Meu primeiro contato com Monster Hunter foi através do 3DS, com o jogo Monster Hunter 4 Ultimate. Naquela época havia testado o jogo, porém não tinha curtido como gostaria, isso porque não avancei muito, fazendo somente uma ou duas missões. Como um jogador que ama jogos de luta, aos poucos fui me aventurando em outros gêneros.
Em meados de 2020, na época do início da pandemia do COVID-19, tive a oportunidade de testar a beta do Monster Hunter Rise no Nintendo Switch. A possibilidade de jogar o game novamente em um “portátil” me atraiu bastante, tendo em vista as melhorias significativas do gameplay se comparado com as mecânicas dos jogos anteriores. Gostei do que vi e acabei comprando o jogo.
Hoje, após jogar inúmeras horas no Nintendo Switch e na versão da Steam (acredito que chegue perto das 700 horas) me apaixonei pela franquia. Tanto que, atualmente, estou jogando Monster Hunter Generations Ultimate (Nintendo Switch) e Monster Hunter World (Steam).
Apesar de não ter jogado todos os games da franquia, posso falar com alguma propriedade sobre a importância do Monster Hunter Rise (MHR) nos consoles de mesa da atual e antiga geração. Isso porque, assim como aconteceu comigo, muitas pessoas não conhecem muito sobre a franquia e não se aventuram devido ao tempo que o jogo requer.
Sim, como os demais jogos de Monster Hunter, você deve dedicar um bom tempo a ele. Pode contar em torno de 100h, caso queira fazer muita coisa. Como na maioria de seus jogos, não há um plano de fundo mirabolante ou história grandiosa que justifique o seu caçador derrotar X ameaça.
O foco não é a história
Em Monster Hunter Rise não é diferente. Você é um caçador da vila de Kamura e precisa verificar os ataques constantes que vem sofrendo dos monstros da região. A temática japonesa encaixou perfeitamente no jogo. A música da vila me lembra uma versão aprimorada do tema da vila Yukumo, presente em Monster Hunter Portable 3rd e Generations. O “flagship” dessa vez é o estreante Magnamalo, uma espécie de monstro que parece uma mistura de samurai com chamas negras em corpo de um imenso tigre ou… gato? De qualquer maneira, a Capcom acertou em cheio com a inclusão desse novo monstro. Mais a frente na história temos algumas reviravoltas que justificam a questão da desordem do ciclo natural daquele mundo.
Um porte de respeito com gráficos ok
O jogo no PS5, console em que estou jogando, se parece muito com a excelente versão que foi otimizada e portada para a plataforma da Steam. Ele ocupa quase 27gb no console e há a possibilidade de jogar em Full HD, em até 120 fps, ou em 4k com constantes 60fps. Graficamente, o jogo não é mais bonito que seu antecessor, porém não faz feio. Eu o considerava lindo jogando no modo portátil do meu Switch, bonito no PC (texturas em 4k, etc) e o mesmo se repete no PS5. Está aí um belo trabalho de otimização e porte que, mais uma vez, a Capcom realizou. A Capcom está de parabéns, visto que nos últimos anos os seus grandes lançamentos estão sendo feitos de forma primorosa por meio de sua RE Engine e portadas com maestria nas plataformas. Alô dona Koei Tecmo, fica a dica.
Quanto ao carregamento do jogo no PS5, tenho uma palavra: impressionado. Acostumado com outras plataformas a aguardar em torno de 10 a 15 segundos, fiquei pasmo. Por conta da velocidade do SSD do PS5 o carregamento do jogo é feito de forma instantânea. Se levar 1 segundo digo ainda que pode ser exagero. Não há loading, isso é incrível. Quanto à jogabilidade, permanece a receita padrão da série: coletar, caçar e mais uma vez caçar. Porém aqui eles simplificaram um pouco os tutoriais que antes já eram chatos e exaustivos. Há muitos tutoriais que você pode pular de maneira rápida. Isso facilita muito para aqueles jogadores que já estão acostumados com a franquia. Aliás, o jogo em si é mais rápido que seus antecessores, e isso se estende à condução de sua história e ao seu gameplay.
Gameplay com novas e velhas mecânicas
Monster Hunter Rise foi o primeiro jogo da franquia a implementar a mecânica dos “cabinsetos”, cujo é o foco principal de seu gameplay, o tornando diferente de qualquer outro MH. Enquanto nos clássicos o gameplay é mais cadenciado, digo até que mais na questão de movimentação, aqui há uma pegada um pouco diferente. Não que isso seja ruim, porém os mais saudosistas vão estranhar de primeira. Cabe destacar que aquela sensação de estratégia ainda continua firme e forte aqui, mas também acompanhada de “novas possibilidades”.
A mecânica consiste em barras que são gastas ao utilizar um cabinseto para se locomover mais rápido ou para execução de alguma “habilidade” de sua arma. Locomoção é o forte do game: parece que você está jogando com “ninjas”, pois há a possibilidade de escalar paredes imensas, subir rapidamente em montanhas, etc. O uso de um cabinseto para se locomover gasta uma barra, enquanto golpes de armas podem consumir um ou até dois cabinsetos. Algumas das habilidades das armas são melhorias, reimaginação ou as próprias skills que haviam sido implementadas em Generations Ultimate. É importante ressaltar que as barras de cabinsetos são recarregáveis com o tempo. Ou seja, nada de sair spamando habilidades ou movimentos de forma ilimitada. Há possibilidade de coletar determinado “inseto” no mapa fazendo que você adicione mais uma barra cabinseto, totalizando três, porém de forma temporária.
Além da inclusão dos cabinsetos, a Capcom fez algo extraordinário que foi a implementação do sistema de “montaria” no jogo. Mas isso já não existia no World, Generations Ultimate, etc? Sim, mas aqui eles elevaram o nível dessa mecânica. Agora é possível montar e controlar cada monstro. Após causar certo dano em algum monstro, ele entrará no estado de “montaria” e será possível controlá-lo para atacar outras criaturas e até mesmo fazer com que o monstro que esteja montado bata algumas vezes na parede, causando dano e atordoamento nele mesmo. Sabe aqueles filmes de kaijus? Godzilla, Kong, etc? Na primeira vez em que usei essa mecânica, me senti em um desses filmes. É algo que pode parecer pouco, mas muda completamente a gameplay. É sensacional.
Sistema clássico de Monster Hunter: caçar, caçar e caçar
MHR, assim como seus antecessores, possui características de grinding, ou seja, um jogo cujo objetivo sempre será o mesmo: ir atrás de alguns monstros, coletar itens, materiais específicos, pedaços de monstros para construção de armas e armaduras baseadas nesses monstros, etc. É repetitivo, mas ainda assim não é tedioso. É um jogo que te faz querer caçar cada vez mais.
Ao todo, Rise disponibiliza 14 tipos de armas, sejam elas armas de longo ou curto alcance. As opções vão agradar aos jogadores. Cada tipo de arma possui uma variedade de golpes, sendo elas classificadas, a meu ver, por nível de dificuldade de execução. Para iniciantes indico muito a espada longa (LongSword – LS), que é nada mais que a arma inicial do seu personagem. A Lâmina Dínamo (Charge Blade – CB) é uma excelente arma, mas de difícil execução, porém é a única que tem a possibilidade de se transformar em uma serra elétrica, o que é insano e divertido, me sinto como o verdadeiro Denji com ela (referência à Chainsaw Man).
Cada arma possui uma árvore de evolução, que varia de acordo com as peças de monstros e materiais coletados ao longo do jogo. Quer um martelo elemento choque? Não tem problema, aqui você consegue construir um. Quer uma katana de Magnamalo? Também há como fazer, e por sinal ela é irada. O menu da árvore de cada arma lembra muito o que a Capcom implementou em Monster Hunter World Iceborne, o que é bom. Porém, é importante ressaltar que nem todas as armas possuem variações de todos os monstros. O que isso quer dizer? Pode ser que uma arma tenha um conjunto exclusivo dela e/ou você só consegue construir determinados tipos de armas com peças de um monstro em específico.
No quesito armaduras temos um grande leque de opções que variam de acordo com cada tipo de monstro. Cada peça de armadura (peitoral, braços, perna e capacete) possui determinado atributo, seja para aumentar o dano massivo, a sua defesa, o dano de flagelo (gelo, fogo, água, raio, dragão), etc. Usar todas as peças da mesma armadura nem sempre representa a melhor estratégia.
Para isso temos os “adornos”, pedras que potencializam e complementam atributos de suas armas e armaduras. Assim como um bom RPG, aqui temos várias opções de customizar a build de seu char e deixá-lo mais overpower. Há combinações que podem favorecer determinada arma, por exemplo, quer ter uma boa build com a Katana (LongSword)? Uma opção é utilizar 3 conjuntos de “bainha rápida”, seja por adornos ou por determinada parte de armadura, para que assim você consiga embainhar sua arma de maneira mais ágil e contra-atacar os golpes dos monstros, como em cenas de animes (nessa parte eu falo sério). Quer um dano massivo em seu Espadão (GreatSword)? Tenha 7 espaços de ataque preenchidos + 3 espaços de “Foco” para energizar o mais rápido possível o ataque de sua espada e obter o dano máximo da arma. Assim como as armas e armaduras, os adornos são feitos com pedaços de monstros e materiais. Em suma, quanto mais você caçar, mais itens obterá, fórmula típica de um jogo grinding.
Multiplayer e demais modos
O modo online do jogo é sensacional. Ao testar no meu PS5, sempre encontrei jogadores para me ajudar nas caçadas. Para mim é aqui que vemos a graça de Rise, na verdade da franquia. Caçar sozinho é legal, mas em equipe temos uma experiência superior. Assim como nos jogos anteriores, você pode criar uma party e caçar com seus amigos ou entrar em uma missão online. Nesse ponto é que as coisas ficam melhores em MHR. Você não é obrigado a parear e entrar em determinada sala como acontece em Monster Hunter World Iceborne. Você pode ir direto para a “Área de Encontro” do jogo e buscar uma partida aleatória ou selecionar uma missão de caça e se juntar com pessoas que estiverem jogando essa missão, pois o jogo vai te inserir no meio dessa partida e você se juntará aos demais players.
O modo “história”, ou o mais conhecido “Missões da Vila” é o ponto crucial para você evoluir antes mesmo de se aventurar nas partidas online. Caso pretenda ir direto para as missões online, em equipe (na Área de Encontro), tenha ciência de que você estará em desvantagem, visto que as caçadas nesse modo são mais difíceis, uma vez que os monstros recebem uma espécie de “buff” se comparados com as suas versões no modo história. Para isso, sugiro avançar na história e liberar o rank alto. Isso mesmo, assim como em alguns jogos da franquia, o sistema de rankeamento dos monstros se manteve, sendo eles de rank baixo e rank alto. O rank mestre está disponível somente na DLC Sunbreak. Isso não significa que o jogo base seja fácil ou ruim, foi só uma estratégia da Capcom para poder justificar, na minha opinião, a necessidade de novas caçadas e as horas que serão gastas jogando a DLC.
A medida em que completa missões no modo história, você é designado a enfrentar determinado monstro de categoria maior. Isso é conhecido como “Missão Urgente”. Exemplo, enfrentar uma Rathian logo no início do jogo, no rank baixo, significa que você terá que caçar esse monstro, obrigatoriamente, para elevar seu nível e avançar na história. Se você está no rank de 2 estrelas, será promovido para rank de 3 estrelas. A medida em que conclui missões principais da história, o jogo te leva a enfrentar novos monstros. Ao realizar X missões do seu rank atual é liberada uma Missão Urgente para subir de nível. O rank alto é liberado após iniciar as missões de 4 estrelas. É a partir daí que a brincadeira começa, pois monstros mais fortes irão surgir, trazendo uma dificuldade maior se comparada às ameaças anteriores.
Há também missões de “Frenesi” que consistem em defender sua base de uma horda de monstros. Elas são apresentadas tanto no modo história quanto no online. Felizmente, essas missões estão em menor número e as recompensas atribuídas a elas não são interessantes. Está aí a única coisa que não curti no game, visto que na DLC Sunbreak a Capcom deixou de lado esse tipo de missão, ouvindo o feedback dos jogadores.
Além das missões no modo história e do modo cooperativo, você também pode realizar caçadas em “Missões de Eventos” de forma online com outros jogadores. As missões de evento trazem como recompensa itens temáticos, únicos e “nostálgicos”. Existem várias “collabs” com outras empresas/franquias, e você consegue obter recompensas exclusivas somente se realizar tais missões. Quer um bom exemplo? A possibilidade de você liberar o “chefão secreto” do SFII Turbo. Isso mesmo, jogar usando o Akuma (versão SFV). Cabe destacar que é somente uma skin que te “transforma” no brabo, mas é tão legal que compensa o esforço. Para isso, busque concluir a missão “Teste de Promoção SF: Ultimate” que fica disponível na Área de Encontro do jogo. Ah, para ficar melhor ainda, se você jogar utilizando Espada e Escudo (Sword Shield), há a possibilidade de utilizar um golpe que lembra o shoryuken. Imagine fazer isso utilizando Akuma frente a frente com um Almudron por exemplo? Irado demais.
Uma boa variedade de monstros
Falando em Almudron, para mim é um dos novos monstros adicionados em Rise em que a Capcom também acertou perfeitamente. Assim como Magnamalo, esse é outro monstro difícil de se enfrentar. Pelo que vi, Rise não inovou muito na quantidade de monstros, mas também não fez feio. Ao todo, são mais de 30 tipos bastante variados. Cada monstro é único e foram implementados muito bem pela Capcom, seja por encaixarem perfeitamente com a temática japonesa do jogo ou pelo fator nostalgia/fan service de alguns outros.
A relevância do nome “Monster Hunter“
A possibilidade de jogar MHR abriu portas para muitas pessoas experimentarem o que a franquia tem a oferecer de melhor. Não é à toa que, de acordo com o último relatório de vendas da Capcom, de janeiro de 2023, MHR é o 2º jogo mais vendido da história da empresa (11,70 milhões de unidades) perdendo somente para Monster Hunter World Iceborne (18,60 milhões de unidades). O relatório foi anunciado antes mesmo da estreia do jogo nos consoles de mesa. Isso mesmo, esse número contabiliza somente as vendas do jogo nas plataformas Steam e Nintendo Switch.
A versão do PS5 ficou magnífica, e mais uma vez estendo meus parabéns à Capcom, que vem mandando muito bem nesses últimos anos com os portes, tanto para PC quanto para consoles. Tive a oportunidade de pegar MHR em uma promoção por menos de R$ 100,00 na PSN. É um valor baixo considerando o que o jogo oferece. Acredito que com o lançamento nos demais consoles de mesa, o jogo encoste no World ou até supere, obtendo assim o título de jogo mais vendido da empresa. Os números falam por si só.
Vale a pena?
Agora eis a questão: O jogo é bom? Vale a pena? O jogo não é bom, é maravilhoso e super indico. Rise tem um bom online com várias pessoas ativas e missões que não acabam tão cedo, sendo um prato cheio para quem quer curtir de forma mais séria ou casual. Sabe aquela vontade de jogar uma partidinha de fifa, fortinite, CS, Valorant, etc? Aqui a sensação é a mesma, você quer caçar e bater em alguns monstros com a galera, então entra no modo online e pronto! Alivie seu estresse.
Agora fico no aguardo de sua expansão Sunbreak para os consoles de mesa para aproveitar mais algumas centenas de horas. Dito isso, fica a questão: o que mais a Capcom vai inventar para essa franquia? Ainda não sabemos, mas aguardo ansiosamente.
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