No final de 2017 um dos maiores e mais tradicionais times de futebol do mundo, Clube de Regatas do Flamengo, anunciou que estaria realizando uma seletiva para montar sua equipe competitiva de League of Legends. O clube, que possui 125 anos, estaria pela primeira vez aventurando-se ao universo do Esporte Eletrônico. Escolhendo um dos jogos mais populares e competitivos do mundo, o Flamengo vem fazendo uma trajetória de sucesso e alta competitividade. Vejamos desde o início…
Fazendo sua estreia em 10 de dezembro de 2017, no Circuito Desafiante, realizado na Comic Con Experience, o FlaEsports contou com o técnico Gabriel ‘MiT’ Souza, Thúlio ‘SirT’ Carlos, André ‘esA’ Yanagimachi, Danniel ‘Evrot’ Franco, Andre ‘Eradan’ dos Santos e o Atirador Daniel ‘Danz0r’ Mussoi; e depois escalando também o craque BRTT. O time jogou contra a antiga “IDM – Ilha da Macacada”, um dos mais antigos grupos de E-Sports do Facebook que se tornou um dos maiores times de League of Legends do Brasil, e hoje se chamando Uppercut. O primeiro adversário do Flamengo, assim como os demais participantes do Circuito, era bastante experiente naquele cenário. Ainda assim, o FlaEsports terminou o campeonato em segundo lugar, perdendo na final para a mesma Ilha Da Macacada; porém, conseguindo conquistar seu lugar no CBLOL 2018.
Estreando no CBlol 2018 o Flamengo trouxe alguns reforços Coreanos: Shrimp (que permanece no time até hoje) e Jisu, o FlaeSports apresentou uma campanha excelente para uma equipe estreante no Campeonato e no cenário, chegando, reiterando, até a final, com 6 vitórias e apenas duas derrotas. Naquela final o elenco do FlaEsports era Bruno ‘Goku’ Miyaguchi (Meio), Byeong-Hoon ‘Shrimp’ Lee (Caçador), Jincheol ‘Jisu’ Park (Topo), Eidi ‘esA’ Yanagimachi (Suporte) e Felipe ‘brTT’ Gonçalves (Atirador). Apesar de um jogo equilibrado, o Flamengo não conseguiu o título, perdendo para a equipe Kabum. Entretanto, para uma equipe estreante, chegar a duas finais consecutivas era um resultado impressionante.
Para o CBLOL 2019, o Flamengo eSports novamente mexe na estrutura do time, fazendo algumas alterações, entra um novo técnico, Jordan Grey.
A chegada do técnico norte-americano Jordan “Grey” Corby para o comando da equipe no início da temporada mexeu com o Flamengo e com o próprio cenário do League of Legends nacional. Trazendo ensinamentos e ideias do período que passou na Europa e na Ásia, Jordan rapidamente assimilou o estilo brasileiro e descobriu o que precisava mexer para obter os resultados.
(Lucas Dantas. http://www.flamengo.com.br/noticias/flamengo-esports/o-cerebro-por-tras-da-campanha–tecnico-do-time-de-lol-diz-que-flamengo-pode-ser-ainda-maior).
O Técnico, com vasta experiência internacional, rapidamente adaptou o estilo de jogo da equipe para trazer o melhor das características de cada jogador. Times Brasileiros de eSports, em geral, costumam ser muito ofensivos; porém, apesar de não perder a ofensividade, o Flamengo eSports nesta temporada do CBLOL 2019 têm mostrado uma maturidade e calma para sair de situações adversas; ou seja, o time não sabe só atacar, mas sabe também se defender e virar o jogo.
Eu senti que seria ineficiente recriar aqui a mesma estrutura que eu usei na Ásia, por serem regiões completamente diferentes em sua cultura. O que eu trabalhei foi em unir o time sob uma única voz e senso de direção e liderança. Já tínhamos um forte sistema de jogo com Von e Reven, então eu trabalho para habilitar e preencher no que precisamos, o maior ponto que o Brasil precisa melhorar é na disciplina nos fundamentos. Os jogadores da parte leste do mundo cometem erros muito básicos. Quando a fundação é sólida, é muito difícil para os adversários encontrarem uma abertura e construir consistência.
(Disse Jordan em entrevista ao site do Flamengo).
Agora com uma equipe consolidada, formada por LEONARDO “ROBO” SOUZA, BYEONG-HOON “SHRIMP” LEE, BRUNO “GOKU” MIYAGUCHI, FELIPE “BRTT” GONÇALVES DA ROCHA, CHANG-HOON “LUCI” HAN e os reservas GABRIEL “JUZINHO” NISHIMURA e SANG-HYUN “REVEN” SUNG, o time vem fazendo história no CBLOL 2019. Com uma campanha impecável, o Rubro Negro tem até o momento 18 vitórias e apenas uma derrota, com uma distância de 6 pontos de diferença do segundo lugar. O Flamengo já garantiu sua vaga na semifinal com 5 rodadas de antecedência.
Este excelente desempenho do time do Flamengo serve também para popularizar o eSports e jogos de videogame em geral, apesar de ainda sofrer alguns preconceitos. Em um caso recente, vindo inclusive de uma conselheira do próprio clube, os jogadores de LOL foram chamados de “Nerds Autistas”. O envolvimento de um clube tradicional no Esporte Eletrônico serve para quebrar paradigmas e preconceitos, principalmente se o clube estiver tendo um bom desempenho. Muitos torcedores do Flamengo começaram a se interessar pelo assunto simplesmente porque é mais uma equipe do seu time preferido.
O Flamengo eSports não está sendo vitorioso apenas em Summoners Rift (mapa onde ocorrem as partidas de League of Legends), o time tem se mostrado altamente lucrativo e vem adquirindo diversos patrocínios importantes ao longo do tempo. Samsung, PicPay, Twitch, Red Dragon e mais recentemente o energético Fusion são alguns dos exemplos de patrocínios que só estão na camisa Rubro Negra em função de sua participação no League of Legends.
Além de expandir a marca “Flamengo”, diversificar e aumentar o raio de atuação e ser altamente lucrativo, a presença do Flamengo no eSports é um ponto importante para todo o cenário, solidifica e valida a seriedade do Esporte Eletrônico. O Cblol 2019 está sendo uma competição importantíssima para o FlaEsports, pois devido ao seu desempenho, o time tem grandes chances de participar do Mundial de League of Legends, expandindo ainda mais o nome do clube. A final do Mundial de 2018 teve 99,6 milhões de telespectadores únicos, foi transmitida em 19 línguas diferentes, por mais de 30 canais de TV e serviços de streaming, além dos prêmios dados pela RIOT (empresa dona do Game) que totalizam em 2,25 milhões de dólares, e os fãs, através de doações, repassaram para as equipes um total de 4,2 milhões de dólares. Fonte: https://br.lolesports.com/
A magnitude do League of Legends, e do Esporte Eletrônico em geral, está cada vez mais consolidada em termos financeiros e sociais. Jogos lotam estádios, os times têm rotinas de treinamento, há grandes contratações e torcida. Grandes patrocinadores estão entrando no cenário e é de se esperar que outras grandes empresas e times se interessem em participar desse mercado que está em constante expansão. Contudo, é de se esperar que a Riot tenha a responsabilidade, e qualquer outra empresa que também tenha um jogo competitivo a nível mundial, de manter a competitividade de uma maneira interessante, para que o time que simplesmente tenha mais dinheiro, para contratações, por exemplo, não seja sempre o vencedor, e os torcedores possam assistir aos campeonatos sabendo que todos os times têm chance de vencer – ganha quem destruir o Nexus do adversário com habilidade e não simplesmente com dinheiro.