January Jones chega ao Brasil com o melhor estilo das HQs europeias.
Sempre gostei mais de HQs europeias, como Asterix e Tintin, do que as americanas, mesmo não tirando o mérito das últimas, e fiquei muito feliz de ver que a Editora Avec estava trazendo mais delas para o nosso país. Logo que recebi a primeira edição das aventuras de January Jones, com o título de Corrida Conta a Morte, logo me senti em casa.
Criado por Martin Lodewijk e desenhada por Eric Heuvel, o quadrinho tem uma arte semelhante com a de Tintin, o que me deu trabalho para não comparar o meu super clássico da infância, mas acaba desenvolvendo seu próprio estilo, juntando com o tipo de história e na forma de apresentar os textos.
A estória conta uma aventura de January Jones, uma aviadora que acaba sendo recrutada como agente secreta para entregar um carro especial no final do Rali de Monte Carlo. Não dá para falar que a nossa heroína é tão habilidosa, mas tem uma sorte inacreditável, o que recheia de humor e suspense as páginas dessa HQ.
Eu gostei muito do enredo criado, mesmo com alguns “deus-ex-machina” no caminho, deixando a leitura bem leve, mas intrigante. Pontos-chave são bem escolhidos para serem revelados ao leitor numa frequência que mantém preso, além de deixar pistas que, ao ler uma segunda vez, mostram que tudo estava realmente claro desde o início.
Outra questão positiva que vi, agora um crédito para a própria editora, é o cuidado com as notas de rodapé. Por se passar na década de 30, muitos termos e situações, assim como muitos regionalismos, podem passar perdidos por quem está apreciando, entretanto a Avec coloca muitas notas explicativas nos pés das páginas. Desse modo, quem quer fazer uma leitura corrida, pode simplesmente pular essas notas, mas quem gosta de saber as minúcias do que está sendo dito e todo o jogo de “palavras x situações” vai se sentir muito bem conduzido.
Eu teria apenas dois pontos negativos para mencionar nessa resenha, sobre January Jones. Existem muitos momentos humorísticos que caem bem na narrativa, mas alguns deles forçam um pouco, por exemplo a criação de um “Dick Vigarista” no Rali de Monte Carlo que apenas engorda as páginas com bobagens que não agregam. Isso me ajuda a puxar o segundo ponto, que seria algumas barrigas na estória que me passaram a impressão que estão lá para que a HQ não fique muito curta.
Obviamente, ambos os pontos podem ser relegados, mas não poderia deixar passar batido.
Em fim, recomendo mesmo que deem uma chance para January Jones: Corrida Contra a Morte, caso gostem já de quadrinhos europeus. Para quem não gosta ou desconhece, talvez seja uma porta de entrada interessante, já que é um pouco mais simples que Tintin, mas com a mesma seriedade.
Deixo aqui meu abraço e o link para a HQ no site da Avec:
http://aveceditora.com.br/produto/january-jones-corrida-contra-a-morte/
