Análise | Phoenix Point

XCOM é uma clássica série de jogos de tática e estratégia que se originou em meados da década de 90, com o jogo UFO: Enemy Unknown. Quase 30 anos e 10 games, a franquia continua com o recém-lançado XCOM Chimera Squad.

Ora, mas esse não é um review sobre Phoenix Point? O que ocorre é o idealizador desse jogo é nada mais nada menos do que Julian Gollop, o criador da série X-COM, mas que através desse novo título de tática e estratégia envolvendo criaturas de outro mundo, expande sua fórmula, adicionando geração procedural de inimigos, aleatoriedade de missões e cenários; a capacidade de atingir apenas pontos fracos dos inimigo; a possibilidade de explorar inúmeros lugares do mundo; se aliar a facções e participar de tomadas de decisão.

Phoenix Point seria um sucessor espiritual de UFO.

No entanto, ainda fica uma dúvida. Uma vez que o jogo foi lançado em Dezembro, porque não houve uma grande divulgação ou indicação do game a grandes premiações? Primeiramente, pelo menos por enquanto, ele foi lançado somente para PC (Epic/Microsoft Store) e fora da Steam, o que abafou bastante sua chegada. Para piorar, o título foi prometido para o Game Pass, mas sofreu um atraso e quando finalmente deu as caras, estava mal otimizado, cheio de bugs e mecanicamente desbalanceado.

Bugs e o atraso para chegar ao Game Pass atrapalharam Phoenix Point em sua lançamento.

Após alguns meses, com a ajuda de feedbacks da comunidade e atualizações, o jogo da Snapshot finalmente está livre de bugs e seu sistema mais equilibrado, deixando as partidas justas, mas ainda sim desafiadoras.

Abrindo a caixa de Pandora

Antes de adentrarmos nas mecânicas, é interessante comentar um pouco em sua trama, que mesmo tendo claras inspirações em XCOM desenvolve algo original e instigante.

Na história, parava felicidade da comunidade científica e o temor do restante da civilização, um novo vírus é encontrado congelado. No entanto, seu genoma é bastante incomum, pois somente 1% dos seu genes batem com qualquer outra coisa viva existente na Terra. Logo o vírus é batizado de Pandora.

Décadas após o ocorrido, o mar e tudo dentro dele começa sofrer uma grande transformação. Pessoas se transformam em monstros, que são chamados de Pandorianos. Essa mutação começa a se espalhar também para a terra e para o ar, através de uma névoa infestada de micróbios.

A população humana começa a ser dizimada e os sobreviventes vivem isolados em refúgios espalhados pelo mundo. Esses refúgios e o que restou dos recursos são controlados por facções, que possuem ideologias contrastantes e guardam grandes segredos.

Diante de toda essa catástrofe, o jogador controlará o quartel general da Phoenix Project, uma organização mundial criada para enfrentar esse tipo de ameaça. Você tem a disposição os melhores cientistas, engenheiros e soldados. O problema é que você não consegue entrar em contato com nenhuma das outras bases e precisa descobrir o que aconteceu a elas.

Quase uma Área 51

Como outros jogos de estratégia criados por Julian Gollop, aqui você terá que dividir seu tempo entre gerenciar sua base, enviar seus soldados para explorar e realizar missões ao redor do mundo.

O jogador terá o planeta todo para explorar.

Durante essa exploração o jogador poderá encontrar recursos, o que ajudará construir novas instalações em sua base equipamentos para seus soldados, além de descobrir novos refúgios, que oferecem trocas comerciais e permite fazer alianças com facções.

Optar por se aliar (ou não) a uma dessas facções muda totalmente o modo como você progride em sua campanha. Por exemplo, os Disciples of Anu é um grupo religioso que acredita que o vírus é, na verdade uma benção, o futuro da humanidade e aplicam a mutações a si mesmos. Ao realizar missões e favores a essa facção você será recompensado com vários novos conhecimentos e tecnologias, dentre elas a mutação, que possibilita transformar seus soldados em híbridos humano-pandorianos, o que por sua vez, dá a eles aumento de atributos e novas habilidades, além de disponibilizar duas novas classes de personagem.

Se aliar a uma das facções será essencial para sua sobrevivência.

Ao mesmo tempo, proteger esses cultistas, automaticamente te torna inimigo dos New Jericho, uma organização militar de grande poderio bélico cuja principal missão é manter a pureza da raça humana e erradicar tudo o que tiver relação com o vírus pandora.

Essas alianças aumentam rejogabilidade deste título, pois cada uma das facções possui não apenas novas tecnologias como também tem histórias interessantes, guardam grandes segredos e no final você irá querer recomeçar o jogo para poder se aliar a cada uma delas.

Sem chance de errar

Uma das maiores frustrações dos jogadores de XCOM e demais games de combate tático é quando um de seus soldados literalmente a pouco centímetros do inimigo, atira e mesmo assim consegue errar o alvo. Em Phoenix Point esse problema é resolvido dando ao jogador a opção de mirar manualmente, atingir pontos precisos do inimigo. Além de dificilmente errar o tiro, essa mecânica permite dar tiros precisos e atingir pontos fracos, provocando mais dano, ou inutilizando uma parte do corpo do adversário.

Se um humano, por exemplo, for atingido várias vezes no braço, ele não poderá mais segurar armas com ele, se for atingido na perna, não poderá mais se movimentar. Algo semelhante ocorre com as criaturas, caso um telepata for atingido na cabeça, ele não poderá usar suas habilidades mentais até o fim da partida.

Inimigos são criados através de geração procedural.

Os pandorianos, aliás, são outro grande destaque. Ele são criados a partir de um sistema de geração procedural, de acordo com a maneira como o jogador se comporta, eles sofrem mutação e evoluem, o que proporciona não apenas uma grande variedade de inimigos como também muitas vezes, surpreenderá o jogador, tirando-o da sua zona de conforto e obrigando a mudar sua estratégia.

De volta às mãos do criador

O novo jogo definitivamente não é um novo XCOM. Na verdade, mesmo com as atualizações ele ainda carece de polimento e balanceamento, mas tudo isso é ofuscado pela enorme quantidade de conteúdo e as diversas possibilidades proporcionada pela geração procedural de inimigos, aleatoriedade de missões, cenários e sistema de facções.

Melhor ainda, pode-se dizer Julian Gollop não só expandiu a fórmula de seus jogos anteriores como está levando esse subgênero para uma nova direção.

Phoenix Point já está disponível para PC (Epic/Microsoft Store) e será lançado para PlayStation 4 e Xbox One ainda em 2020.

Manoel Siqueira

é formado História, Filosofia e cursa Pós no Uso de Jogos e Brincadeiras em Sala de Aula. Também é redator, podcaster e editor no site http://meialua.net @meialuafsoco.