Deus Ex: Mankind Divided – Review

Deus Ex:Mankind Divided é o mais novo lançamento da produtora Square Enix, desenvolvido pelo estúdio Eidos Montreal, que se mantém como um excelente action-RPG e expande o gênero com a inclusão de missões furtivas.

O jogador entrará, novamente, na pele de Adam Jensen um cyborg com incríveis próteses cibernéticas conhecidas como “Augments”, com roteiro digno de William Gibson.

O game inicia a jornada de forma muito interessante. Você pode optar por três modalidades de jogo: para aqueles que gostam de boas histórias, para aqueles que querem um jogo equilibrado – entre desafios e narrativa – e para um terceiro perfil que sempre procura adrenalina. Aqui a Eidos achou uma fórmula interessante para substituir o conhecido “easy/medium/hard” e isso ainda é extensivo para os controles.

Um fato que chama atenção em toda a série Deus Ex é seu ótimo foco narrativo. Sem deixar de lado o combate, que pode ser realizado de diversas formas, principalmente stealth e corpo-a-corpo.

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Deus Ex: Mankind Divided se passa em 2029, em eventos que ocorrem após Deus Ex: Human Revolution, continuaremos a guiar Adam, um ex-policial que está trabalhando para a divisão antiterrorismo da Interpol. Adam é modificado e se torna cyborg para salvar sua própria vida.

No universo em que o jogo se passa, a humanidade foi dividida em duas classes: os “Naturais” e os “Aumentados”. Após um incidente chamado Aug Incident onde vários inocentes morreram ou foram mutilados, a divisão entre as classes é bastante ampliada e Jensen é motivado a entrar para a divisão antiterrorismo.

A ambientação de todo esse contexto é primorosa. Esta realidade, um velho clichê de sociedade dividida funciona, pois divisões sociais são críveis onde o “aprimoramento humano” é uma possibilidade. A aproximação com Neuromancer é perceptível bem como outros filmes de ficção científica que já abordaram o tema, como em Matrix, onde itens podem ser hackeados fisicamente.

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Adam é uma folha em branco, pouco se mostra da sua personalidade, sendo cyborg demais e pouco carismático. Há uma intenção de passar um personagem desiludido, mas seria mais interessante se as motivações de Adam fossem mais claras. Na escolhas de diálogos, Adam se aproxima ao carisma de Keanu Reeves e não há como ter nenhuma impressão de impacto com o resultado das tomadas de decisões de Adam (jogador).

Adam favorece a corporação que o criou, já que ele não teria sobrevivido sem ela. Os eventos determinantes ocorrem e há uma escolha a ser tomada pelo jogador durante os diálogos, mas justamente por fazer parte de uma divisão antiterrorismo, o jogo não oferece opções extremistas. O jogador possui duas vertentes: aceitar que a guerra é inevitável ou escolher o caminho para que ela se torne branda, concordando com uma manipulação por trás disso tudo. O direcionamento fica bem claro quando se analisam as possíveis respostas.

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Como o jogo apresenta uma abordagem action-RPG, pontos relevantes do gênero não poderiam faltar. Neste quesito a Square também se sai bem, fazendo com que o jogador tenha uma liberdade exploratória bem convincente. É possível hackear quase tudo no cenário, entrar nos lugares por canos de ventilação, invadindo pelas janelas superiores ou abrir portas com senhas (travas digitais), mas tudo irá depender do seu nível de hackeamento. O jogador poderá – motivado por suas missões ou não – checar computadores alheios, desligar sensores, assistir TV, entre outros.

Além da exploração, uma boa forma de ganhar XP é por meio das famosas side quests, que incluem colocar Jensen no papel de investigador e se o jogador apontar o culpado errado será penalizado deixando de ganhar XP.

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O jogo não apresenta sistema de fast travel, o que o faz caminhar muito pelos cenários. Se isso foi pensado para obrigar ao jogador a explorar, poderá ter sido negativo em diversos momentos.

Considerando uma cidade inteira a se explorar e vasculhar, o inventário pareceu-me bem restrito. É uma tentativa de forçar o jogador a administrar os recursos.

O stealth não é frustrante como em Splinter Cell – extremamente exigente – e recompensa muito com ganho de XP. No meu caso acabou sendo a escolha inevitável para combate, mesmo não sendo meu favorito. Considero que fui “empurrada” para isso, uma vez que o combate corpo a corpo apresenta diversos pontos a serem reconsiderados, como mira da arma e o feedback, sobretudo o físico, diretamente no controle. Acredito que a Square poderia ter explorado mais alternativas atreladas ao feedback no controle, tornando assim, os combates mais empolgantes.

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O combate corpo-a-corpo obviamente sempre acabará chamando atenção de muitos NPC ao redor do embate, e isso deixará o jogador encurralado. Mesmo com uma recompensa de grandes loots deixado pelos inimigos para quem opte por essa forma, o inventário irá atrapalhar um pouco para carregar tudo.

Para o jogador é um pouco confusos habilitar os augmentations que estão desabilitados em Adam Jensen. Em diversos momentos não sabia exatamente como a ativação iria me favorecer em combate, saberia somente pelo teste.

Há várias escolhas dentro dessas Augmentations. Você poderá optar em correr mais ou ativar uma mira no seu visor quando usar uma arma. É preciso sempre fazer escolhas na hora de usar alguns Augmentations simultaneamente, senão você poderá fazer um overclock no sistema de Jensen. Todos esses detalhes modelarão o estilo de combate do jogador, como uma forma de aprimorar skills em um RPG: mais defesa, mais agilidade, mais destreza e assim por diante.

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Foram perceptíveis bugs no momento em que é preciso utilizar interação do jogo com smartphones. Para liberar roupas, armas etc. A Square disponibilizou um aplicativo onde com a leitura do QR Code exibido na tela seria possível resgatar o item. Porém não funcionou uma única vez.

Deus Ex:Mankind Divided é um bom jogo, melhor que seus antecessores e tomará muito tempo do jogador. Mesmo que ao final permaneçam mais perguntas que respostas. Será que haverá um novo Deus Ex?

De uma forma geral, espere um jogo excelente em stealth, combinado com possibilidades de escolhas do jogador, exploração bem abordada dentro de ambientes magistrais em um futuro crível para nossa atual sociedade.