Hoje acordei com uma gripe violenta. Após um dia de derrotado no trabalho com febre, espirros, tosse e dores voltei pra casa desejando não sair mais. E foi assim que resolvi jogar Abzû, o game de estréia da Gigant Squid. E posso dizer que por cerca de 2 horas cheguei a esquecer que estava gripado. Isso graças à imersão na realidade onírica que o jogo proporciona, tal qual ocorreu em Journey alguns anos atrás.
É impossível não citar o mais famoso game da Thatgamecompany aqui, afinal é a primeira lembrança que se tem ao jogar Abzû. E isso não é por acaso. Parte da equipe de Journey participou da produção do jogo e, ao ouvir a trilha sonora, facilmente reconhece-se a assinatura do talentosíssimo Austin Wintory.
Trocando o deserto e as montanhas de Journey por um exuberante ambiente aquático, Abzû nos leva a uma introspectiva jornada por meio de um oceano artístico de tirar o fôlego. Sua rica e deslumbrante fauna e flora, bem como a diversidade de cores, iluminações e ambientes, nos motiva a explorar sempre um pouco mais, buscando com muita curiosidade o próximo cenário.
Da mesma forma que Journey, não há uma história definida ou um enredo explicado. Somos desafiados a aprender sobre este novo e imersivo mundo juntamente com nosso protagonista de aspecto humanoide.
Com controles muito simples e acessíveis, somado a uma jogabilidade bastante responsiva, explorar e contemplar o ambiente de Abzû é tarefa extremamente prazerosa.
O leitor, contudo, pode estar se perguntando:
– É possível morrer no jogo? – Não.
– É necessário enfrentar inimigos por meio de combate? – Não.
– Existe algum tipo de boss após cada transição de cenário? – Não, não e não.
– Mas isso então é de fato um jogo? Absolutamente sim. E é também uma obra de arte digital a ser contemplada e interpretada de acordo com as experiências de cada jogador dentro e fora do contexto virtual.
Em comparação a Journey, Abzû é mais sereno e ainda menos desafiador (no sentido de dificuldade). Em compensação, a sensação de liberdade para exploração é maior, uma vez que além da exploração horizontal, existe a exploração vertical dos cenários por se tratarem de áreas submersas. Ainda sobre o gameplay, existem alguns puzzles bastante simples que visam mais forçar o jogador a explorar um pouco mais o ambiente do que se tornar obstáculo a ser transposto.
É importante ressaltar que o objetivo do jogo não é o mesmo da maioria dos games comerciais que vemos por aí. A adição de mais elementos poderia aprofundar sua mecânica rasa, mas ao mesmo tempo alterar a experiência que é proporcionada. Sendo assim, temos aqui momentos alegres e vibrantes, ao mesmo tempo que podemos encontrar locais sombrios e artificiais. Certamente representa uma alegoria passível de diversas interpretações. Desde algo mais óbvio como a produção de tecnologia e intervenção humana sem a preocupação com os ambientes findáveis que não temos contato, até uma jornada reflexiva representando o ciclo da vida e seus sacrifícios para o renascimento da existência.
Para não dizer que não avisei, o jogo é bastante curto. Sem explorar muito é possível termina-lo em cerca de duas horas. E isso não chega a ser um demérito neste caso. Ao contrário, é o formato ideal para que você jogue em uma só tacada e acompanhe esta apoteótica experiência do início ao fim, sem fragmentá-la. Da mesma forma, você pode inicia-la novamente e explorar melhor ambientes que da primeira vez passaram desapercebidos.
Enfim, para simplificar sua escolha em jogar ou não jogo, aqui vai uma dica:
Se você jogou Journey e gostou, então este é um jogo obrigatório, pois certamente Abzû é seu sucessor espiritual. Se você jogou Journey e não gostou, passe longe deste título. E se você não teve oportunidade de jogar o jogo da ThatGameCompany por ser exclusivo dos consoles da Sony, esta é sua chance de ter uma experiência muito próxima.
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