Mortal Kombat é sem dúvida uma das maiores e mais amadas franquias de jogos de luta. Mantendo seu legado entre altos e baixos desde a década de 90, uma das principais características da franquia é a sua capacidade de se reinventar a cada jogo. Dessa vez, Mortal Kombat se reinventa dentro de um universo totalmente novo, recriado a partir das intenções de Liu Kang. A pergunta da vez então é: Será que Liu Kang fez um bom trabalho?
Apresentação
Mortal Kombat, originalmente criado por Ed Boon e John Tobias, sempre prezou pelo seu aspecto visual e nem tanto pela coerência de sua história, colecionando vários retcons desde os primeiros jogos.
Entretanto, Mortal Kombat sempre teve um universo muito rico, com distintos reinos da existência onde criaturas da nossa cultura pop e de diversos folclores podem sempre encontrar um espaço dentro do Jogo.
Mantendo essa mesma lógica, a Warner Games nos traz o mais novo título desenvolvido pela Netherrealm Studios: Mortal Kombat 1.
Como o título sugere, Mortal Kombat 1 é um novo reboot da franquia, mas diferentemente do reboot anterior que aconteceu em “Mortal Kombat 9”, esse propõe uma nova história de origem para todos os personagens, incluindo, por exemplo, a origem da cicatriz no olho de Kuai Liang. É um novo universo totalmente imaginado por Liu Kang, que pretendeu por reescrever a história em acordo com seus princípios.
Contudo, mesmo sendo um universo totalmente novo, esse jogo é naturalmente uma continuação do jogo anterior, e serve como um elo evolucional que dá um novo passo à frente ao mesmo tempo que encerra o que foi criado em Mortal Kombat 11.
A história é contada com elementos épicos de narrativa que empolgam em diversos momentos: traz várias referência a Deadly Alliance, Deception e Armageddon, mas sua conclusão é apresentada de uma maneira que, embora divertida, parece uma solução tirada da cartola que muda completamente o tom estabelecido anteriormente.
Naturalmente não devemos avaliar toda a qualidade do jogo ou do modo história com base nesse ultimo elemento, uma vez que Mortal Kombat nunca se preocupou realmente em levar a sério uma história com elementos amarrados sem pontas soltas como um jogo de RPG, por exemplo, deve fazer. O objetivo é criar momentos de empolgação que divertem, e não há como negar que isso existe aos montes.
Dentro dessa nova realidade, vários personagens foram redesenhados.
Embora a nova versão dos personagens não tenha ficado ruim, a execução denuncia a necessidade do time em se familiarizar com a nova game engine.
Os cenários estão lindos, com versões coloridas e sombrias super bem iluminadas que enchem os olhos na qualidade de detalhes.
No que diz respeito às animações durante a batalha, Mortal Kombat 1 não inova muito nas transições, mas excele na diversidade de golpes e movesets. As batalhas são visualmente atrativas e empolgantes.
Gameplay
Junto com as inovações comentadas anteriormente, Mortal Kombat 1 traz uma grande atualização ao seu estilo de combate: proporcionando mais liberdade ao jogador, Mortal Kombat 1 adiciona combos aéreos e elementos que possibilitam várias rotas de combos, algo que realmente fez falta em Mortal Kombat 11.
Dentre as novidades há o novo elemento de assistência (Kameos) que já é comum em jogos com sistema de “tag” (Marvel vs Capcom, Dragon Ball FighterZ). Eles realmente fazem toda a diferença aqui, criando rotas de combos e adicionando todo tipo de loucura que pode alterar o ritmo da luta rapidamente. Boa parte do elemento diversão existente no processo criativo é proveniente das diversas possibilidades na utilização dos lutadores de parceria.
Outra mudança importante é a nova forma de “meter burn”, que se assemelha a Mortal Kombat XL. O uso adicional de uma barra de especial podia ser atrasado em Mortal Kombat 11. Essa possibilidade de atraso foi removida no MK1. A mudança obriga o jogador a tomar uma decisão e se comprometer com ela.
Além dessas mudanças de gameplay, Mortal Kombat 1 está recheado de conteúdos single player. As torres continuam presentes, o “test your might” está de volta, mas a estrela da vez é o modo invasão.
Nesse modo você controla seu personagem favorito em um ambiente que se assemelha a um tabuleiro. O modo contém alguns elementos de RPG e nele você encontra skins da temporada para os personagens do jogo. O modo consiste de um passeio temático pelo mundo de Mortal Kombat recheado de ação, combates divertidos e chefes desafiadores.
As partidas online estão presentes, mas há alguns elementos que precisam ser melhorados: em nossas partidas online, encontramos alguns erros de funcionamento frustrantes e um “input delay nativo” que causou uma leve dor de cabeça até a familiarização.
A Unreal Engine 4 possui um histórico de input delay exagerado nos consoles, isso por si só já é um problema. Adicione um outro delay online e não faltará muito para você ter a sensação de que está jogando com seu personagem em baixo d’água. Felizmente esse não é o caso aqui.
Há um leve problema com o delay (que pode ser ligado para partidas offline e isso ajuda muito), mas esse problema é mascarado com o ritmo lento das lutas.
Mortal Kombat 1 possui um ritmo lento, talvez levemente mais que Mortal Kombat 11. Esse ritmo é balanceado com dashes que são uma alternativa de aproximação rápida e eficiente, mas não muda o fato de que o jogo é lento.
Trilha Musical e Sonora
A trilha musical de Mortal Kombat é muito boa, mas durante a batalha ela foi colocada para exercer uma função de ambiência. Isso é de certa forma um desperdício de boa música.
A localização está muito boa, com o jogo totalmente dublado em português. Uma curiosidade aqui é a participação da atriz Megan Fox, que estranhamente destoa completamente do restante dos dubladores e acaba diminuindo a imersão de quem for jogar com a linguagem original.
Conclusão
Mortal Kombat 1 é a mais nova edição da franquia. Traz novidades, um ótimo conteúdo online, possui um combate com ritmo mais lento, mas com combos longos e satisfatórios. Seu modo de história continua com técnica visual impecável e roteiro descuidado. É um jogo realmente divertido e que vale a pena ser conferido. Mortal Kombat 1 seria muito injustiçado se fosse avaliado somente pelas suas falhas ao concluir a história principal.
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