Pokémon é uma febre de anos (décadas já) que parece que nunca vai acabar. Era de se esperar que algo desse nível fosse copiado de todas as formas inimagináveis possíveis, mas por incrível que pareça, poucos se arriscaram a tentar, praticamente todos sem sucesso.
Confesso que os tempos áureos de Pokémon, pra mim, foram os anos 2000, mas sem jogos efetivamente grandes da franquia em consoles de mesa, mantendo o estilo dos clássicos JRPG restritos aos portáteis, confesso que com o tempo (e a distancia dos consoles da Nintendo) fui me afastando dos jogos mais recentes da franquia.
Quando Nexomon Extinction apareceu no meu radar, ele parecia exatamente o que eu gostaria de ver: Um Pokémon como os clássicos de Gameboy, com visual aprimorado, sem algumas limitações que os antigos portáteis tinham e, para meu deleite, na tela grande e em toda gloria que o FullHD/4K pode proporcionar.
Eis que, para nossa alegria, o produto final saiu melhor do que a encomenda, ainda que tenha algumas pequenas criticas e restrições, sejam elas propositais ou não.
Pra começar, Nexomon Extinction é, de certa forma, uma sequencia (O Nexomon original está disponível para celulares) ainda que o original não seja necessário para se tirar proveito do novo jogo.
A estrutura básica não é muito diferente dos Pokemons clássicos: Você escolhe um personagem dentre diversas skins disponíveis e mergulha em uma aventura que segue os moldes dos JRPGs.
No mundo de Nexomon, um dos monstros lendários tentou destruir a humanidade, mas um grupo de humanos, juntamente com seus Nexomons, conseguiram derrotar a fera e dar início a um longo período de paz. De alguma forma, seu personagem parece ser o responsável por acordar um Nexomon gigantesco e dar inicio a extinção da humanidade, de novo.
Mas a história decide retornar no tempo, e mostrar como seu personagem, juntamente com o gato falante Coco, iniciam seu treinamento como domadores de Nexomon e se envolvem em uma série de aventuras que, eventualmente, culminarão na cena inicial.
A história é o forte aqui, com muitos diálogos divertidíssimos, dezenas de NPCs, uma chuva de missões paralelas, mas tudo consideravelmente bem escrito, melhor até do que sua fonte de inspiração.
As sacadas geniais de Coco e a quebra constante da quarta parede garantem muitas risadas e diversão ao longo da história.
Em termos de jogabilidade, Nexomon se mantém muito próximo aos clássicos: a movimentação é em 4 direções, combate em turnos, bastante gerenciamento de menus e todo o sistema de evolução que se espera de algo do genero.
O toque de modernidade vem por conta de pequenos ajustes, como a não existência de combates aleatórios: as moitas com Nexomon se mexem e basta chegar a elas para iniciar um combate ou esquivar para evitar. Até 6 bichinhos podem ser carregados ao mesmo tempo pra batalha e trocados a qualquer momento, permitindo adaptar o combate conforme a necessidade, já que o velho “fogo ganha de gelo” se faz presente. Ter classes diversas na mão pode ser a diferença entre perder ou ganhar um duelo.
As batalhas seguem o padrão de JRPG, com ataques configurados em cada botão que podem ser trocados no menu antes da batalha. Aqui, ao enfraquecer um bichinho, você pode usar de itens e armadilhas especiais que aumentam a chance de capturar os mesmos, mas para elas funcionarem, é preciso passar por um pequeno QTE a cada armadilha, onde se deve pressionar os botões certos dentro de uma janela de tempo curta para manter o bichinho preso.
O visual é todo em 2D, seguindo o padrão dos jogos clássicos, sem muita firula ou movimentação chamativa, mas consideravelmente caprichado. As cidades e estradas são coloridas, os bichinhos são simpáticos e os combates são práticos, com efeitos simples simulando socos, mordidas e habilidades.
Cada região do mundo tem um estilo muito único, mas que tenta replicar o máximo de biomas possível. Minha única crítica é que as vezes é dificil identificar as saidas das telas, o que pode fazer você ficar rodando em circulos até descobrir uma passagem pra próxima tela pouco visivel no meio de outros elementos.
A quantidade de bichinhos (mais de 300) divididos em 9 diferentes classes, pode manter o maior complecionista e fã de monstrinhos entretido por horas. Seu sistema de informação é bastante detalhado e intuitivo, mostrando inclusive em qual nivel cada bichinho evolui, informações sobre cada ataque disponível e outras informações menores.
Aqueles que não curtem JRPG podem ficar um pouco mais incomodados: ainda que não seja o pior de todos, ele precisa de um certo microgerenciamento, mas com o tempo você monta um pequeno grupo de Nexomon de habilidades e classes diferentes que acabam sendo os favoritos e não mexe muito mais na equipe.
O começo é um pouco complexo e exige um pequeno grind, fácil de se fazer quando se está pegando o ritmo e aumentando o numero de monstrinhos na coleção, e depois de umas duas horinhas a maior parte das mecanicas já foram apresentadas. Ai já é possível montar builds, colocar habilidades passivas (como ganho de experiencia mesmo sem lutar) e ampliar o leque de opções de ataque, permitindo uma certa liberdade.
As musicas são bacanas, de boa qualidade, ainda que sejam poucas e possam cansar algumas pessoas mais exigentes, e a dublagem é excelente. O maior vacilo é que o jogo está totalmente em inglês, o que limitaria o acesso as pessoas pela barreira do idioma. Se tivesse legendas em português, seria um must have paras as crianças.
No final das contas, ainda que seja um clone (da melhor qualidade) de Pokémon, Nexomon Extinction tem uma pá de qualidades próprias e conteúdo o suficiente para não decepcionar nenhum fã de monstrinhos de bolso ou de JRPG.
Ouso dizer que, dentro dos JRPGs modernos que tentam trazer a nostalgia, esse é de longe um dos melhores, justamente por ajustes pequenos mas sem tentar inventar muito, oque faz dele um titulo obrigatório na biblioteca de qualquer minimo interessado no estilo.
Nexomon Extinction está disponível no Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch e no PC.