The Last of Us Parte 2 é incrível, chocante, de tirar o fôlego e supera seu antecessor | Análise

O primeiro The Last of Us, lançado em 2013, pegou toda a comunidade gamer de surpresa com uma abordagem mais pessoal, voltada para a história, onde acompanhamos a jornada de Joel e Ellie em um mundo pós apocalíptico, tomado pelo fungo Cordyceps.

Os horrores resultantes da infecção são nada mais que um pano de fundo, pois o foco está nas pessoas, na humanidade, no que elas são capazes de fazer em situações de extrema pressão.

Isso é intrínseco ao game e ver o desenrolar do relacionamento entre Ellie e Joel foi umas das experiências mais incríveis que pude vivenciar em toda minha história com os vídeo games.

Após um final de tirar o fôlego, nos perguntamos durante muito tempo se aquela história deveria ou não continuar, até que, na Playstation Experience de 2016 a Naughty Dog surpreendeu a todos com o anúncio de The Last of Us Parte 2.

Os fãs da franquia ficaram ao mesmo tempo eufóricos e preocupados com o rumo que a empresa daria para este enredo. Um receio mais do que compreensível de manchar o trabalho primoroso feito no primeiro jogo.

Nesta análise lhes mostro porque fico extremamente feliz por terem se arriscado. The Last of Us Parte 2 é um jogo ainda mais ambicioso em diversos quesitos e vou detalhar a seguir.

Enredo que supera, e muito, o primeiro jogo

Enquanto no primeiro jogo somos apresentados a uma história sobre amor e família, na qual a cada estação do ano vivenciamos o fortalecimento da conexão entre Joel e Ellie, em The Last of Us Parte 2 é seguido o caminho oposto.

Como Neil Druckmann, diretor criativo do game, disse em diversas entrevistas, esta sequência nos joga em uma jornada sobre o ódio e as consequências desse sentimento para Ellie e todos a sua volta de formas impactantes e chocantes.

A protagonista, depois de um acontecimento trágico equivalente ou maior que o acontecido com Sarah em The Last of Us, parte em uma cruzada onde todos irão pagar e nós facilmente compramos essa ideia, só que com alguns poréns.

A Naughty Dog foi capaz de construir o ponto de virada na vida da Ellie de forma que pudéssemos questionar os motivos de tais acontecimentos. Não foi algo que ocorreu de graça e que possa ser resolvido facilmente.

Essa cena nos deixa chocados, ao mesmo tempo que levanta inúmeras perguntas que nos motivam a seguir adiante, ao lado de Ellie, mas sedentos por entender todo o contexto.

Somos apresentados também a um novo personagem extremamente importante para a história, e é justamente este e suas atitudes, que nos fazem questionar todo o evento.

O ciclo do ódio e suas consequências

Quando iniciamos nossa trajetória, dividida apenas em dias, diferente das estações que são apresentados no primeiro jogo, cada ação de Ellie possui consequências que normalmente não vemos nos demais jogos, em que precisamos apenas cumprir nosso objetivo sem pensar nas vidas que destruímos ao longo do processo.

The Last of Us Parte 2 vai além, pois coloca sobre nós jogadores o peso do ódio da personagem e as implicações que isso pode ter na vida dela e das pessoas que ela está caçando.

Quando começamos a ter uma compreensão ampla de tudo que está acontecendo, enxergamos o ciclo de ódio que está sendo gerando a partir dali. Uma bola de neve que pode continuar crescendo, e crescendo, enquanto uma das partes não for capaz de quebra-lo.

É justamente neste ponto que o jogo brilha absurdamente. Estamos ao lado da Ellie o tempo todo, mas à medida que as respostas surgem questionamos mais as suas ações. Tudo isso traz consequências duras e impactantes para os dois lados.

Um mundo ainda mais cruel e abordagens pesadas

A história de Ellie não é a única capaz de nos impactar durante esta longa jornada. O mundo de The Last of Us Parte 2 está ainda mais cruel.

Durante o gameplay nos deparamos com algumas facções que possuem ideologias diferentes, como os Lobos e os Serafitas, este último sendo um culto religioso e bastante extremista.

A experiência ao encarar estes dois grupos é diferente, pois eles se comportam de maneiras distintas. A forma como se movimentam, se organizam, os recursos que usam.

Nos envolver com eles também rende abordagens um tanto pesadas. Não entrarei em detalhes para não dar spoiler. Preparem-se para se deparar com questões um tanto polêmicas, críticas sociais, entre outras.

Gráficos de cair o queixo e violência extrema

Se The Last of Us foi capaz de impressionar no fim da vida do Playstation 3, onde a Naughty Dog foi capaz de retirar “leite de pedra” e nos entregar gráficos de ponta, esperem ver o que a empresa fez neste novo jogo.

A história definitivamente se repete aqui, pois estamos no fim da vida do Playstation 4 e The Last of Us Parte 2 é capaz de nos apresentar gráficos de nova geração.

Tudo que apontei relacionado a história, com certeza não seria tão impactante sem o primor gráfico deste game.

A vegetação deste mundo devastado, prédios e construções menores, efeitos de iluminação que saltam aos olhos, raios de sol que invadem as florestas através de aberturas dos galhos das árvores… tudo é muito lindo de se ver.

Foram inúmeros os momentos onde parei para apreciar a vista em uma determinada região.

A água e as chuvas são, sem dúvida, o ponto alto do game. É onde vemos a poderosa engine de The Last of Us Parte 2 em ação, por ser um recurso tão complicado de manusear em jogos.

A forma como ela percorre o corpo dos personagens ao cair sobre eles, as poças em momentos não chuvosos que molham partes de seus corpos e deixam as roupas molhadas, lugares onde encontramos correntezas… uma coisa eu garanto, o modo foto será bastante utilizado.

Os elogios não se restringem apenas ao ambiente. A violência gráfica, extremamente superior ao primeiro, é impressionante. A Naughty Dog não economizou na brutalidade ao executar inimigos silenciosamente com uma faca no pescoço, ao alveja-los com uma escopeta a queima roupa ou até mesmo quando os enforcamos com as próprias mãos.

Tudo isso contribui para uma maior imersão não só no gameplay, mas também nas cutscenes, que em momentos chave carregam também esta brutalidade.

A dublagem e as expressões faciais

The Last of Us sempre foi elogiado como um dos jogos que apresentou a melhor dublagem PT-BR já feita até hoje.

Na sua sequência não é diferente e está ainda melhor.

Se a história é tão impactante, capaz de chocar, nos fazer pensar sobre diversos aspectos da vida e nos manter imersos durante toda a jornada, devemos agradecer ao trabalho espetacular de atores como Troy Baker, Ashley Johnson, entre outros, e claro, o trabalho de dublagem do Brasil.

Cada emoção pode ser sentida na mais simples das frases, seja em momentos de ternura, melancolia, raiva, tristeza, desespero, surtos… é impressionante.

As expressões faciais dos personagens são algo fora do comum… por diversas vezes me perguntei, “isso é mesmo um jogo de vídeo game?”.

Gameplay similar ao primeiro, porém refinado e com melhorias

Se tem um aspecto em The Last of Us Parte 2 que será bem familiar para os amantes do primeiro jogo, é o seu gameplay.

Todos os comandos conhecidos para correr, agachar, bater nos inimigos, recarregar armas, o modo de escutar, estão mapeados da mesma forma no controle do Playstation 4.

No entanto, temos novas adições a estas mecânicas que ajudam muito nos embates. A esquiva é algo que será bastante utilizado, principalmente contra os infectados, que costumam alvejar o jogador de uma forma bem agressiva.

Existem alguns momentos de porradaria franca que este recurso se faz muito necessário.

E temos a opção de deitar, fazendo com que Ellie se esconda dos inimigos, principalmente em ambientes com a grama alta. Para os amantes do stealth, é um ótimo recurso para flanquear inimigos ou, caso avistado, mudar rapidamente de local e novamente se deitar na grama seguinte.

Como nem tudo são flores, é preciso ter cautela ao se deitar muito próximo dos inimigos, pois eles irão perceber a protagonista. Quando enfrentamos os famigerados cães então, nem mesmo este recurso é capaz de nos proteger, caso os bichinhos consigam te farejar.

A movimentação de Ellie está bem mais fluida ao andar, correr, pular (que também é um novo recurso) e até mesmo ao atacar inimigos com seu sempre presente canivete.

Arsenal, melhorias em seus upgrades e sistema de crafting

Em The Last of Us Parte 2 temos uma boa gama de armas que vão sendo adquiridas no decorrer da aventura.

Temos desde Beretas e escopetas até armas especiais muito úteis em momentos chave, então explorem bastante.

O arco e flecha teve uma grande melhoria. Em The Last of Us, sua mira era um tanto estranha de se manusear e neste jogo sua utilização está mais estável e se faz necessária em diversos momentos.

A mesa de upgrades está de volta e as armas não possuem tantas melhorias quanto as apresentadas no primeiro no game.

É necessário escolher o que evoluir com base no seu estilo de gameplay e a animação da Ellie efetuando estas melhorias quando as compramos, da um toque especial neste momento. Vocês irão entender quando experimentarem.

O sistema de crafting está de volta e muito mais amplo. Podemos criar silenciadores, granadas de proximidade, atordoamentos e até mesmo munições especiais para certas armas.

Cada recurso auxilia o jogador de uma maneira diferente em sua estratégia de combate, porém é preciso escolher com cuidado o que construir, pois diversos itens necessitam dos mesmos materiais para serem criados.

Exploração necessária e áreas mais amplas

Algo bastante presente em jogos pós apocalípticos, que naturalmente apresentam uma escassez de recursos, é a exploração, muito necessária neste game.

É sempre importante ficar atento a casas e edifícios com portas trancadas, mas que possuam janelas para serem quebradas, possibilitando o acesso.

As áreas presentes em The Last of Us Parte 2 estão mais vastas. Não chega a ser um mundo aberto, mas pode-se gastar um bom tempo explorando cada canto do ambiente.

Infectados mais perigosos e novas variações

Os infectados sempre foram uma ameaça considerável em The Last of Us, e na Parte 2 alguns conhecidos, como o estalador, receberam melhorias.

O monstrengo possui uma audição muito mais apurada e sensível, fazendo com que nós jogadores, tenhamos que pressionar o analógico com leveza para não sermos percebidos. Fato este que não era tão complicado no primeiro jogo, mesmo ainda sendo perigoso.

Temos novos tipos de infectados, que não vou dar detalhes para evitar spoilers, mas saibam que quando aparecem, causarão um frio na espinha.

Uma criatura especificamente me deixou bastante tenso em um determinado trecho, até sua aparição para o fatídico embate.

Um game obrigatório e um divisor de águas

The Last of Us Parte 2 é uma história que deve ser experimentada por todo e qualquer amante de vídeo games.

Assim como o primeiro, tem um grande potencial para se consagrar como um dos melhores jogos já criados e ser um divisor de águas, devido a forma como sua história foi conduzida.

Todas as questões levantadas, a coragem da Naughty Dog em abordar certos assuntos, pesados para muitos, mas que se encaixam no contexto apresentado.

Nunca um game me impactou tanto desde The Last of Us e no momento em que escrevo essa análise, ainda estou digerindo tudo o que vivenciei com a Ellie, Dina, Joel e todos os outros personagens presentes em The Last of Us Parte 2.

Se você tinha dúvidas sobre o rumo que a Naughty Dog poderia dar para estes personagens tão queridos, não tema… é um sequência que faz juz ao legado de seu antecessor e consegue superá-lo.

The Last of Us Parte 2 é um dos melhores, senão o melhor jogo desta geração. Se você possui um Playstation 4, não pense duas vezes. Seu investimento valerá muito a pena e esta jornada lhe fará refletir por dias e conversar com seus amigos a respeito.

Parabéns Neil Druckmann e toda a equipe da Naughty Dog por esta obra prima, e obrigado por me proporcionar uma das melhores experiências com jogos eletrônicos.

The Last of Us Parte 2 chega como um exclusivo de Playstation 4 no dia 19 de Junho. Confira o trailer de lançamento: