[Review/Crítica] Série Titãs/Titans – 1ª temporada: Uma violenta, sombria e heróica surpresa!

Saudações caros leitores do Meia-Lua, tudo bem com vocês? Esta é a primeira review que estou trazendo para o site e será sobre uma série que me surpreendeu muito recentemente: Titãs (Titans), que chegará oficialmente para nós brasileiros em janeiro do ano que vem através da Netflix.
 

AVISO: CONTÉM PEQUENOS SPOILERS

 
Antes de abordar sobre a produção, precisamos falar da equipe que compôs o título dela. A série é baseada nos Novos Titãs (popularmente conhecidos como Jovens Titãs) dos quadrinhos da DC Comics, equipe reformulada na década de 1980 em que alguns dos seus integrantes fazem parte do elenco principal da série. São eles: Robin (ator Brenton Thwaites), Ravena (atriz Teagan Croft), Estelar (atriz Anna Diop) e Mutano (ator Ryan Potter).
Sendo desenvolvida desde 2014 e anunciada em abril de 2017 para o serviço de streaming americano DC Universe, Titãs apareceu inicialmente com descrença da maior parte do público (incluindo o redator que vos fala) por conta de imagens vazadas dos bastidores revelando a caracterização de Ravena, Mutano e Estelar.
Os principais comentários que se ouvia por parte do público era:

“Olhem, o Yudi vai atuar na série e não tá verde, só a peruca. Que desgraça é essa?”

“Essa Ravena tá parecendo uma delinquente punk, gótica e trevosa”

“Que porcaria de Estelar é essa? Tá parecendo uma prostituta, peruca rosa ridícula e não tá laranja porquê?”


Aparentemente a série seria um total fracasso, felizmente só era impressão. Com 11 episódios semanais de 45 minutos cada, estreava Titãs no DC Universe em 12 de outubro de 2018. Com uma pegada realista, sombria, violenta e totalmente diferente do desenho animado do Cartoon Network, a série já começou “queimando a língua” de praticamente 100% dos que estavam criticando antes de estrear.
A tão debatida e polêmica caracterização dos protagonistas não demorou a acostumar e ficar confortável aos olhos do espectador, pois a série apresenta um equilíbrio interessante entre aspectos fantasiosos dos quadrinhos e o tom realista. As sequências de ação em sua maioria são bem feitas e coreografadas, principalmente quando Dick Grayson/Robin entra em cena, ainda que algumas delas aproveitem a facilidade de ambientes escuros.
A princípio parecia que a violência da série seria apenas gratuita, como “desculpa” para a produção ter a classificação +18, porém ela faz parte do desenvolvimento dos protagonistas, como por exemplo, Dick Grayson, em que ele é o grande foco da primeira temporada, junto de Rachel Roth/Ravena. Durante toda a temporada, Dick entra numa jornada de autodescobrimento em que acabou de deixar sua vida de parceiro do Batman para trás e procura se desvincular do seu alter ego violento similar ao homem-morcego.

Ravena também desempenha um papel bem importante na série, pois boa parte das tramas da temporada vai se desenvolvendo atrás dela e seu passado misterioso e sombrio. É abordada a origem da personagem parte humana e parte demônio, seus poderes em que ela está aprendendo a controlar e usá-los da melhor maneira, e também sobre seu pai que é o grande mistério da temporada.

Também temos Estelar, a extraterrestre da equipe. Assim como Dick Grayson, Kory Anders tenta se autodescobrir durante a temporada. Ela procura descobrir sobre suas origens e seu poder e tenta recuperar suas memórias. Ela é capaz de absorver raios solares e convertê-los em rajadas de fogo, um pouco diferente da sua versão dos quadrinhos em que são raios de energia solar simplesmente.

E por último, mas não menos importante titã, o Mutano. Garfield (ou apenas Gar) é o grande alívio cômico da série. Ele possui um carisma e inocência que traz uma leveza para a série que é sombria e principalmente focada na violência. Dos quatro personagens, é o que menos tem revelações sobre seu passado e origem, apesar de ter um breve flashback em um dos episódios. Seu único poder até então é se transformar em um tigre.

Além do quarteto protagonista, temos a inclusão de outros personagens conhecidos dos quadrinhos, como Rapina e Columba, Jason Toddy, Donna Troy e a Patrulha do Destino.
Hank/Rapina (ator Alan Ritchson), Dawn/Columba (atriz Minka Kelly) e Donna Troy/Moça Maravilha (atriz Conor Leslie) são introduzidos de maneira natural na série e podem fazer parte dos Titãs no futuro próximo. Hank e Dawn possuem uma dinâmica interessante e tem presença na série, todavia a trama do casal desvia a atenção da história principal mais do que complementa. Donna aparece revelando ser uma antiga amiga de Dick Grayson e logo cativou os espectadores da série, com sua personalidade carismática, valente e heroica.


A Patrulha do Destino e Jason Todd aqui são apresentados mais como um fan service do que qualquer outra coisa, pois a equipe terá sua própria série em fevereiro do ano que vem, apesar de que ambos são trabalhados com a função de mover a trama, apresentar e evoluir personagens como Mutano, Dick Grayson e o Batman.


Titãs não possui receio de estabelecer sua própria identidade, ainda que possua elementos do material original. Os personagens são desenvolvidos de maneira que, na maioria das vezes, o espectador é surpreendido pela trama, se desapega de histórias prontas dos quadrinhos e se adequa ao público casual que não conhece nada ou pouca coisa desse universo. A maioria dos personagens se encontra em suas fases iniciais, a dinâmica do grupo vai sendo construída sem pressa de alcançar o patamar mais conhecido pelo público que acompanha o material fonte e a trama se desenvolve lentamente ao longo da temporada. Ao mesmo tempo, os episódios necessitam de um pouco de conhecimento prévio por parte do espectador para que vários dos ganchos narrativos e exposições de contexto tenham o efeito necessário, já que a série tem muitas citações de personagens e etc. do universo heróico da DC Comics e deixa claro a liberdade da equipe de produção em adaptar os quadrinhos e seus personagens sem nenhum receio ou restrição.
Como primeira série original do DC Universe, Titãs tem um futuro promissor. Uma vez que o grupo estiver estabelecido com toda a sua glória, o céu é o limite para os possíveis arcos que trarão ainda mais expansão para esse universo. A primeira temporada se encerra com um final aberto e grandes expectativas para a segunda temporada que já foi confirmada e a previsão é de seja lançada no final de 2019 no serviço de streaming americano.
No Brasil, Titãs será lançado dia 11 de janeiro de 2019 pela Netflix com opção de áudio original e dublagem em português.