2024, com certeza, é um ano de grandes lançamentos na indústria cinematográfica. E nesta semana, participamos da cabine de imprensa de um destes grandes lançamentos, que levantou expectativas desde o anúncio de sua produção e principalmente de seu elenco e do gênero escolhido para a execução da trama. Trata-se do musical “Coringa – Delírio a Dois”, dirigido por Todd Phillips. A trama se desenvolve após os acontecimentos do primeiro filme da sequência, mostrando Arthur (Joaquim Phoenix) no asilo para o qual foi enviado ao cometer uma série de assassinatos, um deles ao vivo em um programa de TV. Durante o filme iremos acompanhar, resumidamente, o desenrolar do julgamento de Arthur, enquanto o mesmo encontra pela primeira vez alguém que simbolize toda a admiração que ele conquistou sendo o Coringa: a companheira de asilo Harleen Quinzel (Lady Gaga).
“Coringa – Delírio a Dois”, como já mencionado, foi muito comentado e aguardado pelo público, e deixarei aqui as minhas impressões sobre o longa.
Quando soubemos que veríamos a singular figura de Arlequina em cena, interpretada por Lady Gaga, foi impossível não elevar as expectativas. Provavelmente você, assim como eu, ansiou por cenas de Arlequina e Coringa em momentos de obsessão mútua e muita destruição. No entanto, essa expectativa é quebrada durante praticamente todo o longa. A arriscada decisão de tornar “Coringa” um musical não é basicamente o único ponto que traz problemas para a trama, uma vez que o gênero musical parece se inserir como forma de ampliar a compreensão sobre a mente perturbada de Arthur. Porém, o uso dos elementos de música se dão de forma exagerada: e não se trata de quantidade, mas do momento em que são inseridos. Em algumas cenas, esperamos que haja alguma movimentação enérgica, ou algum esclarecimento dos fatos, mas somos conduzidos para mais uma cena musical injustificada entre Arthur e Harleen que acrescenta pouco ou nada ao enredo. Dessa forma, acompanhamos uma obra com mais de duas horas de duração em que há pouquíssima exploração de cenários, personagens, e até mesmo da história de seus protagonistas. Não há problema algum apenas em ser uma obra de musical: o problema aqui está no momento de inserção e no conteúdo, uma vez que as performances apontam para um lado artístico que não traz substantividade ao enredo. As músicas não são extensão ou composição para a trama, mas uma pausa. “Coringa – Delírio a Dois” é uma obra repleta de riscos desde sua intenção de desviar Coringa das tramas de super herois, até sua execução rasa que soma em quase nada aos acontecimentos do primeiro filme. Acredito que “Coringa – Delírio a Dois” cumpre apenas o objetivo de ser perturbador e fantasioso, transportando seu público para um cenário de alucinação. Isto, associado ao fanservice e referências satisfatórias que são fornecidos ao longo de seu desenvolvimento, são alguns dos elementos que poderão conectar a trama ao público (o que na minha experiência não foi o suficiente).
Em contraposição aos problemas de enredo, posso afirmar que “Coringa – Delírio a Dois” é impecável em seu sentido artístico. Os efeitos visuais e sonoros são extremamente bem elaborados. O figurino é pensado em detalhes, os cenários (mesmo que pouco amplos) trazem ao público uma imersão quase agoniante. Temos cenas em que a sonoridade e as imagens ornam de forma perfeita, como a memorável cena da explosão que traz um realismo chocante e é conduzida do estrondo ensurdecedor ao absoluto silêncio, trazendo ao espectador a sensação de ter de fato vivenciado aquele acontecimento. A desenvoltura de Joaquim Phoenix e Lady Gaga em performances musicais também não deixa a desejar: apesar de Harleen não ser retratada de forma tão expressiva quanto esperávamos, é impressionante o quanto Joaquim compõe o cenário perturbador das apresentações com canto, dança e atuação. E, nesse sentido, vale mencionar também a atuação brilhante do ator. Não poderia haver melhor escolha para representar a face perturbada, insana e melancólica de Coringa em suas diversas mudanças de personalidade. Sobre a surpreendente participação de Lady Gaga, é inegável o quanto ela sustenta as performances musicais. No entanto, o roteiro parece prejudicar gravemente sua atuação, uma vez que a conhecida Arlequina parece ser “glamourizada” a tal ponto que Gaga parece interpretar a si própria, e não a personagem.
Para os fãs mais apaixonados do personagem Coringa ou apenas do primeiro filme, é quase inevitável recomendar que assistam “Coringa – Delírio a Dois”, que é uma pequena extensão do que vimos na obra de 2019. No entanto, é preciso que as expectativas não sejam elevadas. Não se trata de um filme impossível de se assistir, mas por vários momentos me vi tentando não dormir durante a sessão. Aqui, há um começo promissor, no qual pensamos que aquele será um filme memorável, mas não demora muito para que o ritmo monótono canse a quem assiste. Por sorte, somos contemplados com um final surpreendente que valoriza a experiência, além da veia artística irretocável. É um filme que faz pensar e debater internamente, e deve ser “lido” em suas subliminaridades, apesar do conteúdo raso e das pontas soltas que ficam ao longo da história e não entendemos se são ou não propositais. Obviamente não é o pior filme do ano, mas está entre os que mais me decepcionaram: as expectativas foram frustradas com a falta de impacto e monotonia da trama.
Não se esqueçam de contar para nós quais as suas expectativas para o filme, e se pretendem ou não assistir!
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Eu amo quando a crítica traz vocábulos de velha que sou do tipo “ornam” kkkkk. Nota 10 pra crítica e me ajudou a não ir no cinema gastar pelo menos cenzão pois sou das que botam expectativas imensas em franquias que eu adoro!