Ao ver a sinopse e o trailer do filme “Música, Amigos e Festa”, criei algumas expectativas com relação ao que seria abordado. O título original é “We Are Your Friends”, nome de uma música do duo francês de música eletrônica Justice. Eu esperava que mostrasse a trajetória de um dj profissional, fazendo seus amigos se divertirem, em festas e música eletrônica a todo momento. Mas não é bem essa a forma como o filme se desenrola. A música eletrônica é praticamente um pano de fundo para a história.
Acompanhamos a amizade de quatro garotos, amigos desde a infância, que vivem no Vale de São Fernando, na Califórnia: suas relações com o cotidiano, família, carreira, moradia e música. Cole Porter (Zac Effron), sonha em ser um Dj profissional, mas promove baladas em portas de colégios. Cole mora na casa dos pais de um amigo e já no início do filme, o vemos remixando uma música.
É bem interessante vê-lo correndo pelo bairro, com os fones, ouvindo suas músicas. Somos presenteados com imagens incríveis do subúrbio americano, lembrando um pouco o cenário atualizado de Anos Incríveis (Wonder Years), série sobre a vida de Kevin Arnold retratada nos anos 1960.
Voltando à narrativa do filme, determinada noite, Cole tem a oportunidade de conhecer o Dj James Reed (Wes Bentley), que o convida para ir a outra festa. No dia seguinte, Cole conhece a namorada de James, Sophie (Emily Ratajkowski) e é aí que a história de fato começa. James vira um professor para Cole, ensinando-o a tocar como Dj fazendo a sua própria música. Aos poucos o discípulo se apaixona pela namorada de seu mestre, começando um curioso triangulo amoroso.
É interessante perceber como tratam a música no filme. Como a música mexe com a pessoa, o que o corpo sente ao ouvir. Conceitos nos são apresentados, como o que seria bpm, velocidade e a diferença entre os estilos. Seria muito bacana se desenvolvessem melhor este tema.
O filme marca a estreia de Max Joseph, um dos apresentadores do reality show Catfish da MTV, como diretor de cinema. A narrativa é bastante ágil, com cenas que são muito rápidas e que acabam sendo rasas. Muitas vezes parece um conto de adolescente atualizado para os anos 2010, na qual vemos um “remix” de assuntos e situações A linguagem é bem própria desta geração e registra bem esta época.
Os garotos, sedentos por dinheiro, acabam aceitando um emprego numa imobiliária amoral, dirigida por Paige (Jon Bernthal). E é aí que surgem suas frustrações em relação ao futuro. Aqueles dilemas adolescentes do tipo “o que vou ser quando crescer”, ou “será que o que estou fazendo valer a pena?”. Mas os diálogos sobre isso são breves. Também falta explorar os laços familiares dos garotos. Quase não mostra a família deles e as relações acabam em um nível bem raso.
“Amigos, Música e Festa” seria o registro de uma época, no qual vemos garotos de periferia fazendo de tudo para terem sua própria vida longe dos pais, ter um emprego que lhe renda uma grana, dando e a importância para festivais eletrônicos. Tem tantos assuntos e nada é muito aprofundado. Resta ao espectador aceitar o carisma do personagem principal, e torcer para que este consiga seguir sua carreira musical, tocar em grandes festivais e ficar com o grande amor de sua vida. Já viu essa formula antes?
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