Análise | Rogue Company : Simples, direto e divertido.

Com a chuva de jogos multiplayer  e free to play recentes, é muito difícil fazer algo novo que possa atrair os potenciais jogadores. A Hi-Rez, famosa por Paladins (o Overwatch free) decidiu arriscar com um novo Free to Play, mais básico e voltado para o competitivo, pisando em um terreno já marcado por Counter Strike. Como fazer para se destacar então? Fazendo tudo da melhor e mais polida forma possível, agregando o melhor que os jogos multiplayers modernos possuem e disponibilizando nos consoles, que não tem um CS pra chamar de seu.

Rogue Company trás elementos misturados do clássico CS e de outros jogos digitais modernos. Começando peslos mercenários que compõem o elenco: Todos são bacanas, bem feitos, tem um pequeno background e funcionam de forma diferente o suficiente para serem significativos. Cada um tem seu arsenal,sua habilidade especial e todos são viáveis, importando apenas seu estilo de jogo.

O elenco é diversificado e com personalidade.

Cada equipe é composta por 4 jogadores, cada um com um mercenário, sendo que não pode ser repetido, então quem pegar primeiro o seu favorito, pegou. Depois, cada um tem um valor em dinheiro pra gastar em uma loja a cada rodada. Lá se compra armas e melhorias. Ai é só saltar do avião e cair para ação. Cada ação efetuada, desde matar um adversário, colocar uma armadilha ou jogar pelo objetivo, vale grana pra ser gasta na próxima rodada com mais habilidades e melhorias.

Os modos de jogo são apenas 2 e são clássicos de jogadores de CS: Bomba e conquista. Em bomba, uma equipe precisa plantar a bomba em um alvo e outra tem que desarmar. Já em conquista cada equipe tem um número de respawn: o objetivo é zerar os respawn da equipe adversária e elimina-los em definitivo. Há um ponto no mapa que, se conquistado e mantido, tira um respawn do time adversário a cada ciclo de 30 segundos. Esse é o modo mais cheio, dinâmico e divertido do jogo, onde você pode ser levantado por um aliado ou morrer e voltar de imediato, com uma idéia de onde estão os adversários, o que dá uma dinâmica para os dois lados da partida, pois ficar parado é certeza de ser pego.

As partidas são dinâmicas e divertidas.

Os controles respondem muito bem e podem ser reconfigurados a vontade. Isso me ajudou pois alguns comandos me pareciam estar “no lugar errado” por padrão. O jogo é todo em terceira pessoa, com tiro livre e mira puxada no ombro, rolamentos e pulos. Nada fora do padrão de shooter mas um pouco mais ágil, de forma a manter a movimentação leve. Os cenários são bem estruturados, pequenos o suficiente pra manter o combate acirrado mas ter espaço para estratégias.

Em termos visuais, tudo é muito bem feito, com texturas bonitas e estrutura bem trabalhada, mas o foco não é nos detalhes extremos. O básico está ali pra te fazer sentir bem e ele consegue, com mapas muito bonitos e bem feitos como o Favelas (uma das melhores representações de favela que eu já vi, em termos técnicos e visuais) e outros nem tão inspirados como o Porto, que parece genérico e tudo muito igual. Ainda sim, mesmo sendo um jogo Free, ele tem uma qualidade superior aos outros jogos da Hi-Rez e uma certa elegância no seu visual minimalista.

Os mapas são bonitos e tem uma certa elegância, ainda que alguns sejam genéricos.

O som não tem nada de mais: bem produzido, as musicas são passáveis e quase sempre ausentes no meio do tiroteio e as vozes são boas, dando personalidade aos personagens que poderiam ser genéricos.

Em termos de críticas, posso falar apenas da progressão em si. Vamos por partes: No momento o jogo ainda está em uma espécie de Early Acess – Boa parte das pessoas que se inscreveram durante um certo período no site do jogo ganharam uma cópia do jogo base, que vem com 5 dos 13 personagens liberados. Para que não foi agraciado com o código, pode adquirir o pacote de Early Acess em 3 versões: Básico, com 2 personagens extras já liberados; O intermediário, que libera todos os personagens e um futuro e o Deluxe, que libera todos, o futuro e ainda concede algumas skins.

Cada partida tem uma introdução estilosa dos mercenários que estão no time.

O preço do pacote intermediário é o melhor custo benefício, uma vez que a progressão é lentíssima: O custo dos personagens é muito alto e a quantidade de moedas ganha por partida é minúscula. Algo como 15000 moedas em um personagem, ganhado de 40 a 80 moedas por partida… Considerando que cada personagem sai a uma média de R$15 a R$20 em dinheiro real, o pacote com todos ao preço médio de R$67 não está absurdo, até por que ele dá acesso ao jogo para quem não foi agraciado nos sorteios. Quem quiser só jogar, o pacote mais básico já atende, e custa cerca de R$37 (valores visualizados na PStore)

Outro problema que posso notar é a questão de conteúdo: No momento, são poucos mapas disponíveis e, quando um novo foi anunciado, outro foi retirado. Esse tipo de jogo nasce e morre conforme recebe conteúdo e,em um momento onde ainda conta com pouca coisa, mesmo sendo Early Acess, cada uma delas conta. O gameplay precisa de mais mapas e talvez algum modo novo de jogo (isso nem tanto agora) para que possa crescer e progredir. Quando um mapa bacana como Favelas sai pra dar espaço a outro que não é tão bom, dá uma desanimada.

A cada rodada,você vai as compras e pula de uma nave estática no mapa. Cada equipe salta de um lado do mapa.

Em alguns momentos, tive problemas para achar partidas, mas como eram horários mais “complicados”, não culpo o jogo. As vezes há uma demora inicial, mas depois as partidas emendam uma na outra. E ainda tem servidores nacionais, o que garante que o lag não vai ser um problema. Todas as partidas que eu entrei foram estáveis e sem gargalos.

No final, sai com uma impressão imensamente positiva. Mesmo depois de algumas semanas,me pego voltando para algumas partidas e são sempre divertidas. É um jogo com um imenso potencial competitivo e não duvido ve-lo despontando nos e-sports como uma opção mais moderna ao CS. Os problemas são viáveis de serem resolvidos e minha maior preocupação é, de fato, a questão de conteúdo: hoje em dia são muitas opções de jogo multiplayer competitivo no mercado e, obviamente, qualquer novo competidor no mercado leva a desvantagem em termos de disponibilidade de conteúdo.

O anúncio de novos mapas caiu bem, mas quando um mapa novo substituiu um anterior ao invés de agregar valor, acendeu um alerta sobre como vai funcionar o acréscimo de conteúdo ao longo do tempo. E o grind excessivo também pode ser um problema, apesar de não ser exclusividade deste. Espero ver esse jogo crescer e explorar mais o potencial e quem sabe se tornar um grande por ai.