Análise | The Elder Scrolls Online: Elsweyr

A segunda fase da Temporada do Dragão traz ao The Elder Scrolls Online dragões, gatos e necromantes com o lançamento do capítulo Elsweyr.

Diferente do da primeira parte dessa história, a DLC de dungeons Wrathstone, finalmente temos dragões para enfrentar, o que parece ser muito divertido, mas com um pequeno detalhe: O Vestígio não é o Dovahkin. Claro, os jogadores conseguiram fazer algumas coisas muito incríveis nas histórias que o jogo contou até então – enfrentar príncipes daedricos frente a frente para impedir que duas dimensões sejam fundidas de forma forçada e agressiva, ou que a realidade seja destruída e reformulada -, mas esses feitos foram realizados sob condições especiais e muito específicas. Portanto, é seguro dizer que os jogadores não são capazes de enfrentar um dragão por conta própria, mas falaremos disso um pouco mais adiante.

Visão geral

Tal como ocorreu em outros capítulos, não é a primeira vez que visitamos os territórios de Elsweyr em The Elder Scrolls Online – visto que as regiões de Khenarthi’s Roost e Reaper’s March fazem parte da província-, porém a área em que a expansão se passa, a Anequina, possui fauna e flora diferenciada por ser uma região mais árida e acidentada. Inclusive, é possível ver a transição de paisagens verdes e com vegetação mais colorida da fronteira sul de Elsweyr com Grahtwood – uma região de Valenwood -, para savanas, ravinas e terrenos mais elevados onde os tons terrosos se tornam predominantes, reduzindo consideravelmente a vegetação e o solo fértil, assim como os corpos d’água disponíveis.

Cenário das Ravinas de Elsweyr
Cenário da região mais vegetativa de Elsweyr

As formações rochosas servem como meio de construção para alguns dos edifícios mais antigas da região. Ao explorar o mapa, você mais de uma vez irá encontrar algum tipo de construção antiga, algumas inclusive elaboradas a partir das próprias rochas, a exemplo da entrada da Rimmen Necropolis, uma das duas Public Dungeons do mapa. Além disso, as construções antigas realmente parecem antigas, sendo possível ver que o tempo pesou em sua integridade, o que é de esperar, visto que os Khajiit são uma das raças mais antigas de Tamriel e são muito ligados à sua tradição.

Entrada na Rimmen Necropolis
Arquitetura do templo de Riverhold
Estátuas de heróis e deuses de Elsweyr
Explorando as dungeons da região

Tem termos de construção dos cenários, podemos ver que a arquitetura usada para a elaboração das cidades, templos e monumentos dos Khajiits foi baseada na arquitetura do sudeste asiático. Até então tínhamos visto apenas breves vislumbres dela, porém agora ela se torna muito mais visível, principalmente na capital, Rimmen. A construção de Rimmen foi feita a fim de demonstrar uma cidade que é antiga, populosa e que constantemente está recebendo renovações, tanto que podemos identificar as partes mais antigas da cidade. Ela também faz um bom trabalho em se destacar, chamando bastante a atenção quando os jogadores estão seguindo a estrada, é muito difícil de não ver o aqueduto se direcionando a cidade e logo em seguida vislumbrar as grandes torres do palácio à distância.

Cenário das ravinas de Elsweyr. É possível ver Rimmen na distância
Chegando em Rimmen
Imagem no interior de Rimmen
Interior do palácio de Rimmen

Outra coisa que foi adicionada em Elsweyr foi a possibilidade de ver as diferentes variedades de Khajiits existentes. Como jogadores mais conhecedores da lore da série The Elder Scrolls sabem, há diferentes variações de Khajiits no mundo de Tamriel, todas elas determinadas a partir da posição das luas – Jone e Jode -, porém até então tínhamos visto apenas algumas dessas variações espalhadas pelos mapas, sendo mais comum vermos diferentes padrões de pelagens. Isso muda quando chegamos em Elsweyr, onde avistamos as mais diferentes variações circulando e convivendo com os outros cidadãos, às vezes temos que olhar duas vezes para não confundirmos algumas delas com um gato doméstico comum ou com uma montaria.

Dagi Khajiit
Interagindo com um Khajiit Alfiq

        

Senche-raht Khajiit

A História

Os jogadores já viram o primeiro capítulo da Temporada do Dragão acontecer com a aquisição as duas metades da Wrathstone nas dungeons Frostvault e Depths of Malatar, mas antes e partir para Elsweyr e começar a caçar dragões, lutar contra necromantes e derrubar governos ilegítimos, há uma quest prólogo que mostra os Halls of Colossus sendo abertos e libertando os dragões. Para receber a quest prólogo, basta encontrar a mensageira imperial Anais Davaux na entrada de Vulkhel Guard, Daggerfall ou Davon’s Watch; ou ir até a Crown Store e adquirir o item Sealed Imperial Summons na aba de “Quest Starter”. Seja qual for o a maneira como você inicia a quest, ambas as formas irão lhe render uma carta de Abnur Tharn contendo o pedido para encontra-lo a fim de ajudá-lo em uma missão que pode resultar no fim da guerra.

A quest não é longa, requer bastante corrida ao redor do território do Aldmeri Dominion – jornada facilitada por Abnur Tharn – e exploração de algumas Delves, onde acabamos conhecendo Khamira – a Khajiit que aparece junto com Tharn no trailer de Elsweyr -, que revela que a meia-irmã de Abnur Tharn, Euraxia Tharn, também está interessada nessa a arma. Também aprendemos que Euraxia pode estar manipulando Abnur em adquirir a arma, e que seus agentes estão prontos par roubá-la dele depois que ele terminar de fazer todo o trabalho pesado. Nós sabemos o que acontece a seguir: Abnur Tharn ignora todos os avisos sobre não ser uma boa ideia continuar com o seu plano, a arma é revelada ser na verdade dragões aprisionados, esses acabam sendo soltos e se direcionam para Elsweyr.

A pior parte é que Tharn não admite o erro dele, direcionando a culpa para o personagem do jogador, e não há opção de diálogo para dar um soco na cara dele. Infelizmente, a dura realidade é que nem todas as opções disponíveis para nós no jogo são capazes de satisfazer os nossos desejos.

Dado que não é possível desfazer o que foi feito, só resta ao jogador tomar rumo para Elsweyr para tentar resolver a situação enquanto se faz algum controle de danos.

Ao começarmos a Main Quest – que pode ser recebida ao encontrar novamente com Anais Davaux na entrada sul de Elsweyr –, logo vemos que os Khajiit na região estão em guerra com Euraxia Tharn depois que ela invadiu a Anequina com um exército sete anos antes, assassinou a família real e se corou Rainha, instalando um governo opressor sobre os nativos. A situação da região se manteve assim até então por conta das prioridades da Rainha Ayrenn e do Aldmeri Dominion estar na guerra em Cyrodiil, o que impede que soldados sejam enviados, obrigando os habitantes a enfrentaram as forças de Euraxia com os poucos recursos que o Dominion pode disponibilizar, e a chegada da ameaça dos dragões se mostra mais um empecilho para a milícia.

Para aumentar os perigos, e para mostrar ao jogador porque os vilões da expansão precisam ser temidos, descobre-se que Euraxia possui um poderoso necromante trabalhando para ela, Zumog Phoom, e que ele possui interesse em um indivíduo conhecido como “The Betrayer” (O Traidor), um cavaleiro que cometeu uma traição tão grave ao ponto de ter seu nome apagado da história e teve seu corpo dilacerado e enterrado em diferentes localidades. Esse indivíduo logo é revelado ser quem Sir Cadwell – um velho conhecido dos jogadores – foi enquanto ele estava vivo. Aparentemente, Cadwell foi um homem muito perigoso em vida.

Quando se acha que nada mais pode piorar ou complicar a vida dos Khajiit e dos jogadores, os dragões mostram estarem aliados à Euraxia e a Zumog Phoom, além de terem suas próprias ambições e motivos para estarem em Elsweyr. Certamente, a situação seria muito mais reconfortante se os dragões fossem apenas feras selvagens motivadas em causar morte e destruição, mas qual seria a graça nisso?

Sim, a história parece ser complicada demais e com personagens demais para parecer que vai funcionar, e o modo como ela foi apresentada nesse texto não faz justiça de como tudo surge conforme a quest progride. De certa forma, não é de surpreender que Cadwell apareceria durante uma crise envolvendo dragões, afinal ele é o Sir Cadwell! É claro que ele iria se recrutar para a chance de enfrentar dragões e derrotar uma rainha malvada. Sem dizer que o modo como o personagem do Sir Cadwell havia sido construído até então faz ser muito fácil simplesmente aceitar que ele pode aparecer em qualquer situação com uma explicação qualquer, porém Elsweyr não o traz apenas porque é divertido interagir com ele. Cadwell foi um personagem bem desenvolvido durante a main quest do jogo base, mas também houve muito espaço aberto para explorá-lo, dado que ninguém realmente sabe quem Cadwell foi antes dele começar o seu pós-morte em Coldharbor, e acabamos tendo a chance de descobrir isso junto com o próprio personagem.

O modo como a trama da main quest se desenrola é de deixar os jogadores grudados de início ao fim. O desejo de ver como tudo irá ser concluído e de não querer que ela termine estão constantemente em conflito. Eu mesma me vi ignorado o ícone da quest em alguns momentos, indo explorar o resto do mapa e fazer quests adjacentes, procurando atrasar seu fim o máximo que eu podia.

Garanto que o seu andamento e final não irão decepcionar, principalmente se considerarmos que ainda há mais duas partes da Temporada do Dragão a serem lançadas.

Novos Desafios

Apesar de quests com histórias cativantes e cheias de lore serem um forte atrativo, os jogadores gostam de ser desafiados com combates contra inimigos poderosos e com novas dungeons a conquistar. Esses novos desafios são apresentados com duas novas dungeons, um novo Trial e com o combate contra dragões.

Elsweyr traz duas novas dungeons públicas – Rimmen Necropolis e Orcrest – para os jogadores conquistarem e passarem horas a fim com seus amigos procurando desenvolver suas habilidades e adquirir os equipamentos da região. Destaca-se a Rimmen Necropolis, onde os jogadores têm a chance de encontrar os fragmentos da runebox para “montarem” o pet Mummified Alfiq, que literalmente é um gatinho múmia (que é bem fofinho se você observar ele com bastante atenção). Conseguir esse pet não é tarefa fácil, visto que você precisa de dez dos “fragmentos” e que eles são muito difíceis de “dropar”, porém se você for dedicado o suficiente, certamente será capaz de adquirir esse novo pet.

Talvez não tão fofo assim, mas é um pet bem legal

Caso as novas dungeons públicas não sejam desafiadoras o suficiente para você, o Trial Sunspire está disponível para que você e outros 11 jogadores explorarem e enfrentarem o dragão que está fingindo ser o deus Alkosh e manchando o nome da divindade. O próprio Alkosh irá lhe recompensar bem por ajudar a preservar seu nome, além de você ter a oportunidade de enfrentar mais dragões no seu caminho.

Por fim, temos o grande atrativo da expansão: combate contra dragões.

O combate com os dragões ocorre como um Evento de Mapa de Elsweyr – similar aos Abyssal Geysers em Summerset e as Dark Ancors no resto de Tamriel -, acontecendo em três áreas diferentes do mapa. Há poucas chances de perder o momento em que um dragão está rondando por Elsweyr e se preparando para causar caos e destruição, visto que é possível ver ele circulando e se preparando para o ataque em seu mapa, permitindo que o jogador tenha tempo de correr até o local e participar do combate. No seu caminho até lá, vários jogadores irão se unir a você, afinal, derrotar um dragão não é algo que alguém pode fazer sozinho.

Enfrentando um dragão

Há recompensas valiosas dadas ao jogador por derrotar dragões, incluindo dois novos ingredientes para alquimia – Dragon Blood e Dragon Bile -, tesouros que podem ser vendidos por um valor considerável, equipamentos, bolsas e mochilas meio-digeridas – que pertenceram à alguma pobre alma que foi engolida pela criatura – que contém mapas de tesouro e modelos para a criação de consumíveis e móveis novos para suas residências, entre outras coisas.

Reforçando: NÃO tente enfrentar um dragão sozinho. A dificuldade desse inimigo é muito alta, insistir nesse erro irá resultar em gastos desnecessários e exagerados de soul gems e com a reparação de seus equipamentos.

A nova classe: Necromante

Além de todas as razões listadas nesse texto, outro grande atrativo com certeza é a adição da classe Necromante.

Necromantes são vilões comuns nas quests espalhadas por Tamriel, sendo a escolha número 1 para a figura do “mago maligno” dado que a prática dessa escola de magia é malvista, perigosa e nefasta nesse mundo. O medo e o preconceito de sua prática é tanto que se você usar uma das habilidades dessa classe na proximidade de uma cidade ou de um NPC, a lei irá te perseguir por isso.

Agora os jogadores têm a chance de ser esse vilão das quests, ou de provar que não existem magias malignas, apenas mau uso delas e se tornarem os heróis de Tamriel usando o Necromante e suas artes proibidas.

Tente ser discreto ao usar suas habilidades perto e dentro de centros urbanos

O melhor uso que encontrei até então para a classe é a de minion master e de Suporte, constantemente invocando mortos-vivos e lançando-os contra os adversários e impedindo que eles cheguem em mim, permitindo que eu possa me focar em curar e auxiliar os membros do meu grupo. Porém, como todas as classes possuem habilidades que podem ser usadas para builds de Suporte, DPS e Tank, ainda há muito o potencial do Necromante a ser explorado.

Vale a Pena Comprar Elsweyr?

Eu diria que é difícil dizer um motivo para não adicionar Elsweyr à sua biblioteca de expansões de The Elder Scrolls Online. Afinal, ela traz gatinhos, dragões e necromantes, o que mais pode se querer em um jogo?

As adições trazidas em Elsweyr são refrescantes para o jogo: uma nova classe para explorar, novos inimigos para enfrentar, e uma nova região para conhecer e mergulhar na história e cultura construída para os Khajiits, essa sendo especial principalmente para os jogadores que adoram construção de mundo e exploração da lore da franquia The Elder Scrolls.

Além de tudo, essa é a apenas a segunda parte da Temporada do Dragão, ainda temos mais duas partes dessa história para conhecer. Elsweyr trouxe muita história e ação para a temporada, sendo muito difícil ignorar sua adição a ela, e certamente tudo que vimos acontecer nesse capítulo irá ter forte peso nas próximas partes dessa saga.

The Elder Scrolls Online: Elsweyr está disponível para PC, Mac, PlayStation4, e Xbox One. Seria interessante também considerar comprar a coleção de colecionador digital, que disponibiliza a montaria Senche-Raht, o pet Ashen Scar Jerboa, o memento Archaic Lore Tablets, o pacote de emotes temáticos dos Khajiit e o estilo de equipamentos Dragonbone.

Pacote de colecionador

Laura Giordani

Historiadora e estudiosa de imagens e mídias viciada em jogos, filmes, HQs, livros, podcasts, RPG, animes e séries. Quando não está tentando desvendar os mistérios da História e sua relação com as novas mídias, ou tentando navegar pelo seu quarto debaixo de pilhas gigantes de livros, pode ser encontrada em um canto meio iluminado jogando algum título da série Final Fantasy, Diablo, Elder Scrolls ou Pokemon. Sua preferência literária é vasta, porém há preferência pelos temas de fantasia, ficção científica, cyberpunk e terror. Suas mais notáveis habilidades são: ingerir dezenas de litros de cafeína sem ter um ataque cardíaco e tagarelar por horas sobre nerdices sem parar.