Clair Obscur Expedition 33 é o novo da Sandfall Interactice, que possui grande foco na narrativa e traz consigo o tão conhecido estilo de RPG por turnos.
Nós recebemos o game de forma antecipada, já zeramos e agora vocês conferem a nossa análise completa desse jogo, que olha, vai surpreender muitas pessoas em diversos quesitos. Vamos lá.
Uma história cativante
Assim que iniciamos a campanha, somos apresentados a Gustave e Maelle, na cidade de Lumière, dois dos principais personagens que estarão conosco durante toda a jornada.
Após uma breve conversa, ambos partem para o porto, onde podem ver claramente um grande monólito com um número gravado e uma entidade ao seu lado, enquanto aguardam um ritual que chamam de Gommage.
Não demora muito para que esse ser, chamado de Artífice, se levante, apague o número 34 gravado na pedra e pinte o número 33.
Nesse momento, várias pessoas, incluindo uma muito próxima de Gustave, começam a se desmanchar, restando apenas pó e pétalas de rosa.
É nesse instante que entendemos exatamente o que é esse ritual. Por mais terrível que seja, já é algo esperado por todos os habitantes de Lumière. O número gravado no monólito reflete a idade atual dos habitantes, que, ano após ano, são apagados daquele mundo.
Com isso em mente, após cada Gommage, no dia seguinte é organizada uma nova expedição ao continente, para que possam tentar alcançar a Artífice e impedi-la de pintar um novo número, fazendo com que mais pessoas desapareçam. Daí o nome Expedição 33 no título do jogo, o que nos leva a entender que houveram muitas outras antes desta.
Ao começar a expedição, temos Gustave, Maelle, Lune, Sciell e muitos outros integrantes a bordo do navio.
Quando finalmente atracam no continente, são surpreendidos por um ser desconhecido. Muitos acabam morrendo, e os demais são separados em várias partes do local.
É aí que o jogo começa de fato, pela perspectiva de Gustave e Lune inicialmente, que buscam os demais integrantes perdidos da Expedição 33, para retomar sua missão de alcançar a Artífice.
Essa é basicamente a sinopse da parte inicial da história, para que vocês tenham um entendimento geral do que é a Expedição 33 e qual é o seu objetivo.
Toda essa construção inicial já nos deixa muito intrigados para entender de onde veio a Artífice e por que, a cada ano, ela pinta um novo número no monólito, fazendo as pessoas desaparecerem.
Além disso, à medida que avançamos na campanha, novos personagens-chave são introduzidos, trazendo respostas e gerando mais perguntas que atiçam nossa curiosidade.
O enredo como um todo é espetacular, não só pelos mistérios levantados, mas também pelas reviravoltas e momentos emocionantes que vivenciamos.
Ao final do jogo, após desvendar todos os segredos envolvendo a Artífice e o monólito, eu precisei de um bom tempo para digerir tudo que presenciei.
Para mim, foi algo inesperado e impactante, e tudo isso se deve ao belíssimo roteiro escrito pela Sandfall e aos personagens marcantes que acompanhamos.
Sendo um jogo cujo foco narrativo é um dos pontos principais, a empresa está de parabéns, pois o enredo nos entrega momentos vibrantes, emocionais, melancólicos, intensos e reflexivos. Eu simplesmente adorei acompanhar a campanha de Clair Obscur Expedition 33.
Personagens e interpretações incríveis
Embora a história geral seja incrível, como mencionei, cheia de reviravoltas e momentos emocionantes que nos deixam boquiabertos, nada disso seria possível sem a interpretação impressionante de cada um dos atores que dão vida aos personagens.
Gustave, Maelle, Lune, Sciel, Monoco entre outros que encontramos na aventura, possuem personalidades únicas que cativam e geram empatia muito rapidamente.
Desde o senso de dever para com a expedição de Lune, até os momentos de brincadeira entre Gustave e Maelle, cada interação foi muito bem pensada e escrita.
Além dos principais que integram o grupo e conduzem a história, outros como Verso e Renoir são apresentados mais adiante e são igualmente insanos, pois trazem aquele ar de mistério e levantam questionamentos que nos deixam na ponta da cadeira sedentos para entender tudo que está acontecendo.
Tudo isso foi possível graças ao grande elenco que dá vida a esses personagens.
Para que vocês tenham uma ideia melhor, Gustave é interpretado por Charlie Cox, conhecido pelo Demolidor do Universo Marvel, Jennifer English da vida a Maelle, e já esteve em projetos como Baldurs Gate 3 e Elden Ring, Andy Serkis, conhecido por Gollum e inúmeros papéis insanos, faz o Renoir e o Ben Starr, intérprete de Clive no Final Fantasy XVI, da vida a Verso.
Estes são apenas alguns dos grandes nomes que compõem essa história e a tornam tão memorável.
Como funciona o gameplay
Como já mostrado em trailers, o combate presente em Clair Obscur Expedition 33 é no estilo RPG baseado em Turnos, ou seja, cada integrante do nosso grupo e dos inimigos, tem sua vez de atacar.
Embora não seja um dos meus gêneros favoritos, a forma como a Sandfall implementou essas batalhas ficou bem divertida e intuitiva.
Ao explorar os biomas ou o mapa geral, vez ou outra encontramos os inimigos vagando por ali e precisamos encostar neles para que a luta tenha início, ou pressionar R1 próximo a eles para que tenhamos uma vantagem inicial.
Vencendo as lutas ganhamos pontos de experiência e, ao subir de nível, recebemos três pontos de atributos que podem ser distribuídos em Vitalidade, Força, Agilidade, Defesa e Sorte.
É importante mencionar que tanto esses pontos de atributo, quanto o desbloqueio de habilidades, só podem ser realizados diretamente em uma bandeira de expedição, que encontramos em pontos específicos do ambiente que estamos ou do mapa, ou seja, não pode ser feito a todo momento.
Essas bandeiras também servem como pontos de salvamento em biomas que são muito extensos, possibilitando a viagem rápida entre elas.
Cada personagem possui um ataque normal, um inventário para consumir poções e habilidades específicas que consomem pontos de ataque, ou PA’s.
Os ataques normais, além de causar dano, também geram pontos de ataque para uso das habilidades e podem ter efeitos diferentes, como fogo, gelo, raio, entre outros, conforme o tipo de arma equipada.
Em nosso inventário, temos apenas três poções disponíveis, são elas: tintura curativa, que recupera o HP; tintura energética, que concede pontos de ataque e tintura restauradora, que revive um aliado abatido com uma certa quantidade de vida.
Fora das batalhas, temos à nossa disposição o elixir de chroma, que pode ser usado para restaurar a vida do nosso grupo após os embates.
Quanto às habilidades que desbloqueamos, cada personagem possui uma gama bem satisfatória que podemos desbloquear, ao ganhar pontos de habilidade após subir de nível.
Ao usá-las, surge um quick time event e quando apontamos o botão no momento certo, o dano da habilidade usada é intensificado.
Um dos pontos mais legais, ao meu ver, é o fato de cada um possuir mecânicas únicas que influenciam na forma como criamos a composição desses poderes.
Por exemplo, a Lune, nossa feiticeira, possui um sistema de manchas que aumentam o seu dano após usar uma habilidade.
Se usamos um poder de fogo, é gerada uma mancha vermelha; um poder elétrico, gera uma mancha amarela; o de gelo gera uma mancha azul e assim por diante.
Na descrição de cada poder, é mostrado qual tipo de mancha deve ser consumida para que esse ataque seja mais eficaz.
No caso da Maelle, ela tem um sistema de posturas, permitindo que ela alterne entre três diferentes, são elas: a ofensiva, que aumenta o seu dano, mas a deixa vulnerável a ataques; a defensiva, que a torna mais resistente, mas diminui seu dano e a virtuosa, que aumenta seu poder de ataque em 200%.
Cada postura tem ataques selecionados ou condições que as ativam, então é importante ficar atento a esses requisitos para tirar melhor proveito da personagem no combate.
E isso segue para os demais personagens, que também possuem mecânicas únicas.
Pode parecer complexo inicialmente, mas fique tranquilo, o jogo explica minuciosamente como cada um funciona, e após algum tempo, é fácil se acostumar.
O único ponto aqui, que alguns talvez não curtam muito, é o tempo gasto para analisar com calma as habilidades e a melhor forma de usá-las.
Um detalhe importante que esqueci de citar. O nosso grupo é composto por apenas três integrantes por vez.
Temos um total de cinco personagens para usar, que são desbloqueados no decorrer da história, então recomendo que analise bem cada um, e veja o que melhor se encaixa no seu conjunto.
Embora eles possuam mecânicas distintas, o jogo incentiva bastante a coordenação de ataques, onde um personagem complementa o outro, seja pelo uso de efeitos em certos poderes, entre outros.
Eu, particularmente, gostei bastante da forma que os personagens podem auxiliar uns aos outros, criando combos poderosos.
Ainda sobre o gameplay, temos interações em tempo real com o uso do Parry, da Esquiva, e do tiro livre, que são mecânicas cruciais em Clair Obscur.
Durante o turno dos inimigos, ao analisar o tempo dos seus ataques, podemos responder na hora com essas duas mecânicas.
No caso do parry, caso tenhamos sucesso, imediatamente realizamos um contra ataque que pode virar o rumo de uma partida.
Com o uso dos pictos, que falaremos logo mais, podemos adicionar alguns recursos a essas mecânicas defensivas, para que gerem PA, por exemplo.
A sensação de acertar um parry, principalmente em ataques inimigos que causam dano em área, é sensacional, pois nesses casos, os três realizam um contra-ataque combinado. É lindo de ver.
Em certos casos, algo que achei um tanto estranho, sendo bem sincero, entender os ataques inimigos e usar o parry pode ser mais eficaz do que usar suas próprias habilidades para vencer.
O tiro livre, que podemos ativar como cada personagem ao pressionar L2, é bem útil para atingir pontos fracos dos inimigos, causando dano sem perder o nosso turno.
No entanto, cada uso desse ataque consome pontos de ataque, que também são necessários para as habilidades especiais de cada um, então é preciso administrar bem esse recurso.
Agora sobre os pictos, que mencionei há pouco, nós podemos encontrá-los ao explorar e derrotar certos inimigos.
Estes recursos, quando equipados em nossos personagens, concedem pontos de atributo como ataque, defesa, vida e agilidade, além de uma vantagem específica que pode ser usada em combate.
Cada boneco pode equipar até três pictos por vez e, ao realizar quatro lutas com um picto ativo em qualquer um dos personagens, ele é dominado, de forma que possamos habilitar sua vantagem para todos utilizando pontos de lumina, sem a necessidade de equipá-lo.
Todos integrantes do nosso grupo iniciam com um certo número de luminas para gastar e podemos aumentá-los ao encontrar pedras de lumina, que também conseguimos mediante a exploração.
Durante nossa jornada, encontramos vários pictos, fazendo a lista ficar bem extensa em nosso inventário. Em alguns momentos é bem maçante ficar analisando cada um, mas é muito importante reservar um tempo para isso, pois as habilidades que fornecem são cruciais para as batalhas.
Para que entendam melhor, certos pictos podem aumentar nosso poder de contra-ataque, fazer com que tenhamos o primeiro turno ao iniciar uma luta, começar com um maior número de PA’s para uso de habilidades e assim por diante.
Reforço mais uma vez, pode parecer complexo devido a todos esses termos, mas tudo se torna bem familiar após algum tempo de jogo.
A jogabilidade, de um modo geral, possui muitos detalhes para se atentar, mas eu gostei bastante do modo que foi implementado.
Claro, temos espaço para melhora em alguns aspectos, mas nada que comprometa a experiência como um todo.
Outro quesito que eu achei bem legal durante o gameplay, é a possibilidade de customizar a roupa e o cabelo de cada personagem.
Durante a nossa exploração, em certas atividades, ou nos mercadores que encontramos pelo mundo, podemos adquirir diferentes penteados e vestes para todos, de forma que possamos alterar livremente a qualquer momento.
Essa foi uma sacada bem legal dos produtores e nós temos algumas roupas e penteados bem peculiares para usar.
Diferentes inimigos e chefes
Cada bioma que exploramos traz diferentes tipos de inimigos, conhecidos como Nevrons, que representam bem a área em que estamos.
Temos inimigos normais, sub-chefes, chefes e até alguns chefes secretos que podem ser encontrados por meio da exploração.
O design de cada inimigo foi muito bem pensado, assim como seus ataques. Os inimigos gigantes são um show à parte e a batalha contra eles é bem intensa.
No entanto, embora tenhamos uma grande variedade de adversários, os mais perigosos são os do tipo Chromium. Até mais que os próprios chefes da campanha principal.
Eles são encontrados em pontos específicos do ambiente e concedem recompensas bem valiosas.
Contudo, esteja preparado, pois alguns, ao menos no meu caso, não consegui vencer logo de cara, sendo necessário evoluir um pouco mais o meu grupo antes de enfrentá-los novamente.
O mapa e a exploração
Após as primeiras horas de campanha, ao finalizar o primeiro bioma, somos apresentados ao mapa do jogo, que traz uma visão mais afastada e ampla dos nossos personagens, dando mais destaque aos locais que podemos visitar.
Fora destas dungeons, é como se tivéssemos um mundo inteiro para explorar e, à medida que navegamos por ele, novos biomas são descobertos, contendo missões paralelas, diferentes tipos de monstros e recursos.
A forma como construíram esse mapa ficou bem legal, pois nos dá uma visão de todo o continente.
Temos lugares que não podem ser acessados logo de cara, sendo necessário a ajuda de um certo personagem que encontramos mais adiante e a curiosidade pode ser bem recompensadora, ao seguir por caminhos diferentes do principal.
Certos inimigos também podem ser encontrados no mapa, inclusive alguns bem fortes que podem nos dar uma boa vantagem nas batalhas vindouras ao derrotá-los, por contribuírem com a evolução mais ágil do nosso grupo.
Trilha sonora também é protagonista
Se tem um ponto que me impressionou bastante no Clair Obscur Expedition 33, foi sua trilha sonora.
Nos trailers divulgados, já é possível notar o esmero da Sandfall ao selecionar cada música.
Porém, ao jogar, fiquei boquiaberto com o quanto as melodias fazem toda a diferença em momentos distintos da história, até mesmo no combate.
Sendo um jogo que possui um foco extremo na narrativa, o impacto causado em cada cena com a música tocada naquele momento, torna tudo ainda mais intenso, grandioso ou emotivo.
Cada bioma que visitamos durante nossa exploração, principalmente os cruciais para o enredo, trazem melodias únicas que se encaixam muito bem com o ambiente.
Foram inúmeras as vezes em que parei em um local, ou não fiz nenhuma ação no combate, durante o meu turno, para curtir a trilha sonora.
Em ocasiões mais emotivas, a combinação da cena com a interpretação dos personagens e a música, fizeram os ninjas cortadores de cebola trabalharem como nunca, se é que me entendem.
Esse aspecto do jogo foi um acerto gigantesco da produtora e sem dúvida é um dos grandes responsáveis por tornar esse jogo tão marcante.
Já aguardo ansioso pela chegada da playlist de Clair Obscur nos streamings musicais.
O nível de dificuldade
Logo quando iniciamos a campanha, podemos escolher as dificuldade história, expedicionário e veterano, que podem ser alteradas a qualquer momento durante nossa jornada.
Eu optei pela dificuldade normal, ainda mais por não estar tão habituado com jogos no estilo RPG por turno.
No entanto, após algumas horas de jogo e uma boa exploração, senti uma certa discrepância com relação ao meu nível e o dos inimigos no caminho principal.
Para que entendam melhor, os Nevrons do tipo Chromium, que mencionei ao falar dos inimigos, são insanamente mais fortes e perigosos do que muitos chefes que encontramos ao seguir a história.
Com as combinações que montei usando as habilidades do meu time, em certas lutas os inimigos normais não tinham a possibilidade de atacar.
Claro, alguns chefes da história são um pouco mais complicados, mas nada que se compare aos monstros que encontramos em missões paralelas.
Isso é algo ruim e que afeta a experiência geral do jogo? Não, mas pode deixar os combates um tanto maçantes e tiram um pouco o incentivo de experimentar diferentes combinações com os personagens.
Sendo assim, em um dado momento da minha jornada, alterei para o nível mais difícil, tornando os embates um pouco mais desafiadores.
Sinto que falta um pouco de balanceamento, talvez, entre os níveis, mas não é nada alarmante também.
Clair Obscur não é perfeito
Embora o gráfico de Clair Obscur seja belíssimo, principalmente em sua construção de mundo, temos alguns pontos negativos que não passam despercebidos.
As expressões faciais dos personagens durante as cinemáticas são impecáveis, no entanto, in-game, nota-se que apenas a boca dos mesmos se movimenta, enquanto o restante do rosto permanece imóvel.
A movimentação dos bonecos é um pouco dura, causando estranhamento de início e é possível notar alguns serrilhados bem aparentes em sua modelagem vez ou outra, principalmente no cabelo em alguns cenários mais claros
Vale a pena?
Clair Obscur Expedition 33 me surpreendeu bastante. Sendo um jogo de RPG por turnos, que não estou tão acostumado, acabei me divertindo mais do que achei ser possível.
A história nos prende a todo momento com seus mistérios e momentos memoráveis, os personagens são incríveis e a construção de mundo é belíssima.
Se você gosta de RPG’s nessa pegada, com uma história rica e cativante, Clair Obscur é uma parada obrigatória, principalmente por estar disponível diretamente no gamepass no seu lançamento.
Caso não seja muito seu estilo, pela jogabilidade implementada, sugiro ao menos que experimente, pois o jogo pode acabar te conquistando da mesma forma que aconteceu comigo.
Clair Obscur Expedition 33 chega para Playstation 5, Xbox Series X|S e PC em 24 de Abril.
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