Eu sempre fui uma grande fã das histórias de detetives, e consequentemente Sherlock Holmes sempre me impressionou. Confesso, no entanto, que nunca li um único livro de Sir Arthur Conan Doyle contando as aventuras de Sherlock. Estou prestes a mudar isto, no entanto, enquanto verifico em minhas finanças a possibilidade de adquirir um box com todos os romances e contos. Enfim…
Acabei, por vez ou outra, vendo adaptações em televisão, vi os filmes estrelados por Robert Downey Jr. (ambos no cinema) e, no ano passado, devorei a série Sherlock da BBC de uma vez só, sem água para ajudar a engolir ou sequer respirar. Virei fã nos primeiros segundos da atuação de Benedict Cumberbatch como o maior detetive da ficção. A propósito, com o que acabei de falar, peço a Agatha Christie que me perdoe, há lugar no meu coração para Sherlock Holmes e para seu Hercule Poirot, mas o Benedict me fez ficar apaixonada, como fez com a maravilhosa Irene Adler.
A forma como modernizaram Sherlock e Watson em uma Londres do nosso tempo realmente me deixou encantada. Sua convivência conturbada com John Watson (o também incrível Martin Freeman), a química e atuação de todos os atores… Viciante. Eu assistia um episódio atrás do outro, perdendo até madrugadas, e pensando quando, no dia seguinte, eu conseguiria me livrar de meus afazeres para continuar a saga do sociopata mais inteligente e convencido deste mundo.
Devo destacar que o primeiro episódio e os confronta com James Moriarty, o arqui-inimigo de Holmes, são meus favoritos, como deve ser o da maioria dos fãs do detetive. Aliás, cito aqui a brilhante atuação de Andrew Scott, que consegue a proeza de ofuscar Cumberbatch com toda a sua insanidade diante da câmera ao incorporar Moriarty. É simplesmente de tirar o fôlego quando ele se revela como uma mente capaz de superar até mesmo a de Sherlock na inteligência e perspicácia, sem falar em suas frases incríveis.
Ontem, depois de meses em abstinência de Sherlock, após a minha maratona desesperada no meio de 2015, assisti o episódio especial “The Abominable Bride” e ainda estou boquiaberta. Sabe quando você gosta muito de uma coisa, fica muito tempo sem “consumir”, e quando volta parece um turbilhão de emoções, sabores e o pensamento de “como eu aguentei ficar tanto tempo sem?” martelando na cabeça? Então, é assim que estou agora.
Neste episódio especial, Sherlock e Watson são transportados para o tempo original onde as histórias do detetive se passam, na Londres do fim do século 19. Holmes com o seu tradicional chapeuzinho e Watson com o característico bigode são só o começo de um espetáculo de encher os olhos dos assíduos fãs. O caso da vez é o de uma mulher perturbada que, vestida de noiva, é flagrada atirando com dois revólveres na direção de homens que passavam pela rua, até, finalmente, decidir se suicidar com um tiro na boca. O problema é que, poucas horas depois, seu marido é brutalmente morto por ela mesma, ainda com o vestido de noiva, cantarolando a canção de seu casamento, e disparando com uma escopeta no homem.
Como poderia a mulher voltar à vida, após um tiro na cabeça lhe tirar a vida e seu corpo ser devidamente identificado no necrotério? Seria um fantasma, como a população ensandecida e amedrontada de Londres especula? Ou seriam gêmeas, como Watson questiona a Sherlock e, obviamente, é imediatamente contestado com todos os argumentos que o detetive mais cheio de soberba têm sempre na ponta de sua língua? Este é um dos mais intrigantes casos para o detetive Holmes, e o tempo não está a seu favor conforme outros assassinatos envolvendo a aparição da bizarra noiva assombram a cidade.
Todos os personagens originais da série estão presentes, ou ao menos fazem uma participação no episódio, com destaque para as mulheres. Hooper, a assistente do necrotério, apaixonada platonicamente por Sherlock, aparece vestida de homem, por se tratar de uma época onde mulheres são questionadas por suas habilidades e talentos em trabalhos comumente masculinos. Já Mary, a esposa de Watson, mostra-se bastante envolvida em seus próprios assuntos, mas que sempre acabam esbarrando no caminho da investigação de Holmes e de seu marido. Irene Adler é brevemente citada e não aparece diretamente no episódio, mas a menção honrosa está lá, merecidamente por sua importância na vida do detetive.
Infelizmente, até onde sei, o episódio chegará ao Brasil somente em DVD a partir de Fevereiro, e no momento está passando somente em algumas salas de cinema pelo mundo. Por esta razão decidi assistir através de arquivo baixado deste lindo e vasto mundo da internet. Espero que, mesmo que demore, ele chegue em algum momento ao Netflix, por onde eu tive a chance de assistir as temporadas anteriores. E é claro que assistirei o episódio de novo, se for lançado aqui, já que Sherlock nunca é demais.