Chrono Trigger é um daqueles jogos que apesar de saber que era um clássico, por vários motivos eu deixei passar, um desses vários motivos é que eu era uma criança do Mega Drive. Também nunca tive um Playstation Original, nessa época eu estava no Sega Saturn, (eu sei)… O tempo passou e eu nunca tinha me interessado em procurar nenhuma das versões que saíram posteriormente.
Em 2018, adentrei uma quest pessoal que consiste em jogar esses clássicos que chamaram minha atenção ao longo dos anos, porém, por algum motivo, eu ignorei. Não mais. Hoje vamos falar do último desses clássicos que eu joguei em 2018 (os outros foram Final Fantasy VI e Grim Fandango, outro dia a gente fala deles).
DESENVOLVIMENTO
Chrono Trigger é um jogo de RPG desenvolvido pela Square, (na época ainda era só Square, Depois virou Square Enix), lançado para o Super Nintendo em março de 1995. O jogo foi desenvolvido por uma equipe que foi apelidada de “Equipe dos Sonhos” (The Dream Team): Hironobu Sakaguchi (produtor da série Final Fantasy), Yuji Horii (diretor da série de jogos, Dragon Quest, muito famosa no Japão), Akira Toriyama (criador de Dragon Ball), o produtor Kazuhiko Aoki e Nobuo Uematsu (músico de Final Fantasy). Na época a Square já era uma produtora de games respeitada, principalmente no Japão e eles haviam acabado de lançar o grande Final Fantasy VI, que é considerado por muitos (eu incluso) o melhor Final Fantasy até hoje. Portanto, eles possuíam o know-how e bala na agulha para tocar um projeto dessa magnitude, e os fãs confiavam no trabalho da empresa.
ENREDO
A história de Chrono Trigger é um dos pontos que mais me chamou atenção no game, estamos falando de um jogo de 1995, com 14 finais diferentes. O jogo ainda conseguia fazer o que muitos jogos focados em storytelling não conseguem fazer hoje, suas atitudes mudam o decorrer da história, existem side quests completamente opcionais, personagens jogáveis que você pode simplesmente ignorar ou até matar. A trama principal do game (sem dar spoilers), gira em torno de uma grande catástrofe que vai atingir o mundo, por meio de uma criatura lendária que, se
você e seu grupo de aventureiros não impedirem, irá devastar a o planeta. Para conseguir fazer isso, você embarca numa jornada através do tempo, indo desde os tempos pré históricos até um longínquo futuro, onde, inclusive, podemos ver as consequências da tragédia numa linha do tempo onde ninguém impediu a destruição. Ao total são 8 épocas que você pode visitar, o que torna muito interessante explorar o mesmo mapa, só que em diversas épocas diferentes.
O jogo conta também com diversos personagens, cada um deles tem sua própria história e side quest para ser resolvida (completamente opcional); mas o incrível é que são muito bem desenvolvidos e todos têm muito carisma.
GRÁFICOS
Os gráficos do game são incríveis, lembrando que o jogo foi lançado pouquíssimo tempo depois de Final Fantasy VI, a diferença gráfica entre os dois jogos é enorme. Muito se deve ao trabalho primoroso do grande mestre Akira Toriyama, o traço familiar de Dragon Ball, nos personagens, inimigos e gadgets tecnológicos, é incrivelmente nostálgico. As animações dos personagens são bem plásticas para a época e o conceito de enviromental storytelling que o jogo trás é impressionante, ao viajar para as diferentes épocas do jogo, o cenário te conta histórias também, eu consigo me imaginar jogando esse jogo quando criança, não sabendo nenhuma palavra de inglês, porém, entendendo quase que perfeitamente a história, através dos cenários que você atravessa.
Eu joguei a versão de Nintendo DS, e recomendo essa ou então a de Playstation 1, nelas algumas cutscenes desenhadas pelo Akira Toriyama foram adicionadas.
JOGABILIDADE
Chrono Trigger, por ser um RPG da Square dos anos 90, leva o seu já consagrado sistema de combate por turnos, muito comum nos J-Rpgs; porém, neste game, eles conseguiram acabar com uma das piores coisas que esses jogos têm: os encontros aleatórios. Sabe quando você está andando pelo mapa só querendo chegar do ponto A ao ponto B e você é constantemente interrompido por inimigos? Cara, como isso é irritante. Em Chrono Trigger isso praticamente não existe, os inimigos estão na tela e você pode ver onde eles estão, se quiser evitar, é só não encostar neles. Um dos pontos negativos dos encontros aleatórios é que eles te desmotivam a explorar o mapa, e neste jogo, portanto, você pode explorar livremente. Outro ponto positivo é que ao iniciar uma batalha, não existe loading ou troca de tela, a batalha ocorre em tempo real na mesma tela que você já estava, o que agiliza o jogo, facilitando até para aquelas pessoas que não são tão fãs de batalhas em turno pela “burocracia” envolvida no combate. O sistema de batalha é interessante, existe a possibilidade de combinar ataques com os seus personagens, cada grupo que você montar, vai ter um set de habilidades que vão sendo desbloqueadas ao longo do jogo, conforme você evolui esses personagens. A jogabilidade de Chrono Trigger ainda diverte e apresenta um desafio adequado.
TRILHA SONORA
A trilha foi composta por Yasonuri Mitsuda e Nobuo Uematso, e assim como quase tudo no jogo, também é impecável, ao viajar através das eras do jogo, você pode escutar diferentes versões de músicas e trilhas originais para cada época. Na pré-história, você pode escutar um tema com tambores e sons tribais; na era medieval, as músicas épicas, como marchas de cavaleiros e no futuro, um som com sintetizadores parecido com Techno; Cada personagem também possui sua própria trilha exclusiva, tocada em momentos onde sua história está sendo desenvolvida.
CONJUNTO DA OBRA E CONCLUSÃO
Entre qualquer tipo de mídia, seja ela cinema, música ou quadrinhos, existem obras que se destacam, obras que perduram no tempo, demoram mais para envelhecer, ou simplesmente não envelhecem… Chrono Trigger parece brincar com o tempo na vida real, tal como nós, brincamos no jogo.
Por uma série de razões, o jogo continua atemporal, seus gráficos são bonitos até hoje (é claro, levando em consideração o que a indústria podia produzir na época), a movimentação dos personagens é plástica, a jogabilidade ainda funciona, a história é uma grande aventura e a trilha sonora é incrível. Existem produtos que são tão importantes, tão bem feitos e aclamados, que definem a própria mídia; se você me perguntasse um filme que define o cinema, eu provavelmente falaria pra você ver a trilogia do Poderoso Chefão; se você me perguntasse um livro definitivo, eu acho que falaria pra você ler O Senhor dos Anéis; se fosse na música, eu provavelmente diria pra ouvir Thriller, do Michael Jackson; quadrinhos? Watchmen do Alan Moore…
E videogames? Chrono Trigger.
Entenderam?