Geral

As histórias das quests da DLC Flames of Ambition se conectaram com as quests prólogo “A Mortal’s Touch” e “The Emperor’s Secret” – que estão disponíveis para todos os jogadores – onde descobrimos que Lyranth ainda está investigando o Culto da Chama Desperta e ela precisa de nossa ajuda para continuar com sua busca, no caminho nos encontramos com Eveli Sharp-Arrow, que decidiu investigar quem também estava atrás do livro que ela havia sido contratada para adquirir.

A investigação – que aprece ter saído de um dos livros que a Eveli tanto ama – revelam o seguinte: O Imperador Leovic tinha um segredo o qual ele confiou partes para seus conselheiros e mordomo, o mesmo que o Culto da Chama Desperta está atrás visto que envolve Mehrunes Dagon e algo chamado as “Quatro Ambições”, e alguém está disposto a manter o segredo um segredo. Com tempo sendo essencial, tudo indica que é necessário ir até a região Blackwood, onde vários membros que atuaram no Conselho Imperial durante o reinado de Leovic estão localizados.

Blackwood se localiza entre Cyrodiil e Black Marsh, o que, politicamente, é um problema, visto que a sua proximidade com Cyrodiil coloca a região em perigo de se envolver com a guerra das Três Alianças a qualquer momento. Talvez seja por conta disso que as autoridades não possuem urgência ou meios para se preocupar com o aviso de Eveli que os antigos membros do Conselho Imperial estão em perigo. Por isso, é delegado ao personagem do jogador a missão de encontrar os membros e procurar salvá-los.

Infelizmente, quem quer manter o segredo de Leovic e a aquisição das Quatro Ambições secretas está muito disposto a fazer com que isso aconteça, pois empregou a Dark Brotherhood para eliminar os antigos conselheiros. E se há algo que os jogadores da série The Elder Scrolls sabem, é que você é o alvo de um contrato da Dark Brotherhood, não há chances de sobrevivência.

Como os conselheiros não parecem realmente saber qual era o segredo de Leovic ou o que seriam as Quatro Ambições, além de não saberem quem estaria interessado em manter essas informações um segredo.

Os mistérios se acumulam e não há uma solução óbvia, necessitando que o jogador tenha que queimar muitos neurônios para descobrir as respostas antes que elas sejam reveladas com o andar da narrativa. Achei a história muito bem escrita, a melhor já apresentada em um capítulo do The Elder Scrolls Online, sendo bem envolvente e sem desfechos óbvios, como ocorreu em algumas das quests até então.

A sensação de jogar Blackwood parece menos nostálgica comparada ao capítulo anterior, onde o cenário era extremamente familiar. Aqui nós temos uma área que pode ser familiar aos jogadores de Oblivion – como Leyawiin, que honestamente está irreconhecível com as melhorias dos gráficos – e a adição do NPC Adoring Admirer (Admirador Admirável), uma referência o Adoring Fan (Fã Adorador) que aparece em Oblivion que resulta em algumas interações hilárias.

A inspiração pode ter sido o quarto jogo da série The Elder Scrolls, porém Blackwood coloca os jogadores em uma região completamente nova para explorar, transformando-a em uma grande novidade para ser explorada.

Ambientação

Como dito anteriormente: Blackwood é região entre Cyrodill e Black Marsh, o que faz com que tenha um terreno alagado com a fauna e flora muito similares aos pântanos de Black Marsh, possuindo áreas escuras com pouco sol e com florestas, por isso o nome – que significa “Madeira Negra”.

Apesar desse terreno ser de certa forma familiar aos jogadores veteranos – visto que houve a oportunidade de explorar áreas alagadas como Shadowfen e Murkmire anteriormente -, a construção do ambiente mostra a ecleticidade da região. Há a mistura da cultura e arquitetura dos imperiais com a dos argonianos, essas diferenças também causam conflitos, principalmente quando os argonianos estão entre uma das raças mais exploradas e injustiçadas de Tamriel por parte das raças mais “humanoides”.

Essa variedade de culturas se agrava com a presença de algumas ruínas Ayleid – que faz com que mágica estranha aconteça e algumas áreas – e a presença de cultos a Daedras, que estão ligados ou não à Chama Desperta. Isso faz com que a maioria das quests estejam ligadas não apenas aos clássicos “resolva esse problema para mim”, mas também envolve acontecimentos estranhos ou alguma confusão usando magia.

Algumas dessas quests possuem personagens já conhecidos dos jogadores:

– Lady Clarisse Laurent e Stibbons (Um caso HILÁRIO de magia dando errado), que conhecemos no jogo base e encontramos algumas vezes em expansões;

– O Duque dos Corvos e a sua Corte da Plumagem Negra, que encontramos na public dungeon Crow’s Wood no jogo base e na main quest de Clockwork City;

– Alchemy, que encontramos em uma das quests do capítulo Summerset.

As quests são muito divertidas de fazer e ajudam muito na hora de explorar o novo cenário.

Novos Desafios

É claro que um novo capítulo e área traz novos desafios para os jogadores: Um novo evento do mapa – os Oblivion Portals -; duas public dungeons – Zenithar’s Abbey e The Silent Halls -; e o trial Rockgrove.

Oblivion Portals

Diferente dos outros eventos de mapa introduzidos anteriormente, os Oblivion Portals (Portais para Oblivion) não estão marcados no mapa do jogador, sendo necessário encontrar os pontos onde ele ocorre. Esse sistema dá certo por conta do evento ser um portal – tal como o nome diz – que leva os jogadores para as Deadlands, o reino de Mehrunes Dagon em Oblivion. Lá, os jogadores devem enfrentar inimigos até chegar ao centro da área, onde o Boss Final está localizado. Após vencer o Boss, será disponibilizado um baú com recompensas do evento, após isso cabe ao jogador decidir se deixa as Deadlands e retorna para Nirn, ou se fica para conseguir mais recompensas na próxima rodada.

O que eu mais gostei dos Oblivion Portals foi a dificuldade presente neles. Enquanto é possível encontrar seu caminho até a área final por conta própria, conforme se avança os inimigos ficam cada vez mais fortes, o que pode complicar a vida do jogador se ele não tiver cuidado. Seria interessante ir com companhia ou esperar outro jogador aparecer se não conseguir avançar por conta própria.

Public Dungeons

Blackwood traz duas novas public dungeons para os jogadores explorarem, evoluírem seus personagens e conseguir novos itens. Como todas as public dungeons, elas vêm com: um evento de grupo, um boss mais poderoso que os demais que dá como prêmio um skill point na primeira vez que os jogadores o terminam; um skyshard; uma quest de história do local; um item colecionável que os jogadores devem montar.

Zenithar’s Abbey

Zenithar’s Abbey é um grande centro comercial que serve como um templo ao deus Aedra Zenithar – deus do trabalho e do comércio. Anos atrás, a Zenithar’s Abbey era o maior centro comercial da região, sendo o lar da Bigorna Dourada (The Golden Anvil), um artefato de poder do deus que abençoava o comércio e os comerciantes no local. Porém, o poder da Bigorna foi corrompido pela desonestidade e corrupção causada pelos comerciantes e administrador do templo, fazendo que o templo decaísse e se tornasse o ninho de monstros e goblins que é hoje.

Na quest, o jogador deve auxiliar um devoto de Zenithar a investigar qual foi o destino da Bigorna Dourada para que ela possa ser levada novamente a um templo de Zenithar e ser utilizada por comerciantes, trabalhadores e devotos.

Conforme se avança na public dungeon e derrota os inimigos, é possível juntar os Inscribed Shards (fragmentos inscritos). Ao combinar 50 desses itens, se consegue a Replica Zenithar Adytum Gate, uma nova mobília para sua casa.

The Silent Halls

The Silent Halls é a segunda public dungeon adicionada com Blackwood. Ela se trata de uma ruína de uma grande cidade argoniana que se perdeu com o tempo, nela está uma planta que tem sua origem das Deadlands, que o herborista – e aparentemente chapado – bosmer Adrahawn deseja ter acesso para poder conversar com ela.

Não, eu não estou brincando… Ele que bater um papo com a planta.

No final das contas, sua personagem aceita acompanhar Adrahawn para garantir que nada ruim aconteça com ele, já que por ser uma cidade abandonada, The Silent Halls está habitada por monstros e criaturas da região. Ela também se tornou a morada de membros de um culto a Mehrunes Dagon, que estão utilizando a planta para motivos nefários e fazendo vítimas.

Os combates nessa public dungeon são mais divertidas do que a presente na Zenithar’s Abbey, sendo igualmente desafiadoras, porém necessitando mais atenção na hora de se movimentar por conta de poças de fogo e veneno deixadas pelos inimigos.

Nessa public dungeon, os jogadores podem adquirir a Thrafey Debutant Gown, um traje para seu personagem que é montado após adquirir 50 Scaly Cloth Scraps (Pedaços de pano escamosos).

Rockgrove

Para os jogadores que desejam um desafio maior, foi incluso do Trial de 12 jogadores chamado Rockgrove. Nesse Trial, os jogadores vão até a antiga cidade de Rockgrove, onde os moradores foram atacados pelo grupo chamado Dagonite, tomando a cidade e fazendo os nativos reféns. O dever dos jogadores é derrotar os Dagonites, salvar os moradores e devolver a cidade para os nativos.

A dinâmica de combate do trial é muito boa, sendo desafiador inclusive no combate com os inimigos comuns, não apenas nos bosses. Os jogadores precisam ficar constantemente atentos nas ações dos inimigos, os DPSs sempre devem ter seus ataques de interrupção prontos ou vários jogadores podem acabar caindo e atrasando o avanço.

As batalhas com os bosses são igualmente dinâmicas. Enquanto muitos trials no jogo se focam em “fique neste local para não ser atingido” quando se trata de evitar levar um dano gigante, Rockgrove diz “Se ficar parado, morre”. Em outras palavras: os combates fazem com que os jogadores tenham que se mover para conseguir causar dano e se manterem vivos, o que dificulta bastante o trabalho dos suportes e faz com que o tank tenha que praticar se mover de um lado para o outro para evitar levar dano.

Além de possuir combates dinâmicos, Rockgrove também utiliza viagens interdimensionais – que são o tema desse capítulo -, levando os jogadores para as Deadlands enfrentar os bosses mais avançados, colocando os desafios de uma perseguição ao Boss final e um jogo de encontrar o original entre as cópias, que pode ser mortal para o grupo de algo der errado.

Os equipamentos disponibilizados em Rockgrove, na minha opinião, são muito mais úteis para DPSs, não trazendo uma grande recompensa para personagens de suporte e tank. Porém, essas recompensas combinam com a dinâmica do trial, fazendo com que elas sejam muito bem recebidas após uma série de combates que desafiou sua capacidade de causar dano e sobreviver.

Sistema dos Companions

Felizmente, apesar desses novos desafios serem um tanto assustadores, os jogadores não precisam mais fazer isso sozinhos graças ao recém-introduzido sistema de Companions.

Companions é uma parte essencial nos RPGs, inclusive é algo que precisamos utilizar durante boa parte dos jogos da série The Elder Scrolls Online, mas é algo que parece ser inútil quando pensamos em um MMORPG, visto que o objetivo do jogo é fazer coisas com outros jogadores. Ter um sistema de companheiros não mataria esse propósito?

Pela minha experiência, os companions NUNCA conseguirão substituir outros jogadores. Um dos motivos mais claros é o mais obvio: São NPCs que são programados para realizar ações limitadas, enquanto os jogadores possuem livre-pensamento e criatividade para agir. Além disso, o dano que os companions causam é MUITO inferior comparado aos dos personagens dos jogadores.

Então, para que servem os Companions?

Os Companions são ajudantes. Há diversos casos de jogadores que querem jogar sozinhos, porém se torna difícil visto que muitas das atividades foram criadas para serem completadas por um grupo. A presença dos Companions facilita para o jogador realizar essas atividades.

Também há casos de personagens que foram criados para serem suporte ou tanks que não conseguem realizar o conteúdo solo do jogo – como delves e quests  – por não serem capazes de realizar muito dano. Se antes a solução era reorganizar as habilidades e levar consigo sets de equipamentos extras, que acabam utilizando muito espaço no seu inventário. A presença de um Companion também ajuda nessa questão, pois eleva o dano contra os inimigos e tira a pressão de ficar reorganizando as habilidades e os Champion Points do seu personagem toda vez se quer fazer algo diferente.

Além dessas razões, é divertido utilizar os Companions. É possível customizar não só o papel que eles desempenham – como suporte, DPS e tank de acordo com as habilidades e a sua ordem colocadas na barra de habilidades – como também a sua aparência. Agora, quando se vai para a uma Outfit Station, é possível mudar a aparência do acompanhante ativo.

A interação com eles é algo que os jogadores que curtem fazer quests e roleplay também irão apreciar. Para adquirir os dois Companions disponíveis até então – Mirri e Bastian -, é necessário fazer uma quest para cada na região de Blackwood, que fará com que eles sintam um laço de amizade ou compromisso com o personagem. Assim que se consegue acesso ao Companion, as ações que você realiza com ele presente melhora ou piora o seu relacionamento.

Exemplo: Seu relacionamento com Bastian fica melhor se você realiza quests diárias da guilda dos Magos, mas piora se ele te ver roubando um NPC. O relacionamento com Mirri melhora se você explora uma dungeon ou delve daedra, mas piora se ela te vê recolhendo um inseto.

Essas coisas parecem pequenas e pouco significantes, mas vale muito a pena prestar atenção nisso, pois quando o Companion te considera um amigo mais próximo, torna-se possível realizar quests de história pessoal deles, que são muito divertidas de fazer, e necessárias se você deseja ter todas as conquistas do capítulo.

            Vale a pena comprar Blackwood?

Blackwood é a segunda parte de uma história contada em quatro partes, então ela se torna essencial caso você queira completar a história sendo contada em Os Portais de Oblivion. Mas isso não quer dizer que você precisa adquirir a expansão imediatamente.

Em particular, eu gostei muito da história da main quest sendo contada. Achei ela bem escrita, encontrando bem um equilíbrio entre mistério, aventura, suspense e terror. A exploração do mapa e as side quests também são muito divertidas, os encontros aleatórios com NPCs e o novo cenário fazem a viagem de montaria valha a pena.

The Elder Scrolls Online: Blackwood está disponível para PC, Stadia, Mac, PlayStation 4, e Xbox One.

Seria interessante também considerar comprar a coleção de colecionador digital, que disponibiliza a montaria Battlefield Nightmare Senche, o pet Jewel-Feathered Sep Adder, o memento Temporal Grimoire, o estilo de armas e armaduras Deadlands Gladiator, e o emote Offer Weapon.

Edição de colecionador de Blackwood

Laura Giordani

Historiadora e estudiosa de imagens e mídias viciada em jogos, filmes, HQs, livros, podcasts, RPG, animes e séries. Quando não está tentando desvendar os mistérios da História e sua relação com as novas mídias, ou tentando navegar pelo seu quarto debaixo de pilhas gigantes de livros, pode ser encontrada em um canto meio iluminado jogando algum título da série Final Fantasy, Diablo, Elder Scrolls ou Pokemon. Sua preferência literária é vasta, porém há preferência pelos temas de fantasia, ficção científica, cyberpunk e terror. Suas mais notáveis habilidades são: ingerir dezenas de litros de cafeína sem ter um ataque cardíaco e tagarelar por horas sobre nerdices sem parar.