A Era de Ouro | CRÍTICA

Participamos da cabine de imprensa de um filme pouco comentado (o que é perfeitamente compreensível mediante a estrondosa era Barbie e Oppenheimer) para contar um pouco sobre nossas impressões. Trata-se de “A Era de Ouro”, longa dirigido por Timothy Scott Bogart que retrata a trajetória de Neil Bogart como fundador da Casablanca Records. A gravadora foi responsável pelo lançamento de gigantes da música como a banda Kiss, Village People, Cher, Donna Summer e Bill Withers. Caso tenha notado, o sobrenome do diretor é o mesmo pertencente ao protagonista da obra, e isso não é mera coincidência: Timothy é filho de Neil Bogart.

O longa retrata e vida profissional e pessoal de Neil ao mesmo tempo em que percorre sua relação com grandes artistas revelados pela Casablanca. Porém, o roteiro se desenvolve de forma ineficaz, deixando pontas soltas que atrapalham de forma considerável a compreensão da história de Neil. Em muitos momentos, aspectos importantes não ficam bem esclarecidos enquanto muito tempo é gasto em acontecimentos secundários, o que faz o filme se perder em pouca informação e muita cerimônia. Traços importantes para a construção do enredo foram pouco trabalhados, como a relação entre Neil e sua esposa ou até mesmo uma explicação mais compreensível dos acontecimentos que levaram a Casablanca do fracasso ao mais absoluto sucesso. “A Era de Ouro” apresenta um emaranhado de histórias expostas em atos que parecem não se conectar, uma vez que se perdem em meio a exagerada exaltação da personalidade, genialidade e excentricidade de Neil Bogart.

Dentre algumas falhas, o que faz valer em “A Era de Ouro” está na parte musical. A forma como as canções são empregadas no decorrer da trama não deixam que se torne um musical exagerado ou cansativo: tudo está na medida e orna com os acontecimentos. Para os apaixonados por música o filme provavelmente será uma experiência agradável, ornando sucessos de variados estilos em sua composição sonora. Além disso, a temática em si atrai bastante atenção, e é necessário reconhecer que há certa genialidade na composição de algumas cenas, apesar de tal genialidade acarretar num tom exageradamente fictício para uma obra que retrata acontecimentos reais.

O elenco do longa conta com alguns nomes não tão conhecidos, mas todos desempenham muito bem os papéis para os quais foram designados. Mesmo que Jeremy Jordan represente bem a singularidade do protagonista Neil, quem rouba a cena, com toda a certeza, é Tayla Parx, que interpreta Donna Summer, uma das grandes estrelas reveladas pela Casablanca Records. Tayla dá vida a uma verdadeira estrela e brilha de forma notável nos momentos finais. Infelizmente, Michelle Monaghan foi ofuscada pela pouca ênfase dada a sua personagem, Beth Bogart, mas em seu pouco tempo de tela vemos uma grande atuação.

Ao encerrar da trama, não considero que “A Era de Ouro” seja um filme absolutamente ruim. Ele é agradável e interessante o suficiente para quem busca por um bom tempo de entretenimento, e chama a atenção pela proposta. No entanto, o desenrolar da história deixa bastante a desejar, como se boa parte do enredo fosse anulada para que apenas Neil brilhasse. E é isso o que gostaria de ter visto acrescentado ao filme: a história e seus personagens explorados de forma mais conexa e detalhada.

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