Review: The Division 2

The Division 2 faz parte de uma nova estratégia que muitas desenvolvedoras implantaram em seus shooters. A primeira vista, esses jogos parecem ser MMORPGS, mas na verdade, só incorporam alguns elementos do subgênero. Com destaque ao fato dos jogadores não serem capazes de ver e interagir diretamente uns com os outros durante as partidas como em muitos dos MMO convencionais. Em outras palavras, uma vez que você inicia sua sessão, é como se o mundo fosse unicamente habitado por NPCs. No entanto, é permitido aos jogadores socializarem previamente no Hall, geralmente representado por vilas e cidades, ou via chat e ali montar sua equipe para desbravar o mundo.

Apesar da novidade dentro do estilo, o fracasso de Anthem, que é repetitivo e desbalanceado, e a falta de conteúdo sofrida por Destiny 2 em seu lançamento, faz com que nos indaguemos se ainda vale a pena comprar esse tipo de jogo sem seu lançamento e principalmente, se o novo The Division não cometeu os mesmos erros de seus semelhantes.

A Capital dos Caos

A trama de The Divison 2 prossegue com os eventos ocorridos no primeiro game, quando durante a Black Friday, uma pandemia devastadora se alastrou por Nova York, gerando um caos tamanho que pôs fim aos serviços públicos e limitou os suprimentos de comida e água. A Division, uma unidade autônoma de agentes táticos, foi acionada e após muitos esforços e sacrifícios, conseguiu conter essa praga.

Washington D.C., todavia, continua à beira de um colapso. A anarquia e a instabilidade ameaçam a sociedade, e os rumores de um golpe de Estado na capital só amplificam o caos. Mais uma vez, você é um dos agentes ativos da The Division convocados a salvar a cidade, antes que seja tarde demais.

Da mesma maneira que seu antecessor, The Division 2 foi localizado em português, além disso ele possui legendas para tudo o que é vocalizado pelos personagens ao seu redor, o que facilita bastante a compreensão da história e das missões, caso você não tenha uma audição tão apurada ou não consiga prestar atenção na história em meio a tiroteios.
Como se isso não fosse o suficiente, é possível alterar o tamanho dessas legendas e aplicar a elas um plano de fundo, o que torna o jogo mais inclusivo, principalmente com relação aos portadores de certas deficiências relacionadas à visão e audição.

Washington Extreme

De um modo semelhante a São Francisco de Watch Dogs 2, a Washington D.C. do game é uma representação em escala real da cidade, tornando o mundo do jogo mais autêntico do que nunca. O mapa permite que veja de perto pontos de referência, paisagens naturais, vizinhanças inteiras e esconderijos inimigos.

Agora temos mudanças climáticas, não apenas neve como n o primeiro jogo, mas também sol, chuva e névoas. Esses elementos influenciam na visibilidade durante certos momentos da partida e consequentemente, em sua performance, tornando sua jogatina ainda mais desafiadora e o cenário ainda mais realista.

Melhor do que isso só mesmo usando uma placa GeForce GTX 1080 e colocando configurações gráficas do game no Ultra.

Cuidado com os Modos

O novo The Division possui três modos principais de jogo: Campanha, Cooperativo e PvP.

Caso você não seja uma pessoa muito sociável e já teve contato com The Division ou tem experiência com outros jogos de tiro em terceira pessoas que seguem esse modelo, você pode optar por jogar o modo campanha de The Division 2 desacompanhado do início ao fim, como se ele realmente fosse um jogo single player.

O combate em equipe, no entanto, é mais fluido e não requer tanta estratégia, logo você demandará menos tempo em cada uma das missões quando estiver ao lado de outros jogadores. Além disso, quanto mais membros em sua equipe melhor a qualidade do equipamentos e itens encontrados.

Tudo isso faz com que o modo cooperativo pareça muito mais atrativo, porém não há a opção de procurar outros jogadores por realizar uma missão em específico, apenas busca jogadores aleatórios que também estejam no modo campanha. Logo, se você não tem amigos para lhe acompanhar, tentar jogar com estranhos pode lhe colocar em missões que você já concluiu, retardando seu progresso ou pior ainda, pode lhe enviar a partes da história que você sequer iniciou, dando-lhe spoilers e dificultando a compreensão da trama.

O jogo também traz de volta as famosas Zonas Cegas, onde você poderá explorar áreas únicas da cidade e participar de intensos combates PvEvP (Jogador vs. Ambiente vs. Jogador). Lembrando que esse modo pode ser jogado em equipes, mas mesmo um aliado pode lhe trair e roubar todo o equipamento que você conquistou nesta área.

Diferente do primeiro jogo, agora temos não apenas uma, mas três Zonas Cegas, cada uma delas com diferentes vibes, biomas e arquétipos. A experiência dentro delas também está mais justa e intensa. Ao entrar nesse locais, o nível de todos os personagens presentes é ajustado para que a habilidade conte mais na sobrevivência do que o nível das armas e equipamentos. Isso pode instigar os jogadores menos experientes a se aventurarem nesta região, onde se encontram os melhores itens de The Division 2.

Por fim, também a novo modo PvP chamado Conflito, que por sua vez é dividido em dois submodos, Skirmish e Domination. O primeiro corresponde ao clássico mata-mata em equipe no qual os jogadores lutam para esgotar os respawns do outro time. Enquanto o segundo, como o próprio nome sugere, é baseado em objetivos no qual você lutará para capturar e manter locais.

Quando Quantidade é Qualidade

Os modos de jogo não foram os únicos a serem beneficiados com melhorias. Agora temos um maior número de habilidades e classes de especialização.

Cada agente pode escolher duas entre 8 tipos de habilidades que, por sua vez, tem 3 variantes. Também é possível equipar algumas modificações em cada uma delas. Tudo isso faz com que, mecanicamente, seu personagem em The Division 2 se distinga dos demais e se torne quase único.

Por exemplo, a habilidade Pulso possui a variante Scanner, Remoto e Bloqueador. Ao escolher a Remoto, você pode lançar uma espécie de granada que, ao invés de explodir, revela a localização dos inimigos próximos a ela. Essa habilidade possui 3 slots para modificações, que podem ser equipados com itens que podem aumentar seu tempo de reativação, raio de efeito, entre outras coisas. Lembrando que esses equipamentos de upgrade são encontrados aos montes no decorrer da campanha.

Outra novidade é que ao conquistar o nível 30, o jogador escolherá uma entre três especializações. Cada um delas desbloqueia uma arma característica única e habilidades que oferecem novas formas de jogar.

Entre essas especializações, destaca-se o Sobrevivencialista (que aliás, é péssima tradução, esse termo sequer existe na língua portuguesa, poderia ser traduzido simplesmente como ‘sobrevivente’), agentes capazes de controlar os arredores usando armadilhas e efeitos condicionais. Eles são equipados com uma besta de precisão, sua arma característica, para abater os alvos até mesmo em ambientes mais hostis.

A gente é original

Ao contrário de outros jogos do estilo, o novo The Division possui uma grande quantidade de conteúdo em seus diversos modos de jogo, o que dificilmente dará sensação de repetição mesmo aos jogadores mais experientes. Ao mesmo tempo, o game está balanceado, principalmente no modo PvP, onde o que realmente importa é habilidade de cada um com o joystick e não o nível ou equipamentos dos personagens.

Sendo assim, recomendo The Division 2 a todos os apreciadores de shooters, seja single ou multiplayer, principalmente aqueles que gostam de customizar seus personagens a ponto de deixá-los quase únicos.

The Division 2 já está disponível para PC, PS4 e Xbox One.

Manoel Siqueira

é formado História, Filosofia e cursa Pós no Uso de Jogos e Brincadeiras em Sala de Aula. Também é redator, podcaster e editor no site http://meialua.net @meialuafsoco.