Análise | Elden: Path of the Forgotten

Desenvolvido praticamente a uma mão, por Dylan J. Walker (Onerat Games) e publicado pela Another Indie, a editora por trás de títulos de terror aclamados como Yuppie Psycho e a série SIMULACRA, Elden: Path of The Forgotten é um action-rpg de terror cósmico, com combate inspirado em Demon/Dark Souls, que te leva para uma jornada por uma terra dominada por monstros atrás de sua mãe desaparecida. O título segue a estética de pixel arte e tem visão isométrica, como Hyper Light Drifter e Children of Morta. Finalizei o jogo com 4 horas de gameplay e abaixo irei descrever em tópicos as minhas opiniões sobre este game que está chegando ao Nintendo Switch e aos PCs através da Steam.

ENREDO

O game inicia com a mãe do personagem jogável escrevendo uma carta e desaparecendo em uma espécie de portal macabro, aí sua jornada começa. Rapidamente você percebe que as coisas não estão normais ao redor de sua casa, o pequeno vilarejo está tomado por monstros e uma chacina aconteceu no lugar. Sem muitas explicações e sem NENHUMA linha de texto, falado ou escrito (pelo menos de forma legível), Elden se debruça no conceito de narrativa não intrusiva e abusa do environmental storytelling, conceito de design muito utilizado nos jogos da série Souls, onde o ambiente é responsável por te contar a história. Você entende o que está acontecendo muito mais pelo que você vê na tela, ao invés do que é lhe falado, novamente, neste jogo, não existe diálogo ou texto, você precisa observar para tentar entender qualquer coisa.

Ao longo das 4 ou 5 horas de gameplay, você irá atravessar diversos ambientes tentando entender o que está acontecendo, encontrar sua mãe e vencer inimigos diversos: dragões, ogros, cobras, magos entre outros seres lovecraftianos estarão no seu caminho, assim como alguns chefões com um design bem assustador. Alguns NPCs bem carísmáticos também estarão pelos mapas, neste aspecto, eu senti falta da interação, como o jogo não possui diálogo não é possível conversar com os personagens que você encontra, e eu senti vontade de conhecer alguns deles mais a fundo. Ainda assim, o mistério também é interessante, montar a história daqueles guerreiros tão perdidos quanto você, na sua própria mente também é divertido e abre margem pra discussão.

Para não dar spoiler, não irei citar o final, mas posso dizer que abre bastante margem para interpretação.

JOGABILIDADE

Todo jogo que pretende usar a jogabilidade soulslike, com stamina esgotável, ataques que não podem ser cancelados após o comando do jogador, inimigos com alto poder de dano e etc, precisa ter um grande refinamento em suas mecânicas, pois se você vai punir gravemente o jogador pelo seu erro, o jogo tem que procurar não errar também. Aqui é onde o jogo apresenta os maiores problemas, que são completamente justificáveis quando a gente fala de um jogo indie com praticamente apenas um desenvolvedor, mas ainda assim, problemas são problemas. Em diversas ocasiões inimigos ficam presos em locais do mapa, facilitando assim você mata-los com a lança sem que eles possam te alcançar (isso acontece até com bosses), mas justiça seja feita, isso acontece em jogos Triple A como Dark Souls 3 por exemplo.

Outro aspecto que me incomodou durante o gameplay é que alguns inimigos soltam projéteis, e ao buscar abrigo atrás de uma árvore ou pedra para evitar o projétil, eu descobri que eles atravessam, como se o obstáculo não estivesse alí, o que complica a estratégia de batalha, mas após algum tempo você acostuma e leva isso em consideração na hora de lutar. Em relação a batalha e armas, o jogo possui três opções que estão disponíveis desde o inicio, a espada (mais balanceada), o machado (mais pesado e mais dano, porém mais lento) e a lança (ideal para ataques a distancia, menos dano porém mais velocidade), não existem outras armas, apenas magias que podem ser coletadas através dos mapas, um dos problemas é o sistema de controle e disparo dessas magias, você precisa mirar com o analógico para onde você vai atirar, e para fazer isso durante a batalha você precisa parar de andar, é muito fácil errar e gastar mana a toa atirando a magia para o lado errado. O jogo também não possui sistema de progressão, o personagem não tem níveis, o que tira um pouco a satisfação de derrotar inimigos pois isso não te trará nenhuma recompensa a não ser uma eventual fruta para recuperar seu HP.

Mesmo com estes problemas pontuais (e compreensíveis), o jogo consegue trazer toda aquela atmosfera de aventura que os soulsborne trazem, a cada novo mapa o avanço tem que ser cauteloso e sempre a procura do próximo checkpoint (as famosas fogueiras) para salvar seu progresso. Existe também o sistema de atalhos e portões, que no inicio estão fechados e ao explorar o mapa, você consegue a chave pode voltar para abrir e seguir adiante, mesmo com alguns aspectos que podem melhorar, o gameplay é divertido e te faz querer continuar explorando.

GRÁFICOS E TRILHA SONORA

Para os amantes do pixel art, este título é um prato cheio, é impressionante o nível de detalhe e como cada area do jogo tem sua própria personalidade, é interessante lembrar que este game foi programado praticamente por uma só pessoa. Castelos, desertos, geleiras, dungeons e muito mais estão representados aqui com uma belíssima trilha sonora e efeitos de sombra e luz bem bonitos.

CONJUNTO DA OBRA E CONCLUSÃO

Elden: Path of The Forgotten entrega uma jornada divertida, desafiadora e intrigante para o jogador, apesar dos problemas pontuais, o jogo está chegando com um valor justo e acessível, sendo assim uma ótima escolha para os amantes do pixel art e de jogos inspirados em Demon/Dark Souls e Bloodborne.