Participamos da cabine de imprensa que deu acesso antecipado ao filme “Ameaça no Ar”. O longa de 2025 foi uma das obras afetadas pela greve dos atores em Hollywood, ocasionando o atraso de seu lançamento, que será no dia 23 de janeiro de 2025.
Dirigido por Mel Gibson, o filme retrata a missão profissional e pessoal da agente Madelyn (Michelle Dockery), que é responsável por levar em segurança Winston (Topher Grace), a testemunha chave de uma operação que denuncia um forte esquema de mafiosos. No entanto, a situação rapidamente se torna uma missão de sobrevivência quando o piloto do avião fretado (Mark Wahlberg) mostra não ser exatamente quem se esperava.
Em “Ameaça no Ar”, vemos um desenrolar de acontecimentos extremamente acelerado. Para se ter uma ideia, a trama se desenvolve em aproximadamente uma hora e trinta minutos de duração. Em algumas obras cinematográficas, pouco tempo pode ser o suficiente para que a ideia central seja bem explorada, mas não é o que acontece aqui.
O ritmo corrido faz com que o enredo deixe diversas pontas soltas, comprometendo absolutamente a experiência do espectador. Há situações que não são justificadas ao longo do filme, dando a sensação de que ideias desconexas foram lançadas apenas para preencher o tempo. É necessário ressaltar que em diversos filmes, somos levados a pensar e interpretar sozinhos sobre a história através de acontecimentos que ficam subentendidos e devem ser lidos nas entrelinhas. Mas não é esse o caso em “Ameaça no Ar”: o roteiro parece não estabelecer um elo entre suas informações, fazendo com que a compreensão seja afetada não por um nível alto de complexidade, mas pela baixa exploração de um enredo que poderia ter potencial.
Além disso, os personagens não são devidamente apresentados a ponto de o piloto não ter seu nome sequer revelado, e o que sabemos a respeito de cada um fica restrito aos diálogos internos. Há, durante todo o filme, uma expectativa de que em algum momento sejamos apresentados a outros ambientes, personagens, ou até de sabermos mais sobre a origem dos três componentes do voo, que centralizam todo o tempo de tela, mas essa expectativa é frustrada.
“Ameaça no Ar” não traz muito o que se observar sobre efeitos especiais: parte predominante de sua duração se dá apenas dentro do avião. O espaço restrito pode ser considerado positivo, uma vez que é o que traz ao espectador a tensão através da sensação claustrofóbica. Em alguns momentos temos uma breve retratação do ambiente externo, dando a dimensão da altitude e do quão perdido o avião parece estar, o que traz ainda mais aflição. Entretanto, nos últimos minutos de filme, os efeitos especiais não funcionam: o desfecho traz cenas com baixíssima qualidade visual que não harmonizam com o que é exposto ao longo do filme.
O maior ponto positivo do longa dirigido por Mel Gibson consiste na escolha e trabalho do elenco. O trabalho dos atores responsáveis por interpretar os únicos três personagens que centralizam a trama é um dos poucos fatores que conectam o público à história. Michelle Dockery atua bem como uma personagem capaz de expressar bravura em meio a insegurança, enquanto Mark Wahlberg entrega um vilão totalmente odioso e sádico. Mas o destaque, com certeza, fica para Topher Grace, mostrando a versatilidade de seu trabalho através de Winston. É o personagem de Topher que carrega consigo a veia cômica do filme, porém acrescentando uma boa dose de drama, o que provavelmente irá conectá-lo a maior parte do público.
“Ameaça no Ar”, infelizmente, é um filme “esquecível”. Além da direção de Mel Gibson, a sinopse e trailer de divulgação fizeram com que houvesse uma alta expectativa sobre a qualidade do filme. No entanto, é decepcionante notar que praticamente tudo o que se pode esperar do longa está nesse trailer, que parece ser mais um resumo do que material de divulgação. A ideia central do enredo apresenta potencial e poderia ter sido melhor trabalhada, mesmo que isso demandasse um maior tempo de duração. O longa poderá servir como um bom entretenimento para os mais apaixonados por filmes de ação repletos de situações exageradas, apesar do enredo absolutamente confuso e de cenas repetitivas. Aqui, temos uma fórmula básica de vilão quase imbatível, uma mocinha corajosa e um veículo decadente que parece resistir a qualquer situação: e um total descompromisso com um bom roteiro.
Confira também outras críticas de filmes em nosso site:
Não esqueça de acompanhar nosso canal no youtube e de nos seguir nas redes sociais (todas elas como @meialuafsoco).