47 Ronins (2013) não é a primeira adaptação cinematográfica do evento real (considerado por muitos estudiosos uma lenda nacional) que ocorreu no Japão no começo do século XVIII. Desde 1941, esta é a quinta vez que a história é retratada nos cinemas. O fato é extremamente popular no Japão e é um exemplo de persistência e honra para todos os nipônicos; por esta razão todos os anos os japoneses homenagem os túmulos dos 47 ronin que sacrificaram suas vidas em prol de seu senhor feudal.
Síntese do evento
Os relatos históricos nos mostram que o evento ocorreu entre 1701-1703. Tudo começa quando o lorde feudal Asao Nagaroni agride Kira Yoshinaka, um funcionário judicial. Como punição Asao é condenado ao seppuku, um tirual de autoextermínio e preservador da honra. Com a morte do lorde feudal os seus samurais tornam-se ronin – samurais sem um senhor.
Liderados por Oishi Kuranosuke Yoshio, os extados 47 ronin esperaram e planejaram por quase dois anos para matar Kira Yoshinaka (e 16 guardas do mesmo) para vingar o nome de Nagaroni.
A adaptação cinematográfica: 47 Ronins
O filme é dirigido por Carl Rinsch; esta é a estreia do diretor nos cinemas, já que seus trabalhos antecessores são comerciais para empresas como LG e Toyota. O filme conta com atores de peso como Keanu Reeves (Matrix) e Hiroyuki Sanada (O Último Samurai) e mesmo assim não foi um sucesso comercial. Mesmo no Japão o filme não atraiu o público. Com o custo de aproximadamente 200 milhões de dólares ele foi um dos maiores fracassos do ano de 2013.
Rinsch trouxe para 47 Ronins elementos da mitologia oriental de forma a tornar o fato histórico um conto místico rico em referências. Entretanto tais elementos foram pouco valorizados no filme, assim, aqueles que desconhecem a cultura oriental ficam perdidos no enredo e pouco aproveita o verdadeiro conteúdo oferecido. O fato histórico transforma-se em uma trama rica em magia e conspiração.
As principais diferenças com a história real estão na adesão de Kai (Keanu Reeves), um mestiço de japonês e britânico que fora criado por Asao Nagaroni. Mizuki, uma bruxa com heterocromia ocular que colabora e influencia nas ações de Kira. Lorde Tengu que criou Kai em seus primeiros anos vida. Abaixo foi separado algumas curiosidades e explicações sobre o filme.
Kirin: O Kirin é uma criatura quimérica presente na cultura asiática e é considerada como a mais poderosa existente, seguida pelo dragão e fênix respectivamente. O Kirin é considerado sinal de bom presságio. No filme, a criatura é representada como uma fera que é assassinada por Kai no começo do filme.
Tengu: Os tengu pertencem ao grupo de criaturas folclóricas do Japão. São conhecidos por habitar florestas e por terem longos narizes. Durante a Era Edo a ideia sobre os tengu muda drasticamente, de lendas passam a divindades, desta forma muitas pessoas passam a orar e fazer seus pedidos a eles. Em 47 Ronins os tengu são demônios e responsáveis pelo treinamento e criação de Kai até adolescência. Assim como na mitologia são guerreiros habilidosos, porém são retratados como seres perigosos.
Bruxa: No mito japonês as raposas são criaturas poderosas capaz de usar truques, ilusões e mudança de forma. Uma raposa quando a serviço de um ser humano torna-se ainda mais poderosa. O poder mais temido é o kitsune-tsukai, que dá ao mestre o poder de controlar outras pessoas pelo poder da raposa. Mizuki é uma bruxa raposa que está sob o comando de Kira, porém, nota-se um pouco de domínio dela sobre seu mestre.
47 Ronins é um filme mediano de um diretor estreante. Embora o glamour da mitologia asiática não tenha sido valorizado da maneira correta o filme é coerente dentro do universo a que ele pertence. Um ponto interessante é o modo como a história é contada, as cenas lembram muito os núcleos de novela brasileira, assim cada parte tem uma espécie de fechamento antes de seguir para a próxima cena, em outras palavras, existe um equilíbrio na história e todos os personagens recebem a mesma atenção durante o filme. O figurino agrada e realmente transmite a sensação de o filme se passar no século XVIII. Entretanto o enredo peca em deixar Keanu Reeves um pouco de lado e também pelas poucas cenas de magia/criaturas que deixaram o filme mais empolgante.
Em suma, é um filme indicado para quem gosta de ação e não para quem deseja realmente conhecer o evento histórico. Acima foi possível conferir esclarecimentos que podem colaborar a compreender a história e também vê-la por uma outra perspectiva. E vocês, gostaram do filme?
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