O Meia Lua teve acesso a pré estreia do filme “Nas Terras Perdidas”, e hoje trarei para vocês as minhas primeiras impressões sobre o longa, baseado nos contos de George R.R. Martin e dirigido pelo já conhecido Paul W.S. Anderson, responsável pela adaptação para as telas da franquia “Resident Evil”.
Na trama, uma rainha obcecada por poder procura pelos serviços de Gray Alys (Milla Jovovich), uma poderosa bruxa que é perseguida por fanáticos que almejam enforcá-la por suas práticas. Gray é contratada para viajar às Terras Perdidas em busca do poder de transformação de um lobisomem. Porém, um servo fiel apaixonado pela rainha faz uma contraproposta: que a bruxa fracasse e não traga o poder. Para isso, Gray contará com o auxílio de um caçador brutal: Boyce (Dave Bautista). A busca pelo poder irá passar por inúmeras reviravoltas, refletindo o verdadeiro preço a ser pago não apenas pela rainha, mas por todos os envolvidos.
No caso de “Nas Terras Perdidas”, é necessário falar, primeiramente, sobre o enredo, que não é o maior dos problemas aqui. A premissa do filme apresenta sim potencial, mesmo se tratando de uma história de ficção repleta de clichês. A ideia das Terras Perdidas, da bruxaria e da incessante busca por poder são elementos extremamente saturados no cinema, mas ainda assim era possível desenvolver uma trama em que o mais do mesmo fosse transformado em uma obra marcante. No entanto, o desenvolvimento do enredo se torna repetitivo durante quase todo o tempo de exibição, se transformando numa aventura cheia de escapadas convenientes e uma exploração repetitiva dos poderes de Gray. Entretanto, dois pontos chave ainda serão capazes de prender a atenção do espectador durante a exibição: o nível razoável de ação e a curiosidade sobre como Gray e Boyce irão cumprir a árdua tarefa que lhes foi dada dentro do curto espaço de tempo, havendo ainda uma divergência direta entre as missões. A medida em que se aproxima o final dos cinco dias até a lua cheia, somos verdadeiramente conduzidos a uma sensação de ansiedade sobre as possibilidades do que virá em sequência. O filme possui menos de duas horas de duração, e acredito que com pouco acréscimo de tempo poderíamos conhecer melhor as Terras Perdidas. Outra forma de aprimorar a experiência seria, ainda, retratar outros poderes de Gray, de forma a mostrar ao público o porquê de ela ser considerada uma feiticeira praticamente invencível.
O ponto alto de “Nas Terras Perdidas”, sob a minha visão, consiste na construção do final. Muitos filmes sustentam um bom enredo e acabam apresentando finais frustrantes, o que não acontece aqui. Apesar dos problemas de desenvolvimento, somos contemplados com um final que, além de surpreendente, faz um bom jogo de conexão dos acontecimentos que se desenrolaram durante toda a trama, como um quebra cabeça sendo montado.
Já o ponto mais fraco, infelizmente, fica para os efeitos visuais. O filme conta com um uso exagerado de CGI, o que demandaria um trabalho impecável para que houvesse bons resultados. Contudo, os cenários grandiosos e as transmutações corporais em “Nas Terras Perdidas” foram feitos de forma quase vergonhosa. Em filmes de temática fantasiosa que percorrem cenários fictícios, esperamos sempre efeitos especiais que colaborem com a experiência de imersão do espectador, tornando o irreal um pouco mais crível. Lamentavelmente, nos deparamos com um CGI de qualidade tão baixa que nos faz lembrar do que era visto no cinema de décadas atrás.
Sobre o trabalho dos atores, acredito que possa ser considerado apenas razoável. Não temos nenhum desempenho vexatório, mas ainda assim o elenco não se aproxima de entregar algo marcante: os personagens provavelmente não serão lembrados após o fim da sessão. Isso porque Milla e Dave entregam, talvez propositalmente, personagens absolutamente inexpressivos, incapazes de criar conexão com a história e com o público. Amara Okereke, que interpreta a Rainha, poderia ter sido a representação de uma típica vilã ambiciosa odiosa, mas teve uma performance esquecível.
“Nas Terras Perdidas” é um filme sobre o qual eu gostaria de ter mais pontos positivos para ressaltar. Como mencionado, o enredo apresentava potencial para ser melhor desenvolvido, mas deu origem a mais uma produção que servirá pouco além de entretenimento familiar. Em muitos momentos, o filme traz referências que fazem lembrar a saga Mad Max, seja na parte visual ou no roteiro. E é assim que eu poderia resumir o que foi feito na obra: uma versão menos memorável de Mad Max. “Nas Terras Perdidas” não é um filme de todo ruim, ou algo que eu jamais assistiria novamente. No entanto, se forem assistir, vale dosar a expectativa para evitar frustrações.
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