Phoenix Wright: Ace Attorney é uma série de games em formato visual novel, lançada originalmente em outubro de 2001 para GameBoy Advance, o jogo era originalmente chamada no Japão de Gyakuten Saiban.
Perto de completar 20 anos de existência, a Capcom reuniu os 3 principais jogos da série e lançou uma trilogia remasterizada; Nós do Meia Lua, recebemos uma cópia do jogo para análise e aqui estão nossas principais impressões.
ENREDO
Em Phoenix Wright: Ace Attorney, você controla Phoenix Wright, um advogado recém formado (pelo menos no primeiro jogo) que por algum motivo sempre acaba com um caso escabroso nas mãos. Em cada caso você tem que provar a inocência de alguém e/ou achar o culpado.
Os jogos são em formatos episódicos, com casos isolados que começam e fecham a história ao final de cada episódio, porém, existe uma linha narrativa que liga cronologicamente os episódios. Por isso, jogar os jogos na ordem que a Capcom colocou na trilogia é o aconselhado.
O enredo do game segue a linha de investigação clássica, onde precisamos analisar pistas, locais, testemunhos e questionar os personagens para descobrir a verdade. Em alguns casos nós já sabemos o culpado, funcionando como uma espécie de tutorial, porém, quando a história avança, nos encontramos em situações onde nós questionamos a inocência dos personagens, trazendo momentos de reviravolta no roteiro.
Como em qualquer visual novel o foco do jogo é a narrativa e seus diálogos, que são muito bem construídos, apesar de alguns momentos os casos ficarem um pouco arrastados, quando descobrimos uma nova pista ou uma incongruência no testemunho de algum acusado, é sempre interessante.
Apesar de ser bem linear com pouquíssimas variações (se você perde o caso, dá game over e você tem que começar de novo), e seguir a tendência exagerada dos animes (que pode incomodar quem não gosta do estilo) a história dos jogos é o ponto forte.
GRÁFICOS
A trilogia remasterizada, lançada para todas as plataformas, apresenta uma melhoria dos gráficos, que foram originalmente lançados para GameBoy Advance. Mantendo o estilo anime, porém com animações mais fluidas.
Por ser um jogo com foco em narrativa e diálogo, a direção de arte do jogo cumpre seu papel em dar o tom de anime. Os personagens são carismáticos e os vilões conseguem fazer você passar raiva com suas expressões de cinismo e ironia.
Como em todo bom anime, as personagens femininas são um pouco sexualizadas (lembrando que estamos falando de um jogo que foi criado a 20 anos atrás), entretanto, existem diversas personagens femininas fortes e interessantes no jogo, com toda certeza posso afirmar que elas não estão alí apenas para fan service.
JOGABILIDADE
Recebemos a versão de Xbox One, entretanto, o porte do game que era originalmente para portáteis, para as novas plataformas, foi feito de forma muito parecida. A Capcom soube otimizar os controles para a nova geração, deixando o game de fácil acesso e com algumas modificações disponíveis para o jogador, como velocidade do texto por exemplo.
O game é jogado em menus, com foco na leitura de itens, diálogos e exploração de ambiente. Ao chegar em uma cena de crime, por exemplo, você poderá analisar o ambiente, passando uma “lupa” pela tela, nos locais onde a lupa fica amarela, podemos clicar para que o personagem faça um comentário ou descubra uma pista sobre o caso.
Podemos viajar entre locais para conversar com Npcs, descobrir pistas e receber e encontrar itens que serão essenciais para a hora do julgamento. Ao terminar de explorar, e montar tudo para o caso, o jogo vai para o tribunal.
Nesta hora, ouviremos as testemunhas e o acusado, podendo fazer perguntas e questionar as afirmações ditas. Isto é feito de forma linear, em poucos momentos podemos escolher o que o personagem vai dizer ou fazer. Porém, é divertido. Temos que ler o diálogo com muita atenção e confrontar com as informações que temos através de itens coletamos ao longo do capitulo. Um exemplo:
Uma testemunha diz que viu o assassino acusado batendo algumas vezes na cabeça da vítima que tentou correr para a direita, porém, se você analisar o laudo de morte, lá vai estar dizendo que a vítima morreu instantaneamente com apenas um golpe, logo, não teve como correr. Ao perceber a incongruência, você deve questionar a testemunha. Ao fazer isso, você chega cada vez mais perto da verdade.
Você tem algumas chances para fazer essas acusações, se fizer as perguntas erradas por diversas vezes, você perde o caso e o jogo volta de um ponto salvo. O que incomoda um pouco neste sistema é a falta de liberdade que você tem em relação ao texto do personagem, por vários momentos eu achei injusto ser penalizado por um questionamento que na minha lógica era completamente válido, porém, como só tem uma linha que o jogo pode seguir, você só avança se fizer exatamente as escolhas corretas, tirando completamente o fator replay do jogo, quando você já sabe o que fazer, o jogo vai ter pouquíssimas variações para te oferecer.
CONJUNTO DA OBRA E CONCLUSÃO
Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy é um prato cheio pra quem gosta de visual novels e anime, porém, pode ser um pouco monótono para os jogadores que não gostam desse estilo de jogo com foco em narrativa e exploração. Para quem não gosta do estilo “galhofa” e exagerado dos animes, o game também pode ser uma experiência negativa. A trilha sonora é boa, mas pode ser considerada por muitos repetitiva.
O jogo é uma grande oportunidade para aqueles que gostam do estilo e não jogaram quando saiu, pois Ace Attorney, apesar de bem popular no oriente, no ocidente passou despercebido para muitos gamers.
Em diversos momentos o game me lembrou o clássico “Where in the World is Carmen Sandiego”, pelo seu clima de exploração e mistério. Se você gosta de uma boa trama, visual anime, reviravoltas e um tom de detetive, esse é o jogo pra você.