Há 20 anos o diretor Danny Boyle lançou Trainspotting, um filme que tratava do abuso de drogas de uma forma crua e direta e em diversas cenas chocava o público. Sua repercursão fora enorme e o longa acabou se tornando cult e acumulando uma legião de fãs.
Agora no início de 2017 o diretor retorna à Escócia para retomar a estória dos amigos Renton (Ewan McGregor), Spud (Ewen Bremner), Sick Boy (Jonny Lee Miller) e Begbie (Robert Carlyle).
Ao final de Trainspotting, o grupo executa seu maior crime e consegue embolsar 1600 libras, que eles dividiriam igualmente entre os quatro, mas Renton enxerga neste momento uma chance para fugir daquele mundo de drogas e começar uma nova vida.
Em T2: Trainspotting, Reton volta a Edimburgo, após o falecimento de sua mãe, para visitar o pai e talvez seus antigos amigos.
Spud teve um filho, mas por estar sempre atrasado acaba divorciado, afastado da criança e sem emprego. Sick Boy continua aplicando golpes e Begbie está preso pelos crimes do primeiro filme.
Sem entrar em muitos detalhes da sequencia da história, os personagens vão se reencontrando e toda a tensão por conta da traição de Renton é descarregada em diversos conflitos e brigas.
Enquanto a obra original contemplava as loucuras dos jovens e ousava e abusava das controvérsias, exageros, polêmicas e cenas chocantes, este segundo reflete a idade dos atores e o 20 anos de intervalo entre os filmes.
Este segundo filme é mais conservador e retrata o peso da vida adulta e das escolhas feitas quando jovens. E assim como os personagens, o espectador inicia um processo de reencontro e nostalgia.
Apesar de interessante acompanhar as conseqüências dos atos anteriores é também um pouco frustrante para os que esperavam reviver os momentos frenéticos de sexo, drogas e rock `n` roll, afinal, há pouquíssimos momentos destes e a seriedade acaba por ancorar as ações.
Assim como Trainspotting foi um registro de uma época, T2 também o é, e faz jus aos personagens e àquilo que eles viveram, fazendo diversas referências tanto ao roteiro quanto à cinematografia do primeiro.
Tecnicamente esta continuação não é tão interessante. Boyle utiliza aceleração ou slow motion em algumas cenas de forma exagerada e desnecessárias, assim como exagera na repetição de situações nas quais os personagens se enxergam no passado ou ao colocar sombras para colocar alguém que não está presente.
É um filme interessante, que justifica sua existência com competência e que pode agradar aos fãs, se aceitarem a mudança na proposta. Então, escolha assistir.