Após assistir Wolverine – Imortal, tenho que dizer que oficialmente desisto de gerar expectativas em filmes de super-heróis. Não quero parecer alguém crítico demais ou exigente pois entendo que adaptações de uma mídia (quadrinhos) para outra (cinema) exigem mudanças. Não entra na minha cabeça, contudo, o motivo de tantas alterações no foco das histórias e na caracterização de personagens. Principalmente quando o roteiro é baseado em um outro roteiro, já existente.
Na minha concepção, um bom exemplo de adaptação foi a trilogia “O Senhor dos Anéis”. Em relação ao texto original, muita coisa foi suprimida (por exemplo Tom Bombadil) e e alguns elementos alterados (como Arwen substituindo Glorifindel no momento de levar Frodo ferido a Valfenda). A essência, entretanto, continua lá. Você sabe que aquela é a mesma obra adaptada ao cinema. Para a pessoa que nunca leu é um excelente filme e ao mesmo tempo demonstra respeito aos fãs. De modo totalmente avesso, temos Dragon Ball Evolution, que altera radicalmente tudo o que amamos em Dragon Ball.
Wolverine – Imortal é um meio termo: um filme mediano que consegue devolver um pouco de respeito ao herói, que havia sido perdido em Origens, mas que ainda sofre em diversos momentos por escolhas ruins. Os elementos da obra original (Eu, Wolverine de Chris Claremont e Frank Miller) estão praticamente todos lá, mas de forma um pouco caótica, apresentando certo desbalanço entre os personagens e momentos que deveriam ter mais destaque.
Gostei bastante do filme até o momento em que Wolverine vai até o japão conversar com o avô de Mariko. Sendo bem sincero, acredito que a vilã Víbora, a Jean e até mesmo o avô de Mariko, não deveriam ter tido tanto destaque, ou mesmo aparecido. E a forma com a qual se demonstrou a vulnerabilidade do herói com aquele artrópode no coração não me convenceu. Na história original Wolverine é desafiado em um duelo de kendô pelo pai de Mariko e apanha violentamente, mesmo usando suas garras de forma visceral, ao final do combate . Nesse momento, Shingen demonstra de forma muito mais sutil a vulnerabilidade de Logan: “Observe, Filha, o homem a quem você professa amor. Porém não se trata de um homem, mas de um animal travestido de ser humano (…) Testemunhe sua verdadeira natureza. (…) Responda-me com sinceridade… Ele é merecedor de tal dádiva?”. Infelizmente uma das mais belas cenas dos quadrinhos, suprimida no filme.
Outra diferença vital no filme, é que Wolverine conhece Mariko quando vai ao Japão e acaba protegendo-a e então apaixonando-se enquanto na HQ, Mariko e Wolverine já se conhecem e se amam, e Wolverine está retornando ao Japão. E pra finalizar, o item que mais me incomodou: o Samurai de Prata. Desde seu design robótico, sendo um exoesqueleto (à la Homem de Ferro) e não uma armadura, até o fato de ele cortar as garras de Adamantium do Wolverine, e sem contar que a identidade do personagem era para ser Harada e não o avô de Mariko, tornaram esse personagem absolutamente detestável e dispensável no filme.
Apesar das diferenças na caracterização dos personagens, a dinâmica entre Wolverine e Yukio, e Wolverine e Mariko me agradaram bastante. Hugh Jackman mostrou-se um ator bastante versátil e me convenceu na interpretação de Logan. A trilha sonora, principalmente quando se chega ao Japão é bastante agradável e coerente, bem como os locais escolhidos para a gravação. É sim um filme mais maduro que Wolverine – Origens, mas prejudicado pela dificuldade em se adaptar uma história sem bagunçar seus elementos. Ainda assim vale a pena ser assistido, principalmente aos fãs do gênero.
De toda a franquia, Wolverine Imortal figura entre os melhores filmes, mas X-Men First Class foi o que mais me agradou. Foi o menos divulgado, com atores não tão conhecidos, mas com o melhor roteiro e direção entre os demais. E justamente quando um diretor faz um bom trabalho como Matthew Vaughn fez em First Class, o próximo filme “Dias de um futuro Esquecido” marca o retorno de Bryan Singer como diretor. Sim, o mesmo cara que dirigiu os fraquíssimos X-Men 1 e 2, além de Superman Returns. Entendem agora quando eu digo que desisto de gerar expectativas?
André, achei sua crítica ótima. Eu não conheço Eu, Wolverine, mas o Matheus já tinha me contado um pouco da história. Eu confesso que gostei bastante do filme até chegar o terço final. Ficou completamente deslocado do resto do filme, que chegou até a ser mais intimista, focado no desenvolvimento do relacionamento entre Wolverine, Mariko e Yukio (aliás, gostei bastante da dinâmica entre esses personagens). Mas a presença da Víbora, a motivação sem pé nem cabeça do vilão e aquelas aparições irritantes da Jean Grey foram desmantelando o andamento da história, e no fim, foi tudo mais do mesmo.
Eu também não consigo entender como eles pegam algo que já tem uma boa base e uma boa história e fazem mudanças desnecessárias, a ponto de fazer o Wolverine quase uma espécie de James Bond no final.
Também gostei da atuação do Hugh Jackman. Principalmente no começo. Aquela cena do urso foi bonita, e a reação dele… 🙂
Oi Liége!! Seja bem vinda aqui no Meia-Lua! rs Que bom que gostou da crítica. Realmente, ainda que na HQ a Víbora e o Samurai de prata apareçam, é em um contexto totalmente diferente e com uma importância muito menor. O legal da HQ é a luta interna do Wolverine, tentando ser digno de Mariko. E o embate entre Wolverine e Shingen que eu relatei fez uma falta tremenda nesse aspecto. Concordo que a cena do Urso foi ótima. Aí sim uma adaptação interessante. Ficou diferente da HQ, mas de uma forma bacana 🙂 Obrigado pelo comentário, venha sempre! E quero ver algum conto seu publicado aqui… se tiver algum pronto ou se quiser escrever 😉
Não é puxando o saco,mas Adorei a crítica,como a Liége disse sobre o urso é muito bonito. eu não conheço o HQ,mas achei muito forçado e cansativo criar um vilão aquele a armadura.cansativo e forçado demais,A Mariko e Wolverine foram muito bem.
pior que o Origens não poderia ser,Mas ficou um pouquinho de algo a mais.
Ps: você fez critica do Filme Samurai x ? abraços.
Obrigado!! Pois é, como você mesmo definiu, pior que Origens não podia ser. Tem muita gente dizendo que o filme é bom, porque está comparando com Origens, mas na verdade deixa muito a desejar. Sobre o Samurai X, ainda não consegui assistir, mas quero muito. Assim que eu assistir faço a crítica sim, as expectativas são altas! Abraços!