“(…) amigos começam como inimigos, e inimigos começam como amigos. Algumas vezes, pra realmente entender como as coisas terminam, nós devemos, antes, saber como elas começam”, assim começa a mais nova adaptação cinematográfica da história de Peter Pan, dirigido por Joe Wright (Orgulho & Preconceito) e roteiro de Jason Fuchs.
Com visuais deslumbrantes, cenas de aventuras bastante intensas e muitos efeitos especiais, certas vezes o filme lembra fases de um jogo de video-game. A história original foi baseada na peça londrina The Boy Who Wouldn’t Grow Up, 1904, de J.M. Barrie, que nos contam as aventuras de Peter Pan, um garoto que podia voar e que jamais envelhecia. Este filme narra a origem de Peter, sob o olhar da Warner Bros, já indicando possíveis continuações.
Ambientado em Londres, no período da Segunda Guerra Mundial, um clima obscuro e sombrio envolve um orfanato que tem entre seus internos, Peter (Levi Miller), um garoto de personalidade inquieta e curiosa. Ele tinha sido abandonado ali ainda bebê e cresceu explorando todos os cantos do lugar para obter informações sobre sua origem, junto de seu melhor amigo Nibs.
Numa sequência de efeitos especiais alucinada, com bombas, explosões, aviões Spitfire, piratas macabros e navios voadores, Peter e outras crianças são levadas à Terra do Nunca. É encantador ver o navio se deslocando em meio ás nuvens, explorando todos os ângulos deste meio de transporte no ar, dando piruetas, fazendo acrobacias e lançando balas de canhão.
Os garotos são levados aos domínios de Barba Negra (Hugh Jackman), e são obrigados a minerar um precioso minério mágico chamado “Pixun”. Vemos uma sequencia exagerada para a apresentação do personagem, na qual os habitantes das minas cantam com louvor a música “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana. Hugh Jackman está quase irreconhecível neste papel, apresentando um Barba Negra ganancioso, impiedoso e cruel.
Nas minas, o protagonista conhece James Hook (Garret Hedlund), que o auxilia a fugir dali. Em meio à perseguições, junto do atrapalhado Smee (Adeel Akhtar), eles chegam à tribo de nativos, com personagens festivos, alegres, de roupas coloridas, que após um rápido desentendimento, reconhecem Peter Pan como o profetizado garoto que deveria acabar com a tirania de Barba Negra sob a Terra do Nunca.
Peter seria filho de uma guerreira e de um homem fada, e se tornaria o salvador da Terra do Nunca. Vemos o personagem se convencendo de que seria este garoto, suas dúvidas sobre a capacidade de voar, a saudade de sua mãe, e a vontade de ajudar os nativos e as crianças raptadas do orfanato.
Peter e Hook contam com o auxílio de Tiger Lily (Rooney Mara), uma nativa cheia de habilidades com armas, malabarismo, técnicas de luta, porém sem muito carisma. Crocodilos gigantes, pequenas fadinhas, sereias com cauda iluminada e perseguições e batalhas em cima dos navios voadores vão costurando essa aventura. Um belo filme cheio de magia indicado para crianças e pré-adolescentes, que se identificar mais facilmente com o personagem principal.
Faltou um pouco de química entre Peter, Hook e Tiger. Por ser o protagonista, Pan consegue transparecer um carisma sutil e fofo por ser a estrela mirim, porém, o papel de mocinho muitas vezes é confundido com o de Hook, na qual através da história original de J.M. Barrie, sabemos que vai se tornará o grande vilão. Ele será Capitão Gancho, inimigo número um de Pan, mas neste filme vemos um simples moço galanteador, fazendo de tudo para sobreviver. Bem interessante esta humanização do vilão.
Traço um paralelo aqui com o filme homônimo Hook, de 1991, dirigido por Steven Spielberg, Lembro com muito carinho deste filme, Robin Williams está impecável no papel do protagonista, nos revelando um Peter Pan mais velho e sem lembranças de suas aventuras na Terra do Nunca. Talvez por eu ter assistido este filme ainda criança tenha tido uma experiência de encantamento maior e mais apegada, do que com esta versão de 2015.
Trailer
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