Rise of the Ronin é novo projeto da Team Ninja, equipe responsável por grandes sucessos como Wo Long e Nioh, que traz uma proposta diferente para o jogador ao introduzir, pela primeira vez, um mundo aberto totalmente explorável.
Nós recebemos uma chave do Playstation Brasil para análise, e agora vocês conferem o que achamos dessa jornada, ambientada no fim do período Edo, que marca o encerramento do Xogunato no Japão.
História
A história de Rise of the Ronin se passa no meio do século XIX durante o Bakumatsu, que apresentou o fim do xogunato e da era tokugawa, família que governou o país por séculos.
Além disso, esse período histórico foi marcado pela necessidade do Japão em abrir suas fronteiras comerciais para o ocidente, uma vez que suas espadas e lanças não poderiam fazer frente ao poder de fogo dos estrangeiros.
Nosso protagonista faz parte de uma organização secreta chamada Kurosu, que possui a missão de exterminar o Xogum.
O mesmo é treinado ao lado de um outro órfão para serem assassinos letais quando lutam juntos.
Após uma breve apresentação, os guerreiros são enviados em uma missão para invadir um navio americano na costa de Yokohama, mas as coisas não saem como planejado.
Depois de uma árdua batalha, as lâminas gêmeas são separadas e é justamente nesse ponto onde escolhemos qual personagem controlar, o homem ou a mulher.
Feita essa escolha, partimos em busca do paradeiro de nosso parceiro que, pouco tempo depois, descobrimos estar vivo.
Além disso, à medida que nossa investigação avança, entramos no fogo cruzado das organizações pró e anti-xogunato, tornando as coisas ainda mais interessantes.
Não vou dar mais detalhes aqui para evitar spoilers, mas toda a dinâmica da história envolvendo os conflitos relacionados ao tratado comercial dos estrangeiros, coloca nosso protagonista em uma posição delicada.
Conhecemos figuras de ambas as organizações e podemos decidir por ajudar uma ou outra. Então, fica a critério do jogador escolher qual ideal faz mais sentido apoiar conforme o enredo progride.
Gráficos
A representação gráfica de Rise of the Ronin segue, basicamente, os padrões adotados em jogos como Wo Long e Nioh.
Obviamente é possível notar um maior polimento em alguns aspectos, como as cutscenes, que apresentam uma boa modelagem dos personagens durante os diálogos.
A ambientação salta aos olhos em alguns momentos, no entanto, algumas partes do cenário que visitamos apresentam um aspecto estranho, com texturas borradas, aparentando algo inacabado.
Quando se trata de um jogo em mundo aberto, temos uma maior quantidade de partículas, polígonos, entre outros elementos que precisam ser carregados em tempo real e essa vastidão pode acarretar um alto custo nessa precisão.
Quer dizer que o jogo é feio? De maneira alguma! Ele possui pontos positivos, no entanto, se comparado com seus antecessores que são mais lineares, Rise of the Ronin peca em alguns aspectos.
Fica evidente que a Team Ninja precisa atualizar seu motor gráfico, que está bem aquém de outros jogos do gênero que temos hoje.
O Mundo Aberto e suas atividades
A proposta mais ambiciosa na concepção de Rise of the Ronin foi, com certeza, implementar um mundo aberto explorável.
Após o ato introdutório da história, o jogo solta nossas amarras e nos apresenta um mundo repleto de atividades, personagens e missões secundários.
Com o auxílio do nosso fiel cavalo, podemos navegar pelas terras do Japão mais rapidamente e temos hastes encontradas por todo o mapa que, quando ativadas, servem como pontos de viagem rápida, agilizando a locomoção entre as diferentes cidades e ambientes.
Temos diferentes atividades para exibir áreas do mapa, revelando mercadores para compra de itens, pontos de interesse para visitar e mais.
Embora seja legal no início, principalmente por envolver, na sua maioria, batalhas contra arruaceiros e bandidos, isso acaba se tornando repetitivo e maçante após algumas boas horas.
Além dos combates, podemos apreender fugitivos, visitar santuários que nos concedem pontos de habilidade, acariciar animais que encontramos no mapa, realizar alguns desafios, entre outras.
São tarefas importantes que auxiliam na evolução de nosso personagem, para que possamos encarar com mais facilidade as missões vindouras.
No entanto, sinto que estas poderiam ser mais variadas e menos genéricas.
As missões secundárias, no entanto, envolvendo alguns dos principais personagens da trama, são bem interessantes de se fazer, devido às histórias contadas ali e rendem boas recompensas.
A cereja no bolo: O Gameplay
O ponto forte da Team Ninja sempre foi seu gameplay e em Rise of the Ronin não é diferente.
A primeira grande mudança que percebemos ao iniciar o jogo é a escolha de dificuldade. Dessa vez é possível alternar entre fácil, médio e difícil, tornando o mesmo atrativo para aqueles que não estão familiarizados com games do gênero.
Eu, particularmente, achei a ideia interessante, justamente por abrir portas para um novo público.
Quanto a jogabilidade, nós podemos realizar ataques leves, ataques especiais conforme a arma e estilo que utilizamos, saltar e efetuar esquivas. Obviamente, tudo isso deve ser feito com total atenção a barra de stamina do boneco.
Caso não seja bem administrada, isso pode nos colocar em maus lençóis durante o combate.
Não posso esquecer de mencionar o famoso parry, chamado de Contrafulgor. Quando executado no timing correto, causa um alto dano a postura do inimigo, abrindo brecha para investidas letais.
Toda essa dinâmica, que bebe da fonte de jogos como Nioh, é bem gostosa e gratificante de se dominar.
Temos uma boa variedade de inimigos com diferentes tipos de armas. Cada um apresenta seu próprio estilo e ataques, sendo necessário observar bem seus movimentos antes de atacar com tudo.
A paciência pode ser bem recompensadora, principalmente quando nos deparamos com um grande grupo de inimigos.
Outro ponto a se destacar são os elementos stealth do game. Nós podemos pegar oponentes desprevenidos e executá-los no ato, com exceção dos inimigos maiores e chefes.
No entanto, a IA do game, que falaremos mais em outro tópico, peca bastante nesse quesito. Por diversas vezes executei adversários em stealth na frente de outro boneco, praticamente, e o mesmo não foi alertado.
Isso pode acabar quebrando a imersão em alguns momentos e eliminar aquele sentimento de cuidado extremo para não ser visto.
Quanto às armas presentes em Rise of the Ronin, temos à nossa disposição diferentes tipos que variam desde Katanas, Baionetas, Lanças, Sabres, Espadas pesadas e muito mais.
Cada uma nos dá acesso a ataques distintos, conforme a arma empunhada no momento. É bem divertido testar cada uma, até encontrarmos a que melhor se encaixa em nosso estilo de gameplay.
Além disso, cada uma possui uma postura própria que podemos alternar a qualquer momento e se adequa melhor a determinados tipos de inimigos.
Por exemplo, algumas podem causar mais danos a usuários de lança, enquanto outros são mais efetivos contra aqueles que usam espadas duplas e assim sucessivamente.
É crucial ficar atento aos estilos e aprender novos para facilitar os embates vindouros.
Meu único ponto de crítica aqui é a quantidade insana de armas que podemos lootear no mundo. Chega a ser cansativo desmontar e vender a grande infinidade disponível em nosso inventário.
Nosso protagonista, como mencionei anteriormente, evolui seu level durante a jornada, adquirindo pontos de habilidade que podem ser gastos em uma árvore de skills bem variada.
Cada ramificação representa um aspecto do personagem, como Força, Destreza, Charme e Inteligência.
Os pontos gastos aqui necessitam de atenção por parte do jogador, pois algumas habilidades podem auxiliar, até mesmo, em situações além do combate.
Elos e relacionamentos
Um recurso bem interessante implementado em Rise of the Ronin são os Elos que podemos criar com personagens chave da história.
À medida que avançamos no enredo, conhecemos algumas figuras importantes que nos auxiliam de alguma forma no decorrer da jornada.
Estes são adicionados a um menu intitulado Elos, onde podemos vislumbrar o nível de afinidade com estes personagens.
A partir disso, são geradas algumas missões e atividades secundárias que, quando realizadas, fortalecem o vínculo, concedendo ao jogador recompensas valiosas e a possibilidade de aprender o estilo de luta daquele boneco, caso o mesmo seja um combatente.
Eu, particularmente, achei essa uma sacada bem interessante por parte dos produtores da Team Ninja. Além das recompensas, podemos evoluir esse elo para interações maiores, como um relacionamento. Nada muito profundo, mas é uma ramificação possibilitada aqui.
Estas missões específicas trazem algumas histórias bem legais e nos permite entender melhor a motivação de cada um.
Durante os diálogos, temos algumas opções de resposta para as perguntas que nos são feitas e, dependendo da opção escolhida, isso pode ou não afetar o elo que temos com aquele personagem.
Sendo assim, fica a cargo do jogador, de certa forma, a escolha de como prosseguir com o vínculo criado.
Bugs e IA problemática
Rise of the Ronin não está livre de problemas e alguns podem ser bem irritantes.
Retomando o assunto relacionado a IA controversa, que mencionei anteriormente, a mesma apresenta comportamentos bem bizarros.
Além do stealth, cheguei a eliminar inimigos com uma flecha na cabeça que estavam de frente para outros que não foram alertados.
Alguns andaram contra a parede ao me atacar, ficando presos, facilitando o abate. Joguei bombas em alguns grupos que, ao estourar, não alertaram outros que estavam próximos.
Enfim, são muitos pontos de atenção relacionados à IA dos inimigos que necessitam ser averiguados, que facilitam algumas batalhas de forma não convencional.
Quanto aos bugs, me deparei com texturas borradas em algumas partes do mapa, delays de renderização e serrilhados nos bonecos.
No entanto, os mais irritantes aconteceram durante as batalhas ou ao viajar pelo mundo, quando nosso personagem ou cavalo ficaram presos em partes do cenário, abrindo brecha para ataques de inimigos.
Não são bugs que acontecem de forma regular, mas as poucas ocorrências frustraram bastante.
Vale a pena?
Em suma, fazendo um apanhado geral das ideias implementadas em Rise of the Ronin, posso dizer que este é sim um bom jogo da Team Ninja, mas não é excepcional.
Os produtores trouxeram ideias interessantes e ambiciosas, no entanto algumas não foram tão bem executadas como, por exemplo, as atividades do mundo aberto, que se tornam cansativas/repetitivas após algumas horas.
O gameplay é, sem sombra de dúvida, o ponto mais forte do jogo, algo que a equipe responsável por projetos como Nioh e Wo Long faz tão bem a anos.
A história é intrigante e desperta nossa curiosidade para ver o desenrolar dos conflitos pro e anti-xogunato, além das questões pessoais de nosso protagonista envolvendo sua lâmina gêmea.
Se você é fã, ou simplesmente curte os projetos realizados pela Team Ninja, Rise of the Ronin vai te agradar.
Apesar dos defeitos, ele proporciona boas horas de diversão e traz desafios insanos para aqueles que os buscam.
Rise of the Ronin já está disponível como um exclusivo do Playstation 5.
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